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Quem precisa de Coach para aprender a exercer sua sexualidade?

Nas últimas semanas a discussão sobre movimentos, como o Redpill, que pregam a desigualdade de gênero cresceu na mídia. O que nos leva a uma reflexão: por que tanto ódio?

Quem precisa de Coach para aprender a exercer sua sexualidade?

Quem precisa de Coach para aprender a exercer sua sexualidade?

Nas últimas semanas a discussão sobre movimentos, como o Redpill, que pregam a desigualdade de gênero cresceu na mídia. O que nos leva a uma reflexão: por que tanto ódio?

Redpill, MGTOW, incels, chans, sigma, manosfera, misoginia, ditadura ginocêntrica, machosfera, misandria, termos que ocuparam a mídia nas últimas semanas, desde o episódio que envolveu o coach Thiago Schutz (Movimento Redpill) e a atriz e roteirista Livia La Gatto. Não sei quanto a você, mas eu não conhecia nem metade dessas palavras.

A primeira pergunta que me faço é: Coach? Como assim? Trabalho há mais de 15 anos com essa profissão e posso afirmar que não faz sentido. Vamos lá! Coaching é um processo que utiliza conhecimentos e ferramentas de diversas disciplinas para conduzir uma pessoa a alcançar um objetivo específico – o que acontece entre o ponto de saída e o ponto de chegada, a caminhada que promove as mudanças, é o Coaching. É preciso estudar muito para efetivamente trabalhar como Coach. Não apenas dizer que é. Porque não se trata de opinião pessoal. Nem de adestramento.

Segunda pergunta: Coaching de masculinidade? Quer dizer que um homem precisa aprender a ser homem; uma mulher a ser mulher; uma pessoa LGBTQIa+ a ser quem é? Ou ainda um ser humano aprender a “ser humano”? É como dizer que um gato precisa aprender a ser gato.

Qual o significado dessas palavras?

Antes de refletir, talvez seja bom entender o que significa cada palavra citada acima:

  • Misoginia. Essa é fácil porque está em nosso vocabulário há anos. Literalmente significa ódio às mulheres. Mas tem sido usada também para traduzir desprezo e preconceito;
  • Misandria. Está na moda: aversão ou desprezo das mulheres pelo sexo masculino;
  • Manosfera ou Machosfera ainda não são termos muito usados. Referem-se a comunidades de homens que discutem a masculinidade e podem propagar ideias misóginas que rejeitam a igualdade de gêneros;
  • Ditadura ginocêntrica é um termo que sugere a existência de uma opressão das mulheres sobre os homens nas relações sociais e afetivas;
  • Redpill, ou pílula vermelha (referência a Matrix – despertar para a realidade) é um movimento que afirma que as mulheres estão oprimindo os homens, e que eles precisam cair na realidade, e reagir com autoridade;
  • MGTOW ou “Men Going Their Own Way”, outro dos movimentos em defesa da masculinidade, baseia-se no argumento de que as mulheres são gananciosas, manipuladoras, egoístas, e propaga cultura de ódio contra elas;
  • Incels são os celibatários involuntários (involuntary Celibates) que se identificam como incapazes de entrar num relacionamento romântico e culpam as mulheres por essa situação, expressando ódio e alimentando preconceitos;
  • Sigma são os homens solitários (lobos solitários) que não se conformam com as normas sociais e procuram viver à margem delas, de maneira individualista, afastando-se dos grupos;
  • Chans são os fóruns, ambientes online onde os usuários publicam de modo anônimo sobre vários assuntos polêmicos, a maioria das vezes usando linguagem ofensiva e violenta. Como sobre as mulheres, por exemplo.

Nada disso é novo: é que só vimos agora

Na verdade, nós, mortais anônimos, fomos surpreendidos ao descobrir esse universo. Mas não é nenhuma novidade. Os movimentos chamados de masculinistas começaram na década de 70, quando a luta pelos direitos femininos se intensificou. Os homens se sentiram ameaçados em seu poder e formaram o primeiro grupo para defender os direitos dos homens, o “National Coalition of Free Men”, nos Estados Unidos. De lá para cá, só aumentou em várias vertentes.

A princípio, nada errado. Pelo menos na minha opinião, já que a fragmentação da sociedade criou categorias perpetuando estereótipos de gênero, raça, cor, origem, identidade sexual, classe social, religião… Enfim, diferenças – e lutar pela igualdade, pelo fim da marginalização, me parece certo. O que me parece errado e doentio é fazer disso uma cruzada contra todos que são diferentes, através do ódio e da violência.

Se olharmos para a história podemos ver quanto mal esses movimentos podem fazer: milhões de pessoas foram mortas em cruzadas, genocídios, limpezas étnicas, guerras, atentados: tudo em nome das diferenças baseadas em crenças pessoais, na verdade única como guia.

O problema do mundo começa com o indivíduo

Ao falar sobre Hitler e diagnosticar os ditadores em entrevista ao psicólogo Howard L. Philp, em 1939, C.G.Jung, psiquiatra, disse a frase acima. Mais ainda, que:

“O homem em paz consigo mesmo, que se aceita, contribui com uma soma infinitesimal para o bem do Universo. Tratem de vossos conflitos privados e pessoais, e estarão reduzindo em um milionésimo de milionésimo os conflitos mundiais”.

