
Perigos e Consequências das Apostas Online para a Saúde Mental dos Trabalhadores
As apostas fazem parte da cultura brasileira há séculos, atravessando períodos de proibição e legalização, refletindo mudanças sociais e econômicas do país. Em 2018, por meio da Lei nº 13.756/2018, as apostas online foram legalizadas e qualificadas como um serviço público a ser explorado comercialmente em todo o território nacional, em ambiente concorrencial, mediante autorização do Ministério da Fazenda.
Desde então, essa prática se tornou cada vez mais comum. A tecnologia têm impulsionado esse crescimento, junto com a propaganda massiva feita por influencers e o fácil acesso a plataformas de jogos de azar na internet. Gigantes do mercado, como Globo, SBT, Band e Caixa Econômica Federal, exploram o setor de forma intensa. Hoje, ele movimenta cerca de R$ 25 bilhões por ano no Brasil e se mostra promissor para seus exploradores, protegidos pelos algoritmos viciados das plataformas.
Na outra ponta, os riscos são iminentes aos apostadores, com a falsa percepção de possibilidade de ganhos financeiros, mudança de padrão de vida ou meramente uma oportunidade de entretenimento com apostas de baixo custo, mas, que como um verdadeiro “canto da sereia” seduzem seus clientes a apostar mais e mais.
Em recente nota técnica, o Departamento de Estatísticas do Banco Central apontou que somente em 2024, o volume das apostas online no Brasil ficou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês. E o Banco Central avalia que este número tende a estar subestimado, pois trata exclusivamente das transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas.
Dados de um levantamento feito pelo Instituto Locomotiva sobre o perfil dos apostadores revelam, entre outras coisas:
- 79% pertencem às classes C, D e E;
- 86% têm dívidas e 64% estão com nome sujo.
Como agente regulador, o governo autoriza a atuação de determinadas empresas, desde que cumpram certas exigências. Flexibilidade concedida com a premissa de aumentar a arrecadação de impostos.
Uma das maiores ameaças associadas às apostas online é a formação de um vício. A facilidade de acesso e a adrenalina do jogo podem levar à dependência, semelhantemente ao consumo de substâncias psicoativas.
Trabalhadores viciados podem dedicar horas excessivas às apostas. Nesse processo, acabam negligenciando suas responsabilidades profissionais e pessoais, enfraquecendo relações familiares e criando um verdadeiro caos financeiro em suas vidas.
Dados da Mapfre Investimentos apontam que cerca de 57% dos apostadores não estavam inadimplentes antes de começarem a jogar.
Outro dado alarmante é o fato de que, de acordo com o Banco Central, apenas em agosto de 2024, R$ 3 bilhões do Bolsa Família foram desperdiçados em apostas. O Ministério do Desenvolvimento Social apontou que 1,8 milhão de beneficiários usaram o cartão do programa em plataformas de apostas.
As dificuldades financeiras aumentam o estresse e a ansiedade, agravando a saúde mental do indivíduo, muitas vezes gerando o Isolamento social. Isso leva o trabalhador a se fechar em seu mundo de jogos, afastando-se de familiares, amigos e colegas de trabalho.
Os transtornos emocionais causados pela insegurança financeira e a crise de saúde pública levaram o país a registrar os maiores números de afastamentos em uma década.
Em 2024, o INSS gastou quase R$ 3 bilhões com benefícios destinados a trabalhadores afastados por transtornos mentais. Esse dado evidencia o peso dessa crise no sistema de seguridade social.
De acordo com pesquisas, os transtornos psicológicos já são a terceira causa de perícias médicas no INSS, sendo que a depressão ocupa a primeira posição. Outra avaliação, conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mostra que mais de quatro em cada 10 brasileiros já tiveram problemas de ansiedade, sem contar a perda de lucratividade. Doenças mentais geram um impacto econômico global de cerca de US$ 1 trilhão.
Como Prevenir e Enfrentar o Problema
No meu modo de ver, as apostas online nunca deveriam ter sido liberadas. Porém, como estão autorizadas, é imprescindível que o alerta dos riscos seja dado ostensivamente por meio de propagandas.
É necessário que o governo fiscalize e crie ferramentas de regulação efetivas para o uso dos algoritmos, aplicando punições severas em casos de descumprimento. Além disso, a proibição do uso de bolsa família e da aposentadoria.
Que empresas criem campanhas contínuas de conscientização sobre os riscos das apostas online e sobre educação financeira. Que também ofereçam programas de bem-estar mental e atendimento psicológico. Além disso, que incentivem práticas de lazer, exercícios físicos e interação social que contribuam para o equilíbrio emocional.
Que o apostador evite exageros, defina horários e limites para o uso das plataformas de apostas e evite o uso compulsivo. E, caso exceda constantemente esses limites, que reconheça os sinais de dependência e procure apoio psicológico ou de grupos de apoio.
Embora as apostas online possam parecer uma forma de diversão, seus riscos para a saúde mental, especialmente entre trabalhadores, são graves e devem ser levados a sério. A conscientização, o autocuidado e o apoio social e profissional são essenciais para prevenir as consequências devastadoras dessa prática. Investir na saúde mental no ambiente de trabalho é fundamental para promover o bem-estar e a produtividade de todos.
Que tal começar com uma ação de conscientização dos seus colaboradores? Eu posso te ajudar.
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Quer saber mais sobre como as apostas online impactam a saúde mental dos trabalhadores e quais ações podemos adotar para mudar esse cenário? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em te ajudar.
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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