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Você não é igual a ninguém!

Quando você é obrigado há empenhar mais horas, mais esforço, mais recursos e passa por coisas mais penosas que seus colegas, estes podem receber o mesmo reconhecimento que você? Não. Claro que não!

Olá!

Como vocês bem conhecem, sou um observador da natureza humana e nunca me canso de aprender com o comportamento das pessoas, sobretudo no mundo corporativo onde as pessoas de verdade encontram com as pessoas de crachá criando um caldo cultural sempre muito rico.

Esta semana, em particular, passei auxiliando um grande cliente em um processo de fusão de duas áreas, uma situação que por vezes pode ser positiva, mas ainda assim possui componentes certos para criar pequenas explosões. Neste caso em particular correu tudo bem e finalizamos o processo com grande sucesso. Todavia, durante as ações pude observar como o sentimento de pertencimento pode ser útil em algumas situações e pode também criar crenças destrutivas em outros.

Resolvi batizar esta minha descoberta empírica de “mito da igualdade”.

Independentemente de ideologia política, preciso concordar com Karl Marx quando ele define o ser humano como um animal social. Somos sim animais de bando e precisamos de nossos bandos para sobreviver. Este bando pode ser nossa família, nossos amigos, a turma da escola, o time de futebol e logicamente, os amigos do trabalho.

Este último grupo, em particular, influencia diretamente nossa forma de ser a pensar, visto que passamos mais tempo com eles do que com qualquer outro grupo durante nossa vida economicamente ativa.

Quando somos contratados por uma empresa, passamos a fazer parte daquele bando, aceitando a hierarquia, as regras e passando inclusive a nos comportar na forma de pensar, falar e vestir, como os demais membros deste bando. Esta aceitação conforta nossos corações, pois ao sermos aceitos, fazemos parte efetiva do bando e passamos a ser:

  • Reconhecidos;
  • Protegidos;
  • Valorizados.

Três das coisas mais importantes e desejadas de um ser humano.

Ficamos felizes por estarmos “entre iguais” e é nesse ponto que o mito da igualdade causa os maiores problemas, afetando nosso sistema de crenças diretamente.

Uma das crenças mais profundas que temos é senso de justiça. Não existe nada pior para um ser humano do que sentir-se injustiçado. Para alguns com um grau maior de incômodo, a injustiça em relação ao próximo causa a mesma revolta. Agora somemos as duas coisas:

Quando em um grupo social ou bando, estamos confortáveis, pois estamos existindo e coexistindo entre iguais. Ou seja, em nossa forma de pensar eu e meu colega ao lado merecemos o mesmo tratamento em termos de respeito, oportunidades, desafios, reconhecimento e avaliação.

Igualdade de direitos e deveres, visando à igualdade de resultados e recompensas, certo?

Então vamos raciocinar sobre o lado sombrio desta igualdade.

Quando eu sou obrigado há empenhar mais horas, mais esforço, mais recursos e passo por coisas mais penosas que meus colegas, estes podem receber o mesmo reconhecimento que eu? Não. Claro que não. Somos iguais.

Se eu encontro uma solução para um problema que é de todos, mas fiz isto “ralando”, buscando alternativas, quebrando a cabeça e literalmente sofrendo, as demais pessoas do meu grupo podem usufruir dos resultados da minha descoberta, sem ter passado pelo mesmo que passei? Claro que não. Somos iguais.

Meu líder reuniu um pequeno grupo de pessoas e passou as diretrizes estratégicas, solicitando que estas pessoas repassassem ao resto do grupo. Como assim? Não somos todos iguais? Por que não falou direto com todos?

Enfim, a crença de que somos todos iguais cria uma expectativa sobre tratamento, valorização, reconhecimento e igualdade de tratamento que impede as pessoas de compreenderem o princípio básico do relacionamento:

“Todas as pessoas com quem me relaciono são meus clientes”

Passar a entender as pessoas à sua volta como seus clientes e não seus iguais faz com que você compreenda que sim, o resultado de um trabalho pode ser compartilhado e gerar valor para outros.

Sim, meu trabalho pode precisar de mais esforço, pois não sou tão preparado quando pensava e isto em nada tem a ver com meu colega do lado.

Sim, a estratégia da empresa pode ser repassada por meu colega, pois de fato, sou cliente dele e ele precisa realizar esta tarefa.

Para resumir, seu valor como profissional é medido na proporção da opinião de seus clientes, sempre. Acredite em mim, você não é igual a ninguém, todos à sua volta possuem expectativas de valor que precisa atender para manter este relacionamento em alto nível.

Pense nisso.

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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