O post Confiança Não Se Conquista – Se Decide apareceu primeiro em Cloud Coaching.
]]>“Confiança é o maior ativo da humanidade — e estamos em déficit. A tecnologia conectou o mundo, mas desconectou as pessoas. Sem reconstruir a confiança entre humanos, nem IA, nem governo, nem mercado nos salvará.”
A tríade da Liderança no século XXI, Yuval Noah Harari.
A frase de Yuval Noah Harari no HSM 2025 ecoa com potência algo que venho observando, acompanhando profissionais em diferentes organizações: a confiança não é algo que se conquista nem algo que se merece. É algo que se decide.
É uma escolha cotidiana, feita nos microgestos: como escuto, como respondo bem como sustento coerência sob pressão. A confiança é o solo invisível que me afasta ou me aproxima na relação, onde florescem a colaboração, o engajamento e o sentido de pertencimento. E, no entanto, podemos estar tentando “construí-la” do jeito errado.
Muitas vezes confundimos confiança com confiabilidade. Confiabilidade fala de previsibilidade: regras, processos, valores, códigos de ética. Ela é importante, mas confiança é outra coisa.
Confiabilidade é cumprir o que prometo, entregar no prazo, estar tecnicamente na expectativa, ela se refere a regras, valores, processos. Quantos líderes você conhece que são impecáveis no papel e ainda assim não geram conexão? Que têm equipes que obedecem, mas não confiam?
A diferença está aqui: confiabilidade mora no fazer certo; confiança mora na conexão consciente. Ela é relacional: nasce da autenticidade, se sustenta na coerência entre sentir, dizer e fazer, e ganha densidade na vulnerabilidade. Cumprir regras me dá credibilidade; ser coerente me torna confiante e único(a).
Se confiança é uma escolha, então ela acontece em três dimensões simultâneas. E é aqui que os microgestos fazem, de fato, toda a diferença.
Lembro de um executivo que se sentia sem poder de ação sobre seu momento profissional. Desmotivado, sem perspectiva. Ao investigarmos, descobrimos que ele vivia fazendo perguntas internas: “Será que minha Diretoria acha o que faço suficiente? Será que tem espaço aqui para ser promovido?” Perguntas legítimas — mas que ficavam presas dentro dele. Ele mesmo dava as respostas, sem nunca as expressar.
O impacto? Quando não me expresso, não me relaciono comigo mesmo. Deixo de ocupar meu espaço. E mais: quando respondo na minha mente as perguntas — perguntas que são para o outro —, então não deixo espaço para a relação acontecer. Não me conecto com possibilidades que só surgem no encontro.
Uma vez que esse executivo se expressou e deixou o espaço para a Diretoria responder, colocou-se em movimento. Novos escopos. Novo sentido. Essa é a magia da confiança: quando me conecto comigo e com o outro, autoconfiança e confiança dada me reconectam, sem dúvida, ao meu potencial e poder de ação.
“Self-trust is the essence of heroism.”
A autoconfiança em si mesmo é a essência do heroísmo. (Ralph Waldo Emerson)
Outro caso me vem à mente: uma equipe de liderança. Ao realizar um diagnóstico sobre confiança, aplicando a metodologia STARTRUST, identificamos que a maioria dos líderes tinha um senso de responsabilidade altíssimo, o que parece ser num primeiro momento uma alavanca para atingir os resultados. Tão alto que assumiam a responsabilidade dos outros — equipe, pares, hierarquia.
Qual o impacto? Quando assumo a responsabilidade dos outros, não deixo espaço para que me ajudem, para que contribuam. Deixo de colocar minhas necessidades, não identifico as capacidades do outro, não solicito para coconstruir. E, por fim, sufoco a relação.
Confiar é ocupar seu espaço e deixar o espaço ao outro na relação. Não é fazer tudo certo sozinho, mas saber onde termina minha responsabilidade e começa a do outro. É resistir ao impulso de “garantir” invadindo o território alheio.
