
Responsabilidade Afetiva: O Que É, Como Praticar e Por Que Importa
Olá,
Nas últimas semanas circularam notícias que me levaram a este tema, a primeira se refere ao casamento “lavanda”, prática que historicamente era adotada por homossexuais não aceitos e/ou outro mecanismo de conveniência sexual e que, na atualidade, vem ganhando força entre os jovens, especialmente devido a fatores como a crise econômica, a pressão social para seguir padrões tradicionais de relacionamento e a busca por alternativas à monogamia.
A segunda notícia é que o Tinder, conhecido aplicativo de relacionamentos, anunciou uma ação inusitada que chamou a atenção nas redes sociais: um caminhão de lixo temático, criado especialmente para recolher lembranças de relacionamentos passados. A iniciativa faz parte da campanha “Move On” do Tinder Índia, que incentiva os usuários a seguirem em frente após términos amorosos.
E a terceira é a febre dos bebês “reborns”, bonecos realistas que parecem um ser humano. O nome “reborn” — renascida, em inglês — reflete esse processo artesanal na criação do brinquedo, que angaria vários colecionadores, com práticas que vão desde cuidados diários até simulação de parto, festinhas e tudo que seria feito para um bebê humano.
Todas essas notícias remetem a um mundo onde não há vínculos e onde o afeto é descartável e não há responsabilidade afetiva.
Para quem não está familiarizado com o termo, responsabilidade afetiva é o cuidado e a atenção que temos ao nos relacionar com as pessoas, levando em consideração os sentimentos, limites e necessidades delas.
Trata-se de assumir a responsabilidade pelos nossos atos e pelo impacto que eles têm nas pessoas ao nosso redor, agindo com respeito, honestidade e empatia, buscando sempre manter uma convivência saudável e harmoniosa. Citando o célebre autor Antoine de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe, “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Ou será que não é bem assim?
A chave para atuar com responsabilidade afetiva é a boa comunicação.
Sempre comunique seus sentimentos e intenções de forma honesta e transparente dando clareza, evitando assim mal-entendidos. Nas relações, preste atenção às necessidades e limites da pessoa com quem você está se relacionando, e respeite os limites dos outros.
Além disso, demonstre interesse genuíno pelo que a outra pessoa fala e valorize o que ela sente, escutando ativamente, de forma empática, acolhendo as emoções e reações. Reconheça quando errar e disponha-se a aprender e melhorar.
Todo relacionamento precisa de investimento de tempo e energia e exige paciência e compreensão. Trata-se de um processo contínuo que envolve evolução e aprendizado. Além disso, é essencial investir em autoconhecimento, pois ele possibilita reconhecer e respeitar seus próprios limites — algo fundamental para manter relações saudáveis.
Responsabilidade afetiva é sobre assumir o seu papel quanto às expectativas criadas em um relacionamento de qualquer tipo. Afinal de contas, não é certo estimular um relacionamento, expor sentimentos, planejar continuidade e, do dia para a noite, romper esse vínculo.
A responsabilidade afetiva é um ato que envolve conversas racionais entre adultos que planejam se relacionar de alguma maneira. Retribuir os sentimentos não é obrigatório, no entanto, é um erro e uma irresponsabilidade levar a pessoa a acreditar que existe um vínculo quando não há. Nesse aspecto, a responsabilidade emocional se aplica de maneira mais ampla, enquanto a afetiva se refere aos relacionamentos amorosos, a emocional tem a ver com todo tipo de relacionamento e comportamento.
Assim, essa conduta de responsabilidade afetiva também pode estar presente nas relações com colegas de trabalho. Ela se manifesta na forma de respeito, empatia e cuidado com os colegas, contribuindo para a criação de um ambiente mais saudável e colaborativo.