Durante séculos as mulheres foram tratadas como seres inferiores, usadas, descartadas, violentadas, mortas. A supremacia masculina é histórica, indiscutível e, até hoje, realidade em muitos países.

Todas as vezes que vejo alguma notícia sobre sociedades que, em pleno século XXI, ainda são organizadas dentro dessa estrutura, sinto uma dor profunda porque, para mim, homens e mulheres têm a mesma importância em todos os aspectos da vida. Aliás, o ser humano só existe pela junção do óvulo (feminino) com o espermatozoide (masculino). Será que não é óbvio que todo homem nasce de uma mulher?!! Para que essa guerra sem sentido se a existência precisa de ambos?

Violência contra mulheres. E homens?

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apenas em 2022, mais de 18,6 milhões de mulheres sofreram algum tipo de agressão física ou verbal. A mesma pesquisa mostrou também que mais de 33% das mulheres brasileiras já foram vítimas de violência praticada pelo companheiro – a média mundial é de 27%.

Os movimentos masculinistas estão trazendo para discussão que a violência doméstica contra os homens também existe, por parte de suas companheiras ou companheiros. Fato? Há pouquíssimos dados.

O fato é que todos esses movimentos, que supostamente lutam pelos direitos dos homens, pregam a submissão feminina para resgatar a virilidade. E culpam as mulheres não só pelo modo como se sentem a respeito delas, mas por muitos problemas sociais. O que buscam é a volta de uma sociedade centrada no homem.

O feminismo nunca buscou destruir o masculino

O objetivo do movimento feminista nuca foi atacar os homens, ainda que algumas mulheres tenham expressado sua frustração e raiva por se sentirem oprimidas. A busca era – e ainda é – a igualdade de direitos para combater a discriminação. Uma transformação social para beneficiar ambos e fortalecer respeito e cooperação.

Queimaram sutiãs, fizeram topless, subiram a barra das saias, lutaram pela igualdade dos direitos civis, acesso à educação, participação na política, buscaram uma profissão, saíram para trabalhar… e continuaram a cuidar da casa, dos filhos e dos maridos, na maioria das vezes em jornadas duplas.

E incluíram nessa luta o assédio sexual e a violência dos quais sempre foram vítimas.

Não importa o gênero, a violência é desumana

Conclusões? Nenhuma. Apenas chamar a atenção para a maneira como as pessoas lidam com as diferenças desde sempre. E sobre como as coisas têm piorado, visivelmente no Brasil, mas no mundo todo com a ascensão da extrema direita.

Na Alemanha, por exemplo, o feminismo é o grande culpado pela destruição da família pelo movimento Demo für Alle. Na Polônia o partido político PiS, liderado por uma mulher até 2017, combate a ideologia de gênero e os direitos LGBTQIA+.

Já na Itália, o Partido Irmãos da Itália, que venceu as eleições, rejeita a União Europeia e defende as políticas anti-imigração, além de lutar pela redução dos direitos da Comunidade LGBTQAI+, entre outras políticas reducionistas.

E a ideologia se repete na Suécia, na Hungria e até na França, berço da “Liberté, Egalité, Fraternité” (Liberdade, igualdade, fraternidade), lema da Revolução Francesa que foi o grito da derrubada dos opressores e embalou os últimos séculos.

O que nos resta a dizer, porque nos assusta, é que os movimentos começam pequenos e disfarçados, como o nazismo, e terminam em guerras. O que torna cada vez mais essencial um esforço contínuo, da sociedade como um todo, para combater as desigualdades e a discriminação.

E isso é resultado da autoconsciência e da educação contínua em busca de um mundo mais plural e mais democrático.

Gostou do artigo? Quer conversar mais sobre desigualdade de gênero, ódio, violência, Redpill e outros movimentos? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.

Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br

Confira também: Competência Social: as capacidades importantes na liderança

Palavras-chave: desigualdade de gênero, movimentos Redpill, MGTOW, incels, chans, sigma, manosfera, misoginia, ditadura ginocêntrica, machosfera, misandria, Redpill 2.0
Isabel C Franchon, Coach desde 2008, atua com o Desenvolvimento Profissional e Pessoal voltados para a Carreira, Competências, Liderança, Comunicação Interpessoal, Compliance & Ética e Coaching de Times. Facilita Workshops, Treinamentos e Oficinas em empresas de médio/grande porte através de empresa própria e em parceria com Consultorias de DH. Graduada em Jornalismo, tem MBA em Desenvolvimento Humano de Gestores, pela FGV; Pós-graduação em Transdisciplinaridade em Saúde, Educação e Liderança, pela Universidade Holística Internacional; Especialização em Marketing pela MM School; Formação em Compliance Anticorrupção, pela LEC; Especialização em Metodologia QEMP para empreendedores, pela Clinton Education. Fez formação em Master, Executive, Leader & Business Coach, pelo Behavioral Institute. Certificada em Positive Coaching Com Robert Dilts e Richard Moss. É membro do International Coaching Council (ICC) desde 2008.
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