Shifting x Visualização no Coaching: Escapismo ou Ferramenta de Sucesso?
Nos últimos anos, uma prática chamada shifting vem ganhando popularidade entre os jovens, especialmente nas comunidades online. O termo, que vem do inglês “shift” (mudança), refere-se a uma técnica mental que, segundo os praticantes, permite “mudar” a consciência de uma realidade para outra. A ideia é que, através de visualizações, meditações ou roteiros mentais, seja possível experimentar uma realidade diferente daquela em que a pessoa efetivamente vive.
Isso significa mudar mentalmente para um universo alternativo, permitindo experiências em lugares fictícios, como o universo de filmes, séries ou até mesmo mundos imaginários criados pelo praticante. E, embora o conceito do shifting possa parecer ficção científica ou algo espiritual, muitos jovens têm se dedicado a essa prática com seriedade. Plataformas como TikTok, Reddit e YouTube estão repletas de vídeos, fóruns e tutoriais que ensinam como realizar o shifting. Além disso, há inúmeros relatos de experiências pessoais.
Mas, afinal, o que é essa prática e quais são os impactos que ela pode ter na vida dos seus praticantes, especialmente quanto ao desenvolvimento pessoal e profissional?
O shifting é descrito como uma técnica que permite à pessoa mudar para uma chamada “realidade desejada” (desired reality, ou DR).
Em termos práticos, o shifting envolve técnicas de relaxamento profundo, visualizações, frases afirmativas e, em alguns casos, até mesmo o uso de roteiros escritos pelos próprios praticantes, nos quais eles detalham aspectos específicos do ambiente para o qual desejam “viajar”.
Esse script pode incluir quem a pessoa será nessa outra realidade, quem serão as pessoas ao seu redor e, até mesmo, os eventos que irão acontecer. Embora não haja consenso sobre o que realmente ocorre durante o processo de shifting, para muitos, é uma experiência próxima a um sonho, no qual a pessoa tem controle sobre o que acontece, enquanto sente uma espécie de dissociação da realidade.
A prática envolve um nível profundo de imersão mental, e aqueles que a experimentam relatam sensações intensas de realismo e controle sobre o ambiente.
Nos anos recentes, a popularização de teorias de universos paralelos e realidades alternativas, impulsionada por filmes de ficção científica e séries de fantasia, ajudou a criar uma base cultural onde a ideia de “viajar para outra realidade” se tornou intrigante e, para alguns, até mesmo possível. Especialmente nas comunidades online, a comunidade mais jovem adotou o shifting como uma forma de explorar novos horizontes e, ao mesmo tempo, desconectar-se das pressões do mundo real.
Agora, vale considerar que o shifting e as práticas de visualização utilizadas no coaching compartilham algumas semelhanças, mas diferem fundamentalmente em objetivos, métodos e na maneira como impactam os praticantes. Ambos envolvem processos mentais de imaginação e visualização de realidades alternativas ou desejadas, mas suas finalidades e o contexto em que são aplicados são bem diferentes.
Fazendo uma comparação entre as duas práticas, pode-se começar pelo objetivo, que no shifting está associado a uma mudança temporária de realidade.
Praticantes procuram deslocar suas consciências para a realidade alternativa, seja ela completamente ficcional, baseada em universos de fantasia, ou uma versão idealizada do que gostariam que fosse suas próprias vidas. Por outro lado, a visualização no contexto do coaching tem como objetivo principal ajudar o indivíduo a alcançar metas reais e tangíveis.
A técnica de visualização no coaching é adotada como um caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional, pois a pessoa visualiza cenários futuros desejados, como o sucesso em uma apresentação ou a resolução de problemas específicos. O foco dessa prática está em criar um plano de ação, ou seja, o praticante usa a visualização para desenvolver autoconfiança, clareza e motivação, os quais serão aplicados na vida real.
Ao contrário do shifting, que envolve o deslocamento de uma realidade para outra, a visualização no coaching mantém o indivíduo focado na realidade presente, ajudando-o a planejar ações para alcançar o que foi imaginado. O shifting envolve técnicas próximas da meditação profunda e da visualização criativa, enquanto a visualização no coaching é focada em simulações mentais de sucesso em cenários específicos, sendo mais direta e objetiva, conectada com ações no mundo real.
Apesar de estar se popularizando muito entre jovens, adultos e pessoas mais velhas também praticam o shifting, e aí cabe analisar o impacto no cotidiano de seus adeptos. Há relatos de benefícios emocionais, como redução de estresse e aumento da criatividade, após vivenciarem realidades alternativas agradáveis. Contudo, há diversos riscos associados, como o escapismo, que pode levar à dificuldade de a pessoa enfrentar os desafios da vida real, além da possível dependência emocional da prática.
Quando o shifting se torna um meio de fuga constante, ele pode impactar negativamente a produtividade e o desenvolvimento pessoal ou profissional.
Por outro lado, a visualização no coaching tem impacto direto e positivo no desempenho do indivíduo em várias áreas, como no trabalho, em relacionamentos e no bem-estar. Estudos mostram que a visualização, quando usada adequadamente, aumenta a confiança, a clareza e a motivação.
Ao visualizar o sucesso, os praticantes reforçam sua crença nas próprias competências e criam um plano mental que facilita a realização de metas concretas. Como é uma prática voltada para o aprimoramento da vida real, ela raramente provoca efeitos negativos, desde que acompanhada de ações práticas.
Há uma questão essencial a se abordar quando se compara o shifting e a visualização no coaching.
Até o momento, não existe base científica sólida que comprove a existência de realidades alternativas acessíveis por meio da mente humana, como propõe o shifting. Embora possa haver benefícios psicológicos no relaxamento e na criatividade que a prática proporciona, o conceito de “mudar de realidade” é, de fato, amplamente considerado como forma de imaginação ou estado de sonho lúcido. A falta de validação científica coloca o shifting em um campo mais próximo da espiritualidade e do esoterismo.
A visualização no coaching, por outro lado, tem embasamento científico consolidado. Pesquisas em psicologia e neurociência demonstram que a visualização é uma ferramenta eficaz para melhorar o desempenho e aumentar a confiança. Atletas de elite, por exemplo, utilizam a visualização para melhorar o desempenho, enquanto profissionais de diferentes disciplinas a empregam para superar desafios e planejar soluções. A técnica tem apoio da ciência, especialmente na área de psicologia positiva e no desenvolvimento pessoal.
Em resumo, o shifting e a visualização no coaching podem parecer semelhantes à primeira vista, mas divergem bastante em termos de objetivos, métodos, impactos e base científica.
O shifting é voltado para a imersão em realidades alternativas, com forte apelo emocional e, em muitos casos, escapista. Já a visualização no coaching é prática intencional e focada no desenvolvimento pessoal e profissional, com resultados aplicáveis na vida real e embasados em evidências científicas.
No contexto do desenvolvimento profissional, é crucial que os praticantes de shifting entendam que o sucesso no mundo real exige comprometimento, resiliência e foco. Embora a prática possa gerar momentos de alívio e criatividade, é importante não perder de vista a importância de saber enfrentar os desafios diários e de integrá-la de maneira saudável no dia a dia, sem comprometer outros aspectos da vida real.
Cabe a você que é coach, mentor, consultor ou conselheiro conhecer essa nova tendência chamada shifting, estando pronto a conversar e até debater sobre ela com os clientes que levantarem o assunto.
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Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou, então, acesse meu site www.mariodivo.com.br.
Até nossa próxima postagem!
Mario Divo
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