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Você é Estudante ou Aluno?

Todas as definições para descrever a criança em processo de aprendizagem, giram em torno da ideia de que há um vazio que precisa ser preenchido.

Você é estudante ou aluno? O que o sistema cultiva em cada um de nós.

Você é Estudante ou Aluno?
O que o sistema cultiva em cada um de nós.

Hoje (dia que escrevi este texto), dia 11 de agosto, Dia do Estudante. 

Estudante não é aluno. Embora tantas vezes usemos essas palavras como sinônimos.

Todas as definições que usamos para descrever a criança em processo de aprendizagem, giram em torno de uma ideia muito antiga de que há um vaso vazio que precisa ser preenchido.

Inclusive, a denominação “aluno” procede desse conceito.

A palavra “aluno” tem origem no latim, onde ‘a’ corresponde a “ausente ou sem” e ‘luno’, que deriva da palavra ‘lumni’, significa “luz”.

Portanto, aluno quer dizer sem luz, sem conhecimento.

Essa hipótese é equivocada: as crianças são completas desde que nascem e possuem tudo aquilo que necessitam para viver. A questão é que cada um está cheio de competências, desejos e habilidades diferentes do outro.

Infelizmente, o sistema não entende assim. E exige, com muita veemência, que sejamos todos colocados numa média. Mas só pode existir média, onde há um padrão. E essa padronização faz-se necessária, porque o nosso mundo, tal como ele está estruturado hoje, não sobreviveria por muito tempo a uma grande quantidade de pessoas curiosas, críticas, confiantes e com pensamento autônomo.

Então, nós ensinamos o que a criança acredita sobre ela mesma (e aprendemos isso também quando éramos crianças) deve depender da opinião de um professor, de especialista, de alguém acreditado pelo sistema. Por isso avaliamos constantemente nossos alunos e pontuamos milimetricamente aquilo que falta na criança. Afinal, a economia comercial depende da perpetuação dessa insatisfação.

Porque só consome quem sente falta de algo.

E o que consumiriam pessoas cheias de si mesmas, conhecedoras de seus talentos, individualidades e potencialidades? Pessoas seguras de si, confiantes, sem medo das barbaridades que os meios de comunicação propagam? Pessoas desapegadas, com entendimento e prioridade posta no que realmente tem valor na vida?

Então pensem em tudo que desmoronaria se as crianças não fossem ensinadas a ser dependentes emocional e intelectualmente: os serviços sociais não sobreviveriam, consultores, terapeutas. Eu feliz, estaria sem trabalho.

As redes sociais desapareceriam à medida em que as pessoas reaprendessem a conviver e compartilhar. A televisão desapareceria à medida em que as pessoas fossem reaprendendo a criar sua própria diversão. Restaurantes, indústrias de comidas pré-prontas diminuiriam consideravelmente se as pessoas não dependessem de estranhos para preparar comida para elas.

Construímos um estilo de vida que depende que outras pessoas continuem fazendo o que alguém manda fazer por não saberem como dizer a si mesmas o que deve ser feito: que o professor me diga o que devo estudar, que meu chefe me diga o que fazer no trabalho, um teste vocacional para definir qual vestibular prestar e likes no Instagram pra me sentir valiosa.

A lição das notas das provas e boletins é justamente essa: a de que as crianças não devem confiar em si mesmas, no que sentem e no que gostam de estudar e sabem fazer, mas devem confiar na avaliação de autoridades credenciadas.

As pessoas têm valor, à medida que absorvem e memorizam o que o sistema impõe.

Neste modelo, as crianças são distanciadas dia a dia, milímetro a milímetro dos seus dons e talentos, que nunca estão à altura das exigências dos pais nem da escola, que o seu Ser e Sentir não enquadram em nenhum dos “tem que” do sistema e que para conseguir pertencer (que é uma necessidade básica fundamental do ser humano), vão se moldando, adaptando, anestesiando, descolorindo.

Isso é escolarização. Escolarização é o que o sistema nos impõe. E escolarização não é educação.

A educação é um conjunto de códigos para extrair sentido a partir de dados brutos. E a educação de qualidade pressupõe aprender sobre algo em profundidade.

E o que seria esse “algo”?

Aquilo que a criança tem curiosidade, tem interesse verdadeiro.

Educar, portanto, é um despertar para o estudo.

Estudar é buscar respostas para novas perguntas que surgem a cada dia. Sendo assim, podemos dizer que estudante é todo aquele que tem curiosidade e busca aprender algo novo continuamente. Isso vai além da escola, tem a ver com as lições e descobertas do cotidiano. É o estudante que move a inovação. Não fosse sua inquietude por algo novo e melhor, então não seriamos uma humanidade em constante evolução.

Então, neste Dia do Estudante, te convido a sair do questionamento “Qual é o problema dessas crianças?” e então começar a se perguntar “Qual é a falha do sistema?”.

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a diferença entre estudante e aluno, e o que o sistema cultiva em cada um de nós? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/

Confira também: A solidão da criança em uma sociedade hiperconectada

 

Liz Cunha Author
Liz Cunha é Profissional de Eneagrama, acreditada pela International Enneagram Association, dos Estados Unidos e associada da Awareness to Action, desenvolvendo o Programa Personalities@Work no Brasil. Graduada em Administração com Habilitação em Comércio Exterior. MBAs nas áreas de Gestão de Comércio Exterior, Negociação Internacional e Marketing – pela Fundação Getúlio Vargas. Master Oficial em Administração e Direção de Empresas pela Universidad Pablo de Olavide (Espanha). Possui formações em Personal & Professional Coaching, Executive Coaching e Xtreme Positive Life Coaching, Psicologia Reichiana. Certificações internacionais em Eneagrama Profissional, Liderança e Coaching. Atualmente cursa a Especialização em Biografia Humana. Há mais de uma década estudando o SER humano e em busca do próprio autoconhecimento. Hoje atua como Coach, ministra palestras e workshops voltadas ao desenvolvimento e constante evolução do ser humano.
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