Simon Sinek, autor e pesquisador em liderança, conta a história de Noah, um barman que trabalha em dois lugares. No primeiro, um hotel, Noah se coloca: escuta os clientes, participa, contribui com ideias, é ele mesmo. No segundo emprego, Noah se desconecta: executa tarefas, não se expressa, não contribui. Mesma pessoa. Escolhas opostas.
Por quê? No hotel, Noah percebeu que o ambiente se interessa por ele. No outro lugar, avaliou — consciente ou inconscientemente — que não havia espaço. E se recolheu, deixando assim de se conectar com ele mesmo e os outros.
Aqui está o ponto: confiar é uma escolha que fazemos diante do ambiente. Na maioria das vezes, essa escolha é automática, invisível. Trabalhamos a confiança justamente para que possamos trazer isso à consciência. Estou me desconectando de mim e dos outros porque avaliei que não há espaço — ou porque nem me dei conta?
Não somos neutros. A cada interação, impactamos todas as frentes. E somos impactados por elas. A pergunta essencial não é “o ambiente é confiável?”, mas sim: que escolha estou fazendo aqui? Estou me conectando ou me recolhendo? E isso é consciente?
Trabalhar a confiança é trazer à consciência os comportamentos e escolhas que fazemos — muitas vezes no automático. É perceber: quando me desconecto? Quando invado o espaço do outro? Quando me recolho diante do ambiente sem nem avaliar se há espaço real?
Esse trabalho acontece em todos os níveis e em todas as esferas da vida — do analista ao diretor, do empreendedor ao executivo de multinacional, do barman ao CEO, com os filhos, no casal, os amigos. O denominador comum é o mesmo: confiar é uma prática, não um rótulo. É um jeito de estar em relação que se aprende, se treina, se mede.
No século XXI, reconstruir confiança é um imperativo humano e organizacional. Nenhuma tecnologia — nem mesmo a inteligência artificial — substitui a presença que acolhe, o olhar que escuta, a palavra que honra. Confiar é uma decisão repetida: a engenharia invisível de toda liderança viva.
E então, que escolha de confiança você pode fazer hoje?
Quer saber mais sobre a confiança bem como liderar com presença em tempos de desconexão humana? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Sara Veloso
Coach Executiva ICF | 25+ anos em liderança e RH global
Especialista em confiança, Advisor STARTRUST, Análise comportamental e estabilização emocional
Criadora e Facilitadora do Programa “Liderar pelo Prisma da Confiança”
contato@saraveloso.coach
https://www.linkedin.com/in/saraveloso-ptfr/
Confira também: A Magia das Provas de Escuta: Como Criar Conexões Verdadeiras e Comunicação de Alto Impacto
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]]>Não basta escutar: é preciso fazer com que o outro se sinta escutado para usufruir de uma comunicação realmente influente e engajadora. Quando oferecemos provas de escuta genuínas, então nosso interlocutor tende a se desarmar e a trocar o modo defensivo pelo cooperativo.
As conversas tornam-se mais produtivas, autênticas e menos dependentes de argumentações e justificativas desnecessárias. Ambientes de alta segurança psicológica — onde a confiança predomina — são construídos sobre provas de escuta consistentes.
Como diz Alejandro Jodorowsky:
“Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo e o que você ouve […], o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo”.
As provas de escuta, tanto as dadas quanto as solicitadas, ajudam a reduzir esse abismo e dessa forma permitem verificar se ambos os interlocutores estão realmente sintonizados — “na mesma página”.
Muitas vezes com intenção empática — usamos expressões como “entendi” ou “entendo”. Acontece que não temos lugar de fala para afirmar que entendemos; só a outra pessoa pode decidir, diante da nossa prova de escuta, se realmente se sentiu compreendida. Não basta dizer que entendemos: precisamos expressar O QUE entendemos, para que o interlocutor decide se se sentiu escutado.
Outro padrão frequente — quanto mais percebemos que nosso interlocutor se distancia, mais tendemos a usar perguntas fechadas do tipo “Tá ok?”, “Beleza?”, “Certo?”, “Entendeu?”. Essas expressões não constroem relação; apenas refletem a nossa ansiedade diante do abismo que se aprofunda.
