
Plebiscito de Ideias: Quando o Valor Está em Construir Juntos
O que é um plebiscito?
Utilizamos o plebiscito quando conceitos antagônicos divergem categoricamente sobre o que é melhor para todos.
O plebiscito acontece quando o povo vota em uma regra de forma democrática e, depois, o parlamento a referenda como regra para todos.
Inicio este texto dessa forma para que fique mais clara a minha intenção ao falar de plebiscito de ideias.
Para isso, coloco uma questão que está conectada com os nossos conflitos pessoais diante das mazelas que nos afligem diuturnamente:
Como podemos categorizar o que é melhor para todos, se cada pessoa vivencia suas questões cotidianas de forma diferente?
Subjetivamente, a visão dos fatos para cada pessoa sempre está de acordo com o que mais se assemelha aos seus desejos, anseios, necessidades, interesses e, sobretudo, como se formou a sua personalidade ao longo de sua vida.
Esta é a razão pela qual não podemos esquecer que, em cada etapa de nossas vidas, o objetivo de cada um se torna diferente com o decorrer do tempo.
Por outro lado, se as ideias de um jovem estão calcadas em sua pouca vivência, seu ideal de mundo é basicamente subjetivo.
Certamente, o mundo real, quando for adulto, apresentará a ele novas ideias sobre o que será melhor para si, uma vez que o que pensa deverá estar de acordo com suas necessidades e interesses.
Nesta fase, as obrigações são prementes e quase sempre inquestionáveis. Encarar a realidade, para alguns dos novos adultos, faz com que se sintam oprimidos diante dos fatos que se apresentam.
No entanto, como os acontecimentos são subjetivos, o olhar debruçado sobre cada assunto será diferente daquele que, até o momento presente, parecia ser idêntico para todos.
Encarar a vida sem as benesses da puberdade, mesmo que esta, muitas vezes, tenha sido confusa, pode se tornar um fardo bastante pesado.
O tempo passa e os já adultos se veem diante de questões ainda mais preocupantes, e percebem que o decorrer do tempo não lhes permite mais vacilar diante de determinados acontecimentos, eis que esses se impõem e emergem em suas emoções sob o véu de um certo medo. Para alguns, ao enfrentar os dissabores incontestáveis, enxergam o novo caminho como uma nuvem escura.
Enquanto para aqueles que já passaram por esse processo conflituoso, os dissabores são solucionáveis, independentemente das dificuldades que se apresentam.
É nesse contexto que me ocorre o plebiscito de ideias.
Sabe-se que as ideias são, muitas vezes, absolutamente disparatadas, porém não menos valiosas que aquelas consideradas coerentes e racionais de acordo com a maioria.
O que podemos pensar sobre o invento da primeira bicicleta?
As rodas eram absurdamente diferentes; no entanto, essa ideia primária foi a que nos trouxe a atual bicicleta.
Por que não imaginou o inventor desse meio de locomoção uma bicicleta com as rodas iguais?
Será que ele ouviu uma ideia diferente sobre sua bicicleta?
Não sabemos, porém, assim como em outras invenções, a primeira ideia — aquela que antecede todas as demais — quase sempre é a mais complicada.
Será que é porque temos o hábito de pensar e repensar o problema em vez de buscar, de imediato, um pensamento sobre a solução?
Todo problema ou conflito pode ser resolvido, desde que busquemos um resultado melhor ou, talvez, mais propício para aquele momento.
A questão é: é notório que, naturalmente, todos querem que sua ideia prevaleça, e isso é o que, na maioria das vezes, acarreta mais conflitos.
Ser o autor de uma ideia, assim como a pedra preciosa encontrada em sua forma bruta, é importante; porém, o valor da pedra e o seu brilho serão maiores depois de ser essa pedra lapidada.
Assim são as ideias em todos os contextos. A nossa primeira ideia pode e deve ser lapidada para chegar ao melhor que se pode.
E isso será ainda melhor se aproveitarmos todas as outras ideias que surgirem com o decorrer do tempo, o que nos possibilitará desenhar e construir uma nova ideia, aprimorada em todos os sentidos, desde que realmente ouvida por todos.
Portanto, torna-se desnecessário o plebiscito de ideias quando podemos unir as melhores sugestões e, com elas, encontrarmos o denominador comum a todos em qualquer conflito. Para isso, o mais importante é a coerência, lealdade, honestidade e verdadeira vontade de resolver aquilo que importuna a todos, para que a nova ideia seja referendada.
Escolher e cumprir o que foi prometido com a nova ideia é o dever daqueles que a escolheram, pois só assim demonstrarão a importância do seu livre-arbítrio na busca das soluções advindas das sugestões construídas para o bem comum.
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Quer saber mais sobre como transformar divergências em pontes de entendimento e construir soluções coletivas? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Luísa Santo
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