
Pulsar da Vida: O Ritmo de Cada Um e Sua Conexão com o Mundo
Vivemos em um pequeno planeta do sistema solar, sujeitos a um ritmo considerado universal, um conceito presente em várias áreas, englobando a física, a astronomia, a filosofia e a espiritualidade. No universo, observamos padrões e ciclos rítmicos em diversas escalas, desde a expansão cósmica e a rotação das estrelas até os movimentos das partículas subatômicas.
No âmbito científico, alguns exemplos de ritmos cósmicos incluem: ciclos estelares e planetários, ritmos galáticos, ondas de rádio misteriosas, leis herméticas e ciclos naturais.
Em resumo, a existência de um ritmo universal é um conceito que pode ser explorado em diferentes perspectivas, envolvendo a ciência, a filosofia e a espiritualidade com o objetivo de compreender os padrões e ciclos que permeiam o universo e a vida.
Esse pulsar da vida está mais próximo de nós do que imaginamos e tenho uma experiência para contar.
Recentemente, ao realizar uma turma do nosso curso de Branding, chamado MPB – Master Personal Branding, realizado com minha amiga Daniella Bautista, convidei meu amigo Ronaldo Bitello para uma abordagem sobre identidade, marca pessoal e sensibilidade para cada um perceber seu próprio RITMO pessoal e os necessários ajustes em nossa música interior, nosso equilíbrio e harmonia para nos adaptar melhor ao nosso entorno, buscando sintonia com nossa empresa bem como com grupos sociais, família e as pessoas com as quais convivemos.
Bitello tem um trabalho que realiza já há alguns anos com instrumentos de percussão, treinando pessoas que desejam aprender e tocar em uma bateria de carnaval ou apenas se divertir. Ronaldo é uma pessoa culta, formado em engenharia e apaixonado pelo desenvolvimento humano.
Seu trabalho, chamado Academia de Bateria de Rua, que tem levado para as empresas em seus congressos, treinamentos e convenções, além de curioso é muito interessante e impactante.
São inicialmente apresentados os instrumentos de percussão: a caixa, o repique, o tamborim, o chocalho, o timbau, a cuíca, o agogô, o pandeiro, o reco-reco, todos associados a um papel específico e único no conjunto musical. O destaque vai para os surdos, aqueles “bumbos de som grave”, que representam o pulsar da vida e das emoções e dá o ritmo condutor da música; uma simbologia perfeita para a nossa necessidade de afinar nosso tambor para que possamos ter equilíbrio no compasso do dia a dia.
Em seguida, é lançado o desafio para os participantes, em especial àqueles que nunca tiveram a oportunidade de conhecer ou tocar esses instrumentos, e a promessa de que poderiam tocar e praticamente formar uma escola de samba ali em minutos.
Nessa hora, a surpresa e euforia então tomaram conta da sala, com diversas expressões de incredulidade, uns dizendo que não era possível, outros que não conseguiriam e até aqueles que não sabem nem tocar campainha ou bater palma nos parabéns a você.
Na sequência, após a distribuição dos instrumentos, algumas orientações, iniciando com o surdo que marca o tempo, depois inserindo os outros instrumentos, como caixa, chocalho e tamborins, cada um com uma levada diferente, mas dentro de um compasso comum a todos. Houve ajustes de ritmo, de intensidade das batidas das baquetas e de volume do conjunto.
Perguntas e respostas de repique. Depois de um pouco de ensaio, com harmonia conduzida pelo mestre Ronaldo Bitello, surge então uma música ritmada e acompanhada pelos instrumentos. Um show impressionante, diante do espanto e surpresa dos participantes. E a inovação não está nas oficinas de percussão em si, mas na sensibilidade em respeitar o tempo de cada um, semeando uma confiança contagiante e que aflorou em todos de forma imediata.
A analogia com características da vida e das crenças foi inevitável.
Primeiro, a de que somos capazes; em seguida, a de que temos um ritmo pessoal e, se quisermos algo equilibrado e harmonioso, devemos ter a sensibilidade para alinhar nosso ritmo pessoal ao dos outros participantes e do compasso da música tocada.
Todos ficaram encantados pela experiência de participar de uma bateria, tocando seu instrumento e produzindo uma música, gerando assim mudanças de crenças.
Curiosamente, pesquisei de que maneiras essa analogia com o ritmo, a música, a harmonia e a integração de pessoas poderia ser utilizada no contexto das organizações em seus cursos, congressos e seminários, por exemplo.
E assim, algumas dessas possibilidades surgiram:
1. Gerar sincronia de equipes
O sucesso de uma equipe depende da atenção, escuta ativa, respeito ao tempo do outro e colaboração rítmica, habilidades — sem dúvida — fundamentais em equipes de alta performance.
2. Alinhamento com o Ritmo da Empresa
Cada empresa tem seu próprio ritmo. Aprender a percebê-lo e ajustá-lo aos objetivos e valores da organização é exatamente como um músico se ajusta ao compasso do grupo e da música.
