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Sexo frágil transformador!

Você já ouviu “Mulher sexo frágil”, “Atrás de um homem de sucesso, há sempre uma mulher”, “Mulher poderosa e de sucesso é mal-amada”? Inúmeras são as crenças e os preconceitos ainda enfrentados pelas mulheres.

Sou professora em Gestão de Pessoas da Fundação Getúlio Vargas, com cadeiras em liderança, inteligência emocional, Coaching, empreendedorismo e comunicação corporativa. Graduada em Letras e pós-graduada em Linguística Aplicada, morei e estudei nos Estados Unidos no final da década de 1980 e me formei em inglês pela University of New Mexico.

Tive minha primeira escola de idiomas em 1991 e de lá para cá já foram 4 escolas que montei e vendi. Sempre inquieta e apaixonada por novos desafios, vendi minha última escola em 2014 e vivi uma grande mudança na minha vida profissional e pessoal.

Com formação em Coaching e MBA em Gestão de Pessoas, além de ter cursado inúmeros cursos de gestão e empreendedorismo, entre eles o Empretec do Sebrae, fui convidada para lecionar na maior escola de negócios do nosso pais nos cursos de Pós-Graduação e Extensão (CADEMP).

Minha experiência como Empreendedora Social também foi relevante para que me apaixonasse e quisesse me especializar cada vez mais em Empreendedorismo e sobretudo em Empreendedorismo Feminino. No ano de 2009, com mais nove empreendedoras, fundei a Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim (AME BETIM) e desenvolvemos inúmeros eventos e projetos de capacitação da mulher empreendedora e fomento dos seus negócios.

Em 2014, fui convidada para assumir a presidência da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federação das Associações Comerciais do Estado de Minas Gerais (FEDERAMINAS). Este trabalho social deu à Associação muita visibilidade e recebi vários prêmios, entre eles o destaque como Liderança Feminina do Troféu Mulheres Notáveis da Associação Comercial de Minas Gerais (ACMINAS) e o Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais.

Essa coluna nasceu do desejo de compartilhar com outras mulheres empreendedoras e, desejo, que com homens empreendedores também um pouco das minhas reflexões, pesquisas e experiências ligadas ao Coaching e ao Empreendedorismo.

O meu trabalho como Coach tem sido extremamente gratificante principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de mulheres empreendedoras que desejam sair do estado que estão, muitas vezes de uma certa estagnação, por carregarem crenças e atitudes que lhes limitam por não reconhecerem suas potenciais diferenças enquanto mulheres.

Você deve estar se perguntando porque uma coluna com este título, Mulheres Empreendedoras, assim como eu inúmeras vezes me perguntei e até questionei o papel das feministas e a importância das discussões de gênero. Fato é que inúmeras são as crenças e os preconceitos que ainda enfrentamos. “Mulher sexo frágil”, “Atrás de um homem de sucesso, há uma mulher.” , “Toda mulher quer casar e ter filhos.”, “Mulher poderosa e de sucesso é mal-amada”… E por aí vai. Infelizmente, muitas das vezes acreditamos, reforçamos e multiplicamos essas afirmações para nossos filhos e filhas. O machismo parece ser mesmo como a hemofilia que se manifesta no homem, mas é a mãe que transmite.

Interessante é observar que a mulher aparece, tanto nos relatos bíblicos, quanto históricos como figura sempre transformadora e marcante. Vários são os episódios em que a presença e a força da mulher é determinante e seu papel fundamental, principalmente no que diz respeito às grandes mudanças, conquistas e revoluções mundiais. Entretanto, a figura da mulher ora é apresentada como a pecadora, a sedutora, ora como a heroína. Em gênesis, a mulher surge como aquela que seria a “ajudadora” e ironicamente é ela também quem leva Adão a cometer o pecado. Apesar de tudo isso, Eva é também a primeira e, portanto, a mãe de todos nós.

Nicolau Berdiaeff, personagem do clássico “A Divina Comédia” de Dante Alighieri, que viveu entre os anos de 1265/1321, numa de suas páginas em Beatriz de Dante, profetizou que “na sociedade futura, a mulher desempenhará um importante papel … Ela está mais ligada do que o homem à alma do mundo, às primeiras forças elementares, e é através da mulher que o homem comunga com essas forças…Não será a mulher emancipada nem aquela que se tornar semelhante ao homem a que terá um papel importante a desempenhar no futuro da história, mas sim, o eterno feminino.”

Jung, psiquiatra, psicoterapeuta, pensador suíço, que viveu entre os anos de 1875/1961, afirmava que “a anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem, como, por exemplo, os sentimentos e humores instáveis, a sensibilidade ao irracional, a inerente capacidade de amar, a faculdade de sentir a natureza e, finalmente, embora não menos importante, as relações com o inconsciente.”

