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Parar de chover nos primeiros erros

Quando se inicia a vida adulta, uma das coisas que a gente mais faz é errar. Mas como lidar com os erros principalmente em um ambiente de trabalho e acadêmico?

Quando se inicia a vida adulta, uma das coisas que a gente mais faz é errar. Nós erramos mais porque o número de decisões que tomamos é maior, já que a nossa liberdade e responsabilidade são maiores. A perspectiva que quero tratar sobre esse tema é como lidar com os erros, principalmente em um ambiente de trabalho e acadêmico.

O início da vida adulta é marcado, entre outras coisas, pelo primeiro contato com a liberdade. Liberdade de escolha, um pouco de liberdade financeira, liberdade para planejar seu futuro. Porém a consequência direta da liberdade é a responsabilidade, ou seja, seus pais ou responsáveis legais não irão mais responder pelos seus atos, você irá.

Por si só essa responsabilidade já pode gerar ansiedade no jovem adulto. Quando ele percebe que cometeu um erro essa ansiedade pode se tornar ainda mais angustiante, já que as consequências desse erro, muito provavelmente, serão incômodas e o maior problema é a divagação que esse jovem adulto pode encontrar sobre as futuras expectativas, opiniões e julgamentos que recairão sobre ele graças a esse erro. Com isso percebemos que essa questão é um dos tópicos e causas de uma boa ou ruim saúde mental dos jovens de hoje em dia. Mas por que existe esse fenômeno?

Hoje, de acordo com Baumam (autor já citado em outros artigos), vivemos na pós-modernidade, marcada pela liquidez, ou seja, incertezas e inseguranças. Os valores e costumes se destroem ou se modificam drasticamente ao serem colocados sob o crivo radical da razão e a alta velocidade de comunicação e acesso à informação provindas da tecnologia são as causas desse grande mal-estar social de que o “futuro não é mais como era antigamente” (Legião Urbana – Índios).

Se já temos essa ansiedade quase que naturalmente, hoje em dia quando pensamos que estamos fazendo a coisa do jeito certo ou quando pensamos que a decisão que tomamos era a melhor naquele momento, imagina quando descobrimos que não, não foi a melhor decisão tomada.

Considero que tenho um pouco de propriedade para falar no assunto já que tenho ansiedade de modo patológico e sinto as consequências de ter essa doença tanto no meu corpo quanto no meu comportamento.

O perigo mais claro para mim em ser uma pessoa ansiosa e vivendo em uma época onde a sociedade nos deixa ainda mais ansiosos são os comportamentos que podemos ter quando enfrentamos uma crise de ansiedade ou um momento em que nos deixe muito ansiosos, como é o caso quando erramos.

Errar para uma pessoa ansiosa é a eterna preocupação com o que os outros vão pensar e o que vai acontecer decorrente deste erro.

O pior comportamento, na minha opinião, é a paralisa que toma o ansioso por conta do medo e divagação que está imerso, ou seja, o ansioso não consegue tomar novas decisões para sanar o erro ou lidar com ele do melhor jeito possível pois está preso em um  conjunto de pensamentos que tentam prever as consequências, e pode ter certeza que para o ansioso sempre serão as piores e mais loucas/improváveis consequências possíveis.

Quando incluímos o ambiente de trabalho ou acadêmico nos locais onde há a possibilidade que vamos errar podemos nos assustar mais ainda, pois no ambiente de trabalho, minha eficiência é testada todo segundo e não ser considerado eficiente pode levar a uma demissão. Já no ambiente acadêmico, ao errarmos, pode colocar em dúvida, durante essas divagações, a nossa escolha de curso e vocação ou se somos bons suficientes para estudar e nos dedicar a tal assunto.

Há vários jeitos de lidar com a ansiedade, desde as mais tradicionais como terapia até as alternativas como ioga e as mais drásticas como os medicamentos. Porém em todos os casos, o ansioso tem que estar em uma permanente vigília de si mesmo para não ser dominado pela divagação e sempre voltar à realidade do aqui e agora.

Para lidar com os nosso erros de um jeito saudável e eficiente, ou seja, de um jeito que não fiquemos presos e angustiados a coisas do passado e às suas consequências pouco prováveis do futuro, bem como aprