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PIB – Os números que contam apenas parte da história…

Mergulhe na análise crítica do PIB do Brasil em contraste com indicadores de bem-estar e desigualdade social. Junte-se à reflexão sobre como alinhar crescimento econômico com qualidade de vida para todos.

PIB - Os números que contam apenas parte da história...

PIB – Os números que contam apenas parte da história…

No final do ano, tivemos a noticia de que o Brasil saltou para o nono lugar entre as economias do mundo, ficando à frente do Canadá e um pouco abaixo da Itália. Com um PIB nominal de US$ 2,13 trilhões em comparação com o Canadá com um PIB estimado de US$ 2,12 trilhões.

No ano passado estávamos na 11ª. posição, segundo projeções do FMI até 2026 passaremos os italianos, ficando em oitavo lugar, com algo estimado em US$ 2,476 trilhões.

Motivos para comemorar?

Antes de seguir com o texto e com as comemorações, importante entendermos o que essas três letrinhas representam e o que não representam.

O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em um dado período. “O PIB mede a saúde econômica de um país, sua taxa de crescimento e é usado para comparar o desempenho econômico entre países”, afirma Maurício Takahashi, professor de Finanças, Economia e Métodos Quantitativos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mas não é uma medida de bem-estar econômico, pois não leva em conta fatores como desigualdade de renda, qualidade de vida e impactos ambiental da produção.

Faz sentido agora por que estamos na frente do Canadá (10º) e de países como Austrália (14º.), Holanda (18º.) e Suíça (20º.)?

O crescimento do país é positivo, claro, mas números nunca são absolutos. Precisam sempre serem vistos juntos de outros indicadores. E procurando, encontramos vários que tiram qualquer entusiasmo que essa nona colocação – ou mesmo uma oitava – poderia trazer.

De acordo com o Instituto Trata Brasil, apenas 54,8% da população brasileira tem acesso à coleta de esgoto adequada. Isso significa que mais de 45% da população brasileira vive em áreas onde o esgoto é despejado sem tratamento em rios, córregos ou oceanos. Ou seja, quase metade dos brasileiros estão expostos a doenças como diarreia, cólera e disenteria. Em termos de posição, ocupamos o 112º lugar no ranking das infraestruturas de saneamento.

O Brasil também precisa avançar muito em Educação.

Mas mesmo um índice básico, como a alfabetização, apresenta problemas. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a taxa de alfabetização da população acima de 15 anos é de 98,3%.

No entanto, esse índice é mascarado por uma grande desigualdade. Enquanto a taxa de alfabetização das pessoas brancas é de 99,3%, a taxa de alfabetização das pessoas pretas é de 93,7%.

Há pouco tempo os índices de educação estiveram em pauta e os números do Brasil foram alarmantes: o Brasil ocupou as seguintes posições no ranking composto por 81 nações: Leitura: 53° (em 2018: 57º) Ciências: 61° (em 2018: 64º) Matemática: 65° (em 2018: 70º)

E tem sempre ela, a desigualdade.

Mesmo com essa nona posição, o Brasil apresenta um alto índice de pobreza. De acordo com o Banco Mundial, a taxa de pobreza extrema no Brasil é de 6,5%. Isso significa que mais de 16 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 1,90 por dia.

A discrepância entre o tamanho da economia brasileira e os indicadores sociais é um problema grave que precisa ser, de fato, enfrentado. O país precisa investir mais em saneamento, educação e outros setores sociais para garantir o bem-estar de sua população.

O Relatório Mundial da Felicidade, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN), em parceria com a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, divulgado em março de 2023, colocou a Finlândia no topo do ranking pela quinta vez em seis anos, seguido de países como Dinamarca, Islândia, Israel e Holanda.

O ranking da felicidade analisa 137 países nesse quesito. Aqui, poderíamos ter uma esperança de também ficar entre os 10 primeiros, já que a felicidade do povo brasileiro é sempre cantada e exaltada. Ao contrário e paradoxalmente, estamos na 49º posição, atrás de países como: Costa Rica, Panamá e Chile.

Os critérios do relatório, mede a felicidade dos países com base em seis fatores: PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade, ausência de corrupção e apoio social.

Com essa perspectiva, as coisas já ficam mais claras. A Finlândia ficou em primeiro lugar no ranking por ter os melhores resultados em todos os seis fatores. O país tem uma economia forte, uma expectativa de vida saudável e um alto nível de liberdade e generosidade. Além disso, a Finlândia é um país muito seguro e tem um sistema de apoio social robusto.

E nós? Tivemos que nos contentar com um 49º lugar no ranking.

O país tem uma economia relativamente forte, mas tem uma expectativa de vida saudável abaixo da média e um baixo nível de liberdade e generosidade. Além disso, o Brasil é um país considerado corrupto e tem um sistema de apoio social relativamente fraco.

O relatório aponta que a pandemia teve um impacto negativo na felicidade dos países em todo o mundo. No entanto, o Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia, o que pode ter contribuído para sua baixa posição no ranking. Outro fator importante para isso, é a desigualdade. Quanto maior ela é, menor o nível de felicidade.

Outro índice que traz questões para pensarmos, é o Legatum Prosperity Index, um ranking anual que mede o progresso e o bem-estar dos países ao redor do mundo. Calcula-se este índice com base em 94 indicadores em quatro categorias: oportunidades, capital humano, instituições e ambiente físico.

No ranking de 2023, o Brasil aparece em 66º lugar, atrás de países como Chile, Uruguai e Costa Rica. O país está em 13º lugar em oportunidades, 46º em capital humano, 92º em instituições e 101º em ambiente físico. A pontuação do país em ambiente físico é baixa devido à sua poluição atmosférica e à sua falta de acesso à água potável.

Junto com saneamento, é chocante pensar que a nona economia do mundo também não fornece acesso a água potável para parte da sua população.

Reunindo todos esses indicadores, o desafio para 2024 – e para os anos e décadas que estão por vir – parece bem claro.

Como transformar esse valor de mercado (PIB), sinal de uma economia saudável, em investimentos em educação e infraestrutura? Como mobilizar uma sociedade até certo ponto passiva e cordata? E como cobrar governos para que esses avanços aconteçam? E, mais ainda, como engajar o setor privado e as organizações nessa luta por uma sociedade mais justa e igualitária?

O ano começou. Precisamos pensar juntos essas questões a partir de agora, o quanto antes. Se mais uma vez jogarmos o problema para frente, para depois do Carnaval, por exemplo, vai ser o bloco da desigualdade que vai continuar passando, acenando para milhões de brasileiros sem água, sem esgoto, sem escola de qualidade e sem renda.

Gostou do artigo?

Quer conversar mais sobre o PIB, outros indicadores e o nosso desafio para 2024 como população? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/

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Marco Ornellas é Psicólogo, Master of Science in Behavior pela California American University e Mestre em Biologia-Cultural pela Universidad Mayor do Chile e Escuela Matrizstica. Pós em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações.Consultor, Coach, Designer Organizacional, Palestrante e Facilitador de Grupos e Workshops em temas como Liderança, Complexidade, Gestão, Desenvolvimento de Equipes, Inovação e Consultor em Design da Cultura Organizacional.Autor dos Livros: DesigneRHs para um Novo Mundo, Uma nova (des)ordem organizacional e Ensaios por uma Organização Consciente.CEO da Ornellas Consulting e Ornellas Academy.
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