Na sua obra, O ócio criativo, Domenico di Masi, afirma que a era que vivemos, classificada de “Pós Moderna”, é a era do que é definitivamente a era do feminino; a era da atividade intelectual criativa que valoriza a estética, a riqueza do detalhamento, a emotividade, a subjetividade, a empatia, a resiliência, a intuição e a multifuncionalidade, ao contrário da era industrial que valorizava as características meramente masculinas como a força física e bruta, a produtividade, a agressividade, a extrema competição, entre outras. Domenico acredita que porque as mulheres têm conquistado espaços e têm maior escolaridade média que os homens, em breve dominarão a maioria dos segmentos de mercado e os poderes. Ele diz que “Caminhamos para uma sociedade em que a mulher é considerada à altura do homem. Isso aconteceu não por bondade do homem. As mulheres souberam lutar para impor essa realidade.”

Entretanto, muito ainda temos que lutar e espaços conquistar. Os últimos dados do IBGE e do IPEA de pesquisas de gênero, mostram que 38.7% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres, um aumento de 10% em uma década; 89,9% das mulheres desenvolvem atividades domésticas contra apenas 39,9% dos homens e mais interessante ainda que em famílias com filhos homens, as mães trabalham uma média de 33,8 horas semanais contra apenas 10,3 horas dos pais. Apesar da mulher ter escolaridade de quase 1 ano a mais que a do homem, a mulher ainda ganha salário em média 26% menor que do homem que exerce a mesma função. E mais triste ainda é quando vemos os números ligados à violência contra a mulher. Entre os anos de 1980 e 2010, quase 91 mil mulheres foram assassinadas, sendo que 56% das mortes são causadas por força corporal ou espancamento sem nenhum tipo de arma e que 49,15% dos homicídios têm o cônjuge como autor.

E o que tudo isso tem a ver com empreendedorismo? Hoje, diria que sou uma Empreendedora Feminista convicta. Primeiro, sou feminista porque acredito que precisamos parar de ter medo ou nos rotular negativamente quando são as feministas quem realmente lutam pelos direitos da mulher e pelas igualdades política, social e econômica dos sexos. Segundo, porque vejo o empreendedorismo como a mais poderosa atividade econômica que gera independência, autonomia e flexibilidade para a mulher. Empreender no seu próprio negócio tem sido transformador para milhares de mulheres que conseguem mudar positivamente não só a sua própria realidade como também a de outras pessoas e, em muitos casos, de comunidades inteiras. Para muitas mulheres, principalmente as de situação de risco, o empreendedorismo é a única saída porque o emprego é inatingível e indisponível. Além disso, ao abrir mão de alguns benefícios que a CLT oferece, a mulher opta por ter mais flexibilidade de horário que lhe permite dar maior atenção e assistência aos filhos, o que é benéfico não apenas para ela própria e sua família, mas para toda a sociedade porque os filhos criados pela mãe mais perto e mais presente têm menos probabilidade de se envolverem com atividades ilícitas e de risco.

Nesta coluna, quero compartilhar com você um trabalho e uma pesquisa que venho fazendo e me dedicando que envolve os vários mitos e personagens femininos. Meus primeiros estudos estão ligados aos sete arquétipos femininos e como influenciam os nossos comportamentos. Conhecer esses personagens nos traz a luz dos registros que carregamos no nosso DNA e no inconsciente coletivo. A partir daí, entendemos como se consolidam as crenças e o fundamental papel do Coaching no combate às crenças que nos limitam e nos impedem de avançarmos em direção de tudo o que ainda temos para conquistar como mulheres poderosas que podemos e devemos ser.

Esses estudos têm me inspirado e reiterado aquilo que venho há alguns anos defendendo. Nós, mulheres, precisamos urgentemente conhecer o máximo de nosso potencial e valorizá-lo para que possamos efetivamente ser agentes transformadoras de uma cultura. O Coaching é, nesse aspecto, um dos mais importantes processos de desenvolvimento humano capaz de potencializar esse feminino transformador. E esta transformação, a meu ver, só acontecerá de forma sustentável, harmônica e consolidada quando nossas atitudes estiverem em sintonia com a verdadeira natureza feminina que valoriza o belo, a paz, a igualdade, a fraternidade, a benevolência, a justiça, a generosidade, a união e, acima de tudo, o amor, a si própria e ao outro.

Cristiane Ferreira é Coach formada pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, Professora da Fundação Getúlio Vargas com cadeiras em Liderança, Coaching, Inteligência Emocional, Técnicas de Comunicação e Empreendedorismo, Palestrante, Empresária do setor de Educação desde 1991, Graduada em Letras pela UFMG e Pós-graduada em Linguística Aplicada pela UFMG, MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Formada em Inglês pela University of New Mexico, EUA, Apresentadora do Programa Sou Múltipla, Fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim, Ex-Presidente da Câmara Estadual da Mulher Empreendedora da Federaminas (2014/2016), Destaque no Empreendedorismo feminino, recebeu vários prêmios entre eles o “Mulheres Notáveis – Troféu Maria Elvira Salles Ferreira” da ACMinas, troféu Mulher Líder, “Medalha Josefina Bento” da Câmara Municipal de Betim, “Mulher Influente” do MG Turismo e o “Mérito Legislativo do Estado de Minas Gerais”, Comenda Amiga da Cultura da Prefeitura Municipal de Betim.
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