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Mulheres brancas, ricas e famosas também são vítimas de violência

Infelizmente, a violência contra a mulher está presente na nossa sociedade extremamente patriarcal e machista. Entenda a complexidade da violência contra mulheres, destacando como ela afeta todas, independentemente de cor e classe social.

Violência contra a mulher: Não tem cor, status nem classe social! Mulheres brancas, ricas e famosas também são vítimas de violência.

Violência contra a mulher: Não tem cor, status nem classe social!

Mulheres brancas, ricas e famosas também são vítimas de violência.

Essa frase é preconceituosa e embora o tema da violência contra a mulher seja recorrente, ainda meio que normalizamos a violência contra mulheres pretas, pobres e não famosas.

Isso é tão verdade que quando a violência acontece com uma famosa como a modelo e apresentadora, Ana Hickmann, a notícia ganha manchete da grande mídia e o caso viraliza nas redes sociais. Ana Hickmann procurou uma delegacia no dia 11 de novembro de 2023 depois de sofrer violência física que começou com uma discussão na cozinha de casa na presença do filho do casal. Segundo Boletim de ocorrência, a agressão começou com o marido, Alexandre Correa, se irritando, pegando a cabeça de Ana Hickmann contra a parede e apertando a porta de correr contra seu braço quando ela tentou sair e pegar o celular.

O fato ganhou os “trend topics” da internet e vídeos mais antigos mostrando o comportamento agressivo e grosseiro de Alexandre Correa com Ana Hickmann começaram a ser veiculados. Entre imagens e áudios, há um em que Alexandre Correa chama Ana Hickmann de “caveira”, outra em que a ameaça dizendo “é a última vez que vou falar pra você, eu nunca mais vou falar com você…” numa discussão sobre a reforma no jardim da mansão.

Além de alguns vídeos, perfis que vivem de contar histórias de famosos relataram a estranha coincidência de Ana Hickmann ter aparecido várias vezes com algum machucado dizendo ter caído em casa ou de um cavalo.

Entre fofocas e repercussão do caso, fato é que, na grande maioria das vezes, a violência física quando chega a esse ponto é precedida de outras violências que podem ter sido também físicas, mas muitas delas são psicológica, moral e/ou patrimonial.

O parceiro ou parceira, vale ressaltar que a violência também acontece com casais homoafetivos, começa, muitas vezes, com sutilezas do tipo críticas ao corpo ou aparência da mulher, palavras ofensivas, gritos, desconfianças infundadas, perseguição seja querendo ver o celular ou saber cada passo que a mulher dá, manipulação, afastamento dos amigos e parentes, até chegar a tapas, empurrões e, em casos extremos, mutilações, estupro(sim, forçar uma relação sexual sem consentimento mesmo em relações estáveis) e feminicídio.

Segundo dados do Fórum de Segurança Pública de 2022, 28,9% das brasileiras já sofreram algum tipo de violência, o que equivale a 18,9 milhões de mulheres. Deste número, 65,6% são mulheres negras. Alguns estudos também revelam que as mulheres com maior independência financeira e de classe social mais privilegiada tendem a romper o ciclo de violência mais facilmente.

Infelizmente, a violência contra a mulher está presente na nossa sociedade extremamente patriarcal e machista desde a descoberta deste país. Historicamente, a mulher tem sido perseguida, apedrejada e até queimada em fogueiras há milênios. Portanto, quebrar este ciclo não é nada fácil e muito ainda preciso ser feito.

Já avançamos em alguns aspectos, principalmente no que diz respeito a legislação brasileira, mas o poder público e a máquina institucional ainda é bastante incipiente e ineficaz. O número de delegacias da mulher não é suficiente, não cobre todos os municípios da união, não tem profissionais treinados e qualificados para atenderem as mulheres que procuram pelos serviços e proteção.

Um dado que ainda assusta é o de que mesmo tendo direito a medidas protetivas asseguradas pela Lei Maria da Penha, muitas mulheres, e foi o caso de Ana Hickmann dispensam o recurso por medo de retaliações do agressor, vergonha, desejo de proteger os filhos e familiares e por aí vai. Muito comum também é a mulher aceitar o agressor novamente pelos mesmos motivos ou por terem medo de viverem sem um parceiro, uma vez que a sociedade mesmo em pleno século XXI ainda hipervaloriza o casamento e a união conjugal.

Não posso deixar aqui de me remeter ao arquétipo de Perséfone, uma personagem que ilustra muito bem a violência. Perséfone, uma menina, ao passear pelos jardins é raptada por Hades e levada para as profundezas do submundo. Literalmente, levada para o inferno, Perséfone sob a violência daquele que desejou sua juventude, sua beleza e sequestra a sua inocência, a sua vontade de viver. Hades representa aquele que não respeita a mulher como ser capaz de fazer suas próprias escolhas.

O rapto de Perséfone deixa toda a terra triste, cinzenta, fria representados pelos dias de inverno. Esse simbolismo no diz respeito a unidade de que quando uma mulher sofre, todas as outras sofrem também não importa quão distante e desconhecida de você ela seja. Perséfone só é resgatada quando sua mãe consegue fazer um acordo com Zeus que interfere no diálogo com Hades.

Mais uma vez, a figura da mãe e de uma outra mulher que liberta. Neste acordo, entretanto, Hades condiciona a volta de Perséfone ao fato de que ela deve ficar com ele 3 meses de cada ano (simbolizando sempre os nossos infernos). Ao emergir, Perséfone traz consigo a primavera, ou seja, quando a mulher consegue se desvincular de uma relação toxica, violenta e agressiva, ela floresce, desabrocha, se torna fértil, madura e, com ela, os dias ficam mais calorosos e iluminados.

Nesse universo de tantos casos de violência contra todas as mulheres, sejam ricas, pobres, brancas, negras, indígenas, quilombolas, sis, trans, lésbicas, famosas ou pessoas comuns, precisamos resgatar cada uma do inferno que vivem para que possam viver a plenitude de uma vida digna onde impere o respeito e o amor. Que o sol brilhe para todas e na primavera brotem lindas flores.

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Quer conversar mais sobre esse universo de tantos casos de violência contra todas as mulheres? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Cris Ferreira
https://soucrisferreira.com.br/

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Cristiane Ferreira é Coach formada pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, Professora da Fundação Getúlio Vargas com cadeiras em Liderança, Coaching, Inteligência Emocional, Técnicas de Comunicação e Empreendedorismo, Palestrante, Empresária do setor de Educação desde 1991, Graduada em Letras pela UFMG e Pós-graduada em Linguística Aplicada pela UFMG, MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Formada em Inglês pela University of New Mexico, EUA, Apresentadora do Programa Sou Múltipla, Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim, Ex-Presidente da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federaminas (2014/2016), Destaque no Empreendedorismo feminino, recebeu vários prêmios entre eles o “Mulheres Notáveis – Troféu Maria Elvira Salles Ferreira” da ACMinas, troféu Mulher Líder, “Medalha Josefina Bento” da Câmara Municipal de Betim, “Mulher Influente” do MG Turismo e o “Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais”, Comenda Amiga da Cultura da Prefeitura Municipal de Betim.
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