
Semana Nacional da Conscientização sobre o TDAH: Celebrando Cérebros Visionários
A Semana Nacional da Conscientização sobre o TDAH, instituída pela Lei nº 14.420/2022, é mais do que um marco legislativo — é um convite à empatia, à escuta e à transformação. Em vez de reforçar estigmas, que tal celebrarmos os potenciais únicos das pessoas com TDAH, especialmente dentro das organizações?
De Transtorno a Talento: A proposta do TDAH Visionário-Dirigido
Durante décadas, o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) foi tratado como uma falha — um obstáculo à concentração, à disciplina e à produtividade. Mas e se estivermos olhando pelo lado errado do microscópio? E se, em vez de um “transtorno”, estivermos diante de um perfil neurológico visionário?
É exatamente isso que propõe o educador e psicólogo Thomas Armstrong, ao cunhar o termo V-DADD (Visionary-Driven ADHD) — uma abordagem que convida a sociedade a enxergar o TDAH como uma fonte de criatividade, inovação e pensamento disruptivo.
Armstrong critica o modelo tradicional de diagnóstico, que foca em sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade. Para ele, esses traços não são defeitos — são expressões de um cérebro que opera em múltiplas frequências, captando estímulos, ideias bem como conexões que escapam à maioria.
“Estamos rotulando como distúrbio aquilo que pode ser genialidade em estado bruto.” — (Thomas Armstrong)
O conceito de V-DADD propõe que pessoas com TDAH são movidas por uma força interna visionária. Elas não apenas pensam fora da caixa — elas vivem fora da caixa, questionando normas, reinventando caminhos e enxergando possibilidades onde outros veem limites.
O cérebro como estúdio criativo
Imagine o cérebro como um estúdio de criação. Enquanto alguns operam com foco em uma tela por vez, o cérebro V-DADD funciona como uma sala cheia de telas, sons, ideias e estímulos simultâneos. Pode parecer caótico — mas é nesse caos que nascem as grandes inovações.
Pessoas com V-DADD são como DJs mentais: mixam pensamentos, emoções e percepções em tempo real. Às vezes, o ritmo é acelerado demais para os padrões convencionais. Mas quando bem canalizado, esse ritmo pode mover multidões.
Em vez de tentar “normalizar” o funcionamento cerebral, a neurodiversidade propõe cultivar os talentos únicos de cada perfil neurológico. No caso do TDAH, isso significa:
- Valorizar a energia criativa em vez de suprimir a hiperatividade;
- Estimular a curiosidade natural em vez de punir a distração;
- Reconhecer a intensidade emocional como fonte de empatia e conexão.
Neurodiversidade nas organizações: inclusão que gera inovação
A neurodiversidade é um conceito que reconhece que cérebros funcionam de maneiras diferentes — e que essas diferenças são naturais e valiosas. Pessoas com TDAH, autismo, dislexia, entre outras condições, trazem formas únicas de pensar, resolver problemas bem como criar soluções.
Portanto, incluir pessoas neurodivergentes nas empresas é uma estratégia de inovação e inteligência coletiva. Quando bem acolhidas, essas pessoas contribuem com:
- Soluções criativas e disruptivas;
- Foco em detalhes e padrões incomuns;
- Pensamento sistêmico e analítico.
Por outro lado, ambientes que não reconhecem essas diferenças podem gerar exclusão silenciosa, esgotamento e perda de talentos valiosos.
Como promover inclusão real para pessoas com TDAH nas empresas?
Nas empresas, o modelo V-DADD pode, sem dúvida, transformar a forma como lideranças enxergam e gerenciam talentos neurodivergentes. Em vez de tentar encaixar essas pessoas em moldes rígidos, é preciso criar ambientes flexíveis, estimulantes e seguros.
Por exemplo, algumas estratégias práticas são:
- Design de funções criativas e dinâmicas para aproveitar a energia e inventividade;
- Feedbacks construtivos e frequentes, com foco em reconhecimento e autonomia;
- Ambientes com liberdade de movimento e expressão, sem microgestão;
- Uso de ferramentas como CliftonStrengths, para mapear talentos naturais e criar planos de desenvolvimento personalizados;
- Adotar práticas de liderança inclusiva, baseadas no desenvolvimento dos 6 Cs da Liderança Inclusiva da Deloitte — como coragem, curiosidade e inteligência cultural — para criar espaços seguros e acolhedores;
- Oferecer adaptações sensoriais e cognitivas, como ambientes com menos estímulos, flexibilidade de horários e comunicação clara;
- Formar líderes conscientes e empáticos, que saibam ler o invisível, escutar o não-dito bem como valorizar contribuições fora do padrão.
Conclusão: diversidade cognitiva é potência organizacional
O conceito de V-DADD nos convida a fazer uma mudança de paradigma: sair da lógica do controle e entrar na lógica do cultivo. Em vez de tentar “consertar” cérebros que funcionam diferente, devemos celebrar e potencializar essas diferenças.
Pessoas com TDAH não são “distraídas demais” — muitas vezes, são atentas ao que ninguém vê. Não são “impulsivas” — são movidas por paixão e propósito. Não são “hiperativas” — são cheias de energia criativa que pode transformar o mundo.
A inclusão de pessoas neurodiversas nas organizações é um imperativo estratégico. É hora de transformar rótulos em reconhecimento, e diferenças em diferencial competitivo.
Se diversidade é ser convidado para a festa, e inclusão é ser chamado para dançar, talvez o TDAH Visionário-Dirigido seja o som que inspira novos passos — livres, autênticos e brilhantes.
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Quer saber mais sobre como as organizações podem transformar o TDAH de rótulo limitante em motor de inovação e criatividade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar com você!
Kaká Mandakinï
Fundadora da DivA Diversidade Agora! e ativista por uma vida mais maravilhosa para todas as pessoas
https://www.diversidadeagora.com.br
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