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Quando a palavra ganha vida, o conhecimento se torna sabedoria e inteligência

Que em 2019 possamos, além de ler mais, dividir nossos conhecimentos sobre o que lemos. Que tenhamos mais humildade e noção social.

Durante as férias eu fiz uma das coisas que mais gosto, que é ler. E a cada página virada um pensamento complementava a experiência literária, pensamento este que ampliava o conhecimento das palavras do livro: não é suficiente apenas ler para se ter conhecimento, ou melhor, para se ter um conhecimento sábio. É necessário dar vida ao conteúdo que os livros nos proporcionam para extrair o máximo de conhecimento daquele material.

Quando digo em “dar vida” me refiro a colocar aquelas ideias que nos foram apresentadas em debate, em discussão, em suma, compartilhar com outro ser humano e aplicar no plano real das experiências sociais. Apenas desse jeito poderemos ser seres inteligentes, ou seja, na minha concepção filosófica de inteligência, conhecimento ou bagagem de conteúdo somado à sabedoria. Portanto a sabedoria, também na minha concepção filósofa, é a capacidade de abstração onde tentamos entender uma lógica/conhecimento/informação diferente ou oposta do que aquelas que estudamos ou com a qual fomos criados. Ou como se diz popularmente, a capacidade de “nos colocarmos no lugar do outro”.

Quando realizamos essa abstração nós despersonificamos o nosso conhecimento, ou seja, não nos apegamos apenas no nosso entendimento, permitindo que se realize críticas como também elogios, que se adicione ou retire algumas ideias novas sobre aquele tema ou até mesmo que se apresente uma concepção tão diferente e esclarecedora que o nosso entendimento é revolucionado por este novo apresentado.

Para tornar mais palpável o que quero dizer basta ir ao método científico. Ele nada mais é do que pegar algo que se acha verdadeiro e colocar à prova de todos os tipos para ver se aquele algo, depois de passar por essa prova, continua se sustentando como verdade. Se esse algo for uma ideia, uma teoria social ou comportamental se comprova a necessidade de o ser humano viver em sociedade para que seja sábio e para que evolua sempre em busca da verdade.

O que estou dizendo aqui não é nada além do que dizia Sócrates ao defender o método do diálogo e se opor aos sofistas na Grécia antiga. Porém, hoje, vemos que a humanidade perdeu totalmente os ideais socráticos mínimos para o convívio e evolução humana. Quando se tem o conhecimento não se tem a humildade e a noção social para que se tenha sabedoria, tornando-se apenas um conteudista egoísta, arrogante e ignorante. E, no pior dos casos, não se tem nenhuma das atribuições, nem o conhecimento objetivo sobre aquilo que se fala e muito menos a humildade para debater.

O governo brasileiro está na posse do último grupo com muito poucos dos primeiros. Nada diferente da sociedade brasileira, nós estamos cada vez mais preocupados com likes e fotos das redes sociais, com a ultra vaidade do corpo e com a satisfação de todos os nossos desejos. Mas nunca o ser humano tomou tanto antidepressivo e ansiolítico. Claro que isto está acontecendo no mundo todo, é chamado o fenômeno da pós-verdade. Mas vejo saída.

Que em 2019 possamos, além de ler mais, dividir nossos conhecimentos sobre o que lemos. Que tenhamos mais humildade e noção social. Podendo para isso apelar para qualquer meio: religioso, moral, político ou familiar e etc. Desde que nos tornemos mais humildes e conseguirmos debater com respeito nossas ideias diferentes, iremos começar a caminhar rumo à evolução.

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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