Costumamos delegar ao nosso corpo a missão de mostrar que estamos escutando. O contato visual, o sorriso, a postura corporal, os movimentos de cabeça e as microexpressões são sinais importantes que refletem a elevação do nosso nível de presença e atenção. No entanto, é quando as provas se tornam verbais que ganham todo seu poder.
Diferente da escuta em si, que pode parecer subjetiva e difícil de apreender cientificamente, as provas de escuta verbais são objetivas, mensuráveis e podem ser reproduzidas a partir de padrões de linguagem. É por isso que estão no coração do estudo da escutatória.
Um bom começo é reutilizar as palavras exatas do interlocutor em nossas respostas. Afinal, quais são as palavras que a pessoa mais quer ouvir? O seu nome — e as próprias palavras. O reuso e o espelhamento constroem rapport e sintonia, funcionando inclusive de forma assíncrona (por mensagem ou e-mail). Pense na ferramenta do reuso no WhatsApp que nos permite conectar o momento da resposta ao momento da fala original. Sem ela, acontecem muitos mal-entendidos.
Pois bem, nas conversas olho no olho, é a mesma coisa, o risco de falar de momentos diferentes da conversa é grande. A ferramenta do reuso, além de sincronizar falas e respostas permite exercitar nossa liberdade de conduzir a conversa escolhendo quais palavras do outro queremos focar em primeiro.
Mas atenção: o simples reuso, embora necessário, ainda não é suficiente. Ele não oferece feedback real. Não basta ouvir para entender; não é porque reusamos as palavras do outro que compreendemos o que ele realmente quis dizer. Essa é a armadilha — e a beleza — da subjetividade da linguagem.
Uma prova de escuta é dizer ao outro o que as palavras dele fizeram em nós: escutar a sim mesmo qual foi o impacto do que foi dito e verbalizá-lo de maneira emocionalmente inteligente. Ou seja, uma prova de escuta também é mini feedback que acaba servindo como uma prova de empatia.
Três caminhos para começar:
Provar escuta não é adivinhar o que o outro sente; é dizer o que eu senti diante da história ou das palavras dele. Para isso, é útil desenvolver um léxico emocional que nos permita expressar sentimentos e necessidades de forma assertiva.
Provar escuta é identificar e legitimar o que há de positivo, justo ou verdadeiro na fala do outro, mesmo quando não concordamos. Narrativas que validam a fala do interlocutor fortalecem a relação e a confiança.
Perguntas abertas bem escolhidas colocam o interlocutor no centro, mesmo em situações de tensão. Não é curiosidade invasiva, é se interessar pelo porquê do pensamento diferente. O outro sempre tem boas razões para ter razão. A arte está em acolher essas razões sem precisar concordar ou discordar.
Imaginamos uma fala no ambiente corporativo vindo de um liderado:
“Estou fazendo o que pediram, eu faço minhas contribuições, mas sinceramente parece que tudo já está decidido lá em cima e que não adianta fazer sugestões de melhoria”.
As provas de escuta funcionam como pontes: reduzem distâncias, dissolvem mal-entendidos fomentam a confiança e calçam ambientes colaborativas. Quando damos a nossa escuta, então damos ao outro uma experiência rara: a de ser levado a sério.
Em tempos de pressa, polarização e discursos prontos, desenvolver a capacidade de escutar — e mais ainda, de provar que escutamos — é um ato de coragem e sofisticação relacional. Uma oportunidade para ser uma pessoa, uma mãe, um pai, um profissional diferenciado. Afinal as pessoas florescem quando recebem atenção.
Quer saber mais sobre a escutatória e como aplicar provas de escuta para criar conexões verdadeiras e comunicação de alto impacto? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Thomas BRIEU
https://www.linkedin.com/in/thomas-brieu/
https://www.instagram.com/thomasbrieu_/
Autor do livro “Escutatória” – Link: https://www.h1editora.com/produto/escutatoria-150183
Coautor do livro “Escute Expresse e Fale” – https://encurtador.com.br/31Vwa
Confira também: A Arte de Isolar o Fato do Seu Julgamento
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]]>Olá,
Sou Pauline Charoki, advogada educadora e empreendedora no Brasil há 17 anos. Em 2014, me formei ao método Do It – Escutatória do Thomas Brieu.