Tratar os colegas com consideração, ouvindo suas opiniões e respeitando suas diferenças. Manter um diálogo aberto, transparente e gentil, evitando mal-entendidos e conflitos desnecessários. Além disso, é importante compreender as dificuldades ou emoções dos colegas, oferecendo apoio quando necessário. Priorizar o bem-estar coletivo, ajudando a criar um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo. Ao praticar esses princípios, você contribui para um ambiente de trabalho mais saudável, onde todos se sintam respeitados e valorizados
A partir dessa definição, também é bom questionar isso ao outro: o que você espera da relação?
Esse alinhamento de expectativas fará com o relacionamento caminhe sempre na mesma direção não importa qual seja o acordo, deve-se cumprir o que foi combinado. Nada é pior do que ver a quebra da confiança no relacionamento e os laços sendo rompidos. Psicologicamente, o abalo pode ser significativo.
Se há dificuldades para agir com responsabilidade afetiva, uma alternativa é refletir sobre os próprios sentimentos e compreender a causa desses comportamentos. Lidar com eles é essencial para evoluir. A falta de compreensão dos próprios sentimentos pode impedir de agir de forma clara e sincera, tornando mais difícil lidar com emoções que não estão bem esclarecidas. Por outro lado, conviver com uma pessoa segura de si e que sabe o que busca pode ser reconfortante. No entanto, é importante ter cuidado para não se impor demais, já que todo relacionamento requer concessões e ajustes.
O termo responsabilidade afetiva se aplica também em contextos jurídicos.
Ele se refere à obrigação de reparar danos morais ou outros prejuízos causados por atos ou omissões que violam os direitos de personalidade ou o bem-estar emocional de alguém. Isso vale para relações familiares, de trabalho ou mesmo em situações de rompimento de relacionamento.
Trata-se da responsabilidade civil por danos não patrimoniais, ou seja, danos que não resultam em prejuízos financeiros, mas sim em sofrimento, angústia ou outros prejuízos emocionais. Aplica-se em casos de abandono afetivo, ghosting, violência doméstica, assédios morais, discriminação e outros. A responsabilidade afetiva é importante porque visa proteger o direito à dignidade da pessoa humana, o bem-estar emocional e o direito à convivência saudável.
O termo responsabilidade afetiva tem se expandido na sociedade. Ele reforça a importância de ser transparente com os próprios sentimentos e com os dos outros. Essa transparência possibilita cultivar relações saudáveis e equilibradas em diferentes tipos de relacionamentos — amorosos, familiares, entre amigos, com colegas e parceiros de trabalho.
Infelizmente, o que mais vemos atualmente são pessoas que não se preocupam com a responsabilidade emocional e a carência de vínculos transformando as relações em descartáveis e, muitas vezes, abusivas. Trata-se da famosa frase: “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Trata-se disto em todos os âmbitos da vida e a capacidade de resolver conflitos de forma construtiva.
Podemos dizer que a responsabilidade afetiva é um dos pilares de qualquer relacionamento.
Trata-se de respeito e empatia pelo outro, quando falta responsabilidade afetiva, é preciso reconhecer que você não tem a capacidade de controlar a outra pessoa, mas pode se expressar como se sente em relação ao comportamento dela. Muitos danos podem ser causados pela falta de responsabilidade afetiva, como baixa autoestima, abusos e complexo de inferioridade, entre outros transtornos psicológicos.
Se você se encaixa em algum desses contextos, está na hora de buscar uma ajuda mais eficaz. A terapia pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com a falta de responsabilidade afetiva, abordando vários aspectos emocionais e comportamentais que estão minando seus relacionamentos.
Chega de sofrer ou de fazer o outro sofrer. Todos nós desejamos relacionamentos felizes e saudáveis em todos os âmbitos da vida. Vamos lá?
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Quer saber mais sobre quais atitudes demonstram responsabilidade afetiva em diferentes tipos de relacionamento, e por que essa prática é essencial para vínculos saudáveis? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar!
Mônica Barg
https://www.monicabarg.com.br
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