
Posso Ajudar Sem Prejudicar? Respeitando o Tempo do Outro
“A vida tem sua própria sabedoria. Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que têm que acontecer de dentro para fora.” (Rubem Alves)
A reflexão de Rubem Alves espelha o eterno dilema da culpa, causadora de conflitos pessoais, que a maioria das pessoas sente ao se deparar com a necessidade do outro.
Digo culpa porque quantos de nós nos sentimos culpados quando, na verdade, não o somos por mazelas que em sua maioria nem soubemos como aconteceram?
No entanto, o que é que nos faz tentar ajudar o próximo sem ao menos refletir sobre as causas do seu desespero?
Seria a compaixão um caminho de duas vias?
Seria mesmo compaixão ou medo de que o mesmo nos aconteça?
A sensação de que o perigo está próximo pode nos afetar a ponto de não discernirmos se a ajuda que pretendemos dar é resultado de alguma emoção mal resolvida em nosso EU ou se ela é realmente necessária e profícua para aquele que a necessita?
Rubem Alves nos mostra a importância de se observar, se nossa ação em prol do bem de outrem é realmente pelo bem ou se será prejudicial ao desenvolvimento pessoal daquele a quem julgamos ser necessária a ajuda.
Como podemos ensinar àqueles que necessitam de ajuda qual a melhor opção para a sua vida?
Afinal, a vida é do outro e, muitas vezes, nos antecipamos, mesmo que o outro não tenha demandado ajuda, como se o que pensamos ou avaliamos fosse o melhor para aquele Ser, que pode até mesmo ser nosso desconhecido.
Em meu entendimento, que também pode estar equivocado, a melhor opção de ajuda é o diálogo sincero entre as pessoas. Esse diálogo serve tanto para os que necessitam de apoio quanto para aqueles que ajudam.
Os nossos pensamentos se coadunam com as nossas vivências. Estas são subjetivas e intransferíveis. Por essa razão, ao trocarmos ideias, os pontos convergentes desses pensamentos podem ajudar tanto um como o outro a entenderem melhor a razão do desconforto de quem oferece ajuda, bem como de quem a recebe.
Enfim, no emaranhado entre os que são socorridos e os que socorrem, pode-se encontrar o sentido da vida de um quanto do outro. Isso acontece desde que não se tente transformar o socorrido naquele que pensamos ser a melhor versão para o seu sucesso pessoal.
Tudo isso porque ajudar ao próximo é se dar a chance de transformar a vida da outra pessoa, bem como a chance de transformação da vida daquele que ajuda.
Antecipar o crescimento do outro denominando ajuda pode ser a destruição de alguém que ainda não terminou de florescer.
Respeitar o tempo de cada pessoa é não prejudicar o seu desenvolvimento.
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Quer saber mais sobre como respeitar o tempo do outro para que o crescimento aconteça de forma genuína? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Luísa Santo
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