Hoje atuo como professora e palestrante, realizo cursos, estudos e vivências em inteligência emocional, psicologia positiva e neurociência, CNV, gestão de conflitos, liderança, venda e comunicação produtiva.
Thomas Brieu e eu somos sócios da DO IT – Escutatória que oferece ferramentas práticas para uma comunicação que seja ao mesmo tempo assertiva e humanizada, exigente e empática, firme e aberta.
Esta coluna, em parceria com Thomas Brieu, revisita a comunicação pelo prisma de quem escuta para promover uma comunicação autêntica que desarma e conecta.
Seja bem-vindo(a)!
Pauline Charoki
‘’ A forma mais elevada da consciência humana é a habilidade de observar sem julgar’’ (J. Krishnamurti)
Para inaugurar esta coluna sobre Escutatória e padrões de linguagem, propomos um desafio simples e poderoso: trocar, de forma consciente, nossos julgamentos por observações. Essa escolha, aparentemente sutil, é a chave para transformar embates em encontros genuínos e autênticos.
De um lado, tem o julgamento: uma análise, uma avaliação. É a nossa visão particular do mundo, nossa interpretação independente se está certo ou coerente com a realidade.
Do outro lado, tem a observação: uma descrição, usando palavras que o outro não vai contestar. Descrever o ato, a cena de tal forma que quem escuta poderia desenhá-la.
O exercício diário é aprender a não expor julgamentos mas apenas descrever a situação, o que incomoda ou agrada. Observar sem avaliar.
A observação é fundamental na resolução de conflitos porque ela faz a diferença entre o que é E o que eu penso.
A descrição de fatos contribui para a aproximação de perspectivas entre pessoas que pensam diferente e diminui assim a resistência em ouvir o outro.
O olhar de cada um é relacionado com as vivências dele. São essas interpretações diferentes do mundo que também geram conflitos. Ter consciência e aceitar isso é o primeiro passo.
Uma vez tendo consciência e aceitando isso, como explorar o mundo particular da outra pessoa?
Com curiosidade genuína, fazendo perguntas para entender a motivação/intenção da pessoa por trás de um comportamento que, a princípio, você não entende.
Isolar o fato permite falar do mesmo evento vivenciado juntos, começando portanto com um acordo.
É mais fácil ouvir “essa semana observei que você chegou terça e quinta com 1h de atraso.” em vez de “você se atrasou muito essa semana.”
Ou “quando cheguei em casa às 20h, vi roupas espalhadas no chão e pratos sujos na pia” em vez de “estava uma bagunça quando cheguei.”
O julgamento na sua cabeça é natural, ele fala a respeito do que sente e sente falta naquela. Não é para ignorá-lo, é para olhar para ele e então decidir ”colocar na prateleira” para escolher expor outras palavras.
Palavras que serão melhor escutadas pelo seu interlocutor. Porque comunicação se trata do impacto de como eu falo.
Porque a escuta se fecha diante do julgamento.
Quando julgamos, colocamos o outro na defensiva.
Quando observamos, criamos um ponto de partida comum — um solo compartilhado para a conversa continuar.
Na Escutatória, aprender a diferenciar observação de julgamento é uma das primeiras práticas para transformar reações impulsivas em respostas conscientes.
Vou dar alguns exemplos de uma avaliação que se torna uma observação:
O que você percebe nessas frases de observação?
A observação é um convite à colaboração enquanto o julgamento gera cobrança e reação.
Se essa reflexão fez sentido pra você, então compartilhe nos comentários:
Qual situação recente teria mudado se você usasse uma observação em vez de um julgamento?
Quer saber mais sobre como diferenciar observação e julgamento pode transformar sua comunicação? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Pauline Charoki
https://escutatoria.com
Não deixe de acompanhar a nova coluna Escutatória & Padrões de Linguagem Colaborativos.
O post A Arte de Isolar o Fato do Seu Julgamento apareceu primeiro em Cloud Coaching.
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