3. Comunicação Não Verbal
Tocar em grupo exige comunicação sutil por meio de olhares, gestos e escuta. Isso reforça a importância da comunicação não verbal no ambiente profissional.
4. Marca Pessoal
Cada participante pode imprimir sua própria “batida”, demonstrando como a autenticidade e a identidade são fundamentais em qualquer atuação profissional.
5. Integração e Quebra de Barreiras
Participar de uma atividade musical em grupo reduz resistências, aproxima pessoas de diferentes setores e níveis hierárquicos, promovendo empatia e união.
6. Ritmo Interno e Autogestão
Ao tocar, é necessário equilibrar o próprio ritmo pessoal com o do grupo, uma metáfora para autoconhecimento, inteligência emocional e autorregulação no ambiente de trabalho.
7. Criatividade e Improvisação
A percussão permite explorar sons, movimentos e criações espontâneas, despertando a criatividade e a inovação, habilidades essenciais em tempos de transformação. Ensina também a lidar com o erro como parte do processo de aprendizagem.
8. Liderança e Escuta
Tocar em grupo exige saber liderar e seguir o fluxo do grupo. Um bom líder sabe quando marcar o ritmo e quando se integrar ao coletivo.
9. Diversidade e Inclusão
Cada instrumento tem seu som, e todos são importantes para a harmonia final, a exemplo de uma empresa, na qual talentos diversos compõem o sucesso do todo.
10. Vivência Lúdica com Propósito
A música gera prazer e diversão, sem perder a profundidade nos aprendizados. É um jeito eficaz de promover soft skills de maneira memorável.
11. Redução de Estresse e Bem-estar
Tocar instrumentos rítmicos é uma atividade que ajuda a liberar tensões, focar no presente e promover saúde mental, algo cada vez mais valorizado nas empresas, ainda mais agora com um foco em NR01, propondo uma atenção às questões relacionadas a ambientes saudáveis e combate às doenças mentais.
12. Transformação Pessoal e Coletiva
No fim da vivência, a exemplo do que aconteceu em nosso curso, muitos se surpreendem com sua própria capacidade de tocar. Isso gera confiança e mostra que, juntos, podemos realizar de fato o que parecia impossível.
13. Valorização do Tempo Presente
A prática musical exige presença e atenção plena. Isso ajuda os participantes a se desconectarem de distrações e reconectarem com o agora, um dos pilares do bem-estar corporativo.
A proposta musical com percussão participativa se encaixa também em áreas mais profundas de mudança de mentalidade, team building, transformação pessoal e organizacional. Além disso, é uma ferramenta potente para provocar reflexões sobre cultura, identidade, inovação e propósito.
Na realidade, a utilização de instrumentos de percussão, ao longo da história, das linhas filosóficas e religiosas nos remetem a níveis transcendentais mais profundos e merece uma atenção especial para quem deseja ampliar seus conhecimentos, pois carrega significados profundos relacionados à espiritualidade, à conexão com o sagrado, à ancestralidade e à criação de estados de consciência alterados ou meditativos.
Abaixo, relaciono alguns ritmos, instrumentos e significados espirituais em diferentes tradições religiosas, com ênfase no papel do grupo de percussionistas, a saber:
- No Candomblé e outras religiões de matriz africana, os instrumentos atabaques, agogôs e xequerês, marcando toques sagrados que evocam orixás;
- No Hinduísmo, o mridangam, o pakhawaj, a tabla, o dholak, os címbalos pequenos e damarus, que acompanham cantos devocionais;
- No Islamismo e sufismo, o Daf (pandeiro), o bendir e a tabla persa, gerando estados de êxtase;
- No Cristianismo Afro-brasileiro e Pentecostal, pandeiros, tambores, bongôs e congas, usados para louvor, dança e fervor espiritual, além de órgãos tubulares e sinos, marcando momentos litúrgicos e representando a voz de Deus;
- No Budismo tibetano e japonês, o Moktak (bloco de madeira), tambores do Taiko e gong, com som expansivo representando a infinitude do universo;
- No Xamanismo e tradições indígenas, o tambor de pele animal representa o batimento cardíaco da mãe Terra, e paus de chuva e maracás representam elementos da natureza, cura e conexão ancestral;
- No Judaísmo, tof (pandeiro/tambor), shofar (chifre de carneiro), como chamados a reflexão ou em celebrações cerimoniais.
Diante da importância desse tema, “O pulsar da vida, o ritmo de cada um”, fica uma proposta de reflexão:
Você conhece seu próprio ritmo pessoal? Como está sua música interior? Até que ponto você influência ou é influenciado pelo ritmo de outras pessoas ou da cultura da sua empresa?
Fica o convite para você afinar seu tambor interior e para que sua voz possa ser ouvida e faça a diferença, como instrumento de transformação na música e no mundo a sua volta.
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Quer saber mais sobre o Pulsar da Vida e descobrir de que forma o seu ritmo pessoal influencia — ou é moldado — pelos ambientes e pessoas ao seu redor? Então, entre em contato comigo pelos meus contatos abaixo. Terei o maior prazer em responder.
Reinaldo Passadori
https://www.passadori.com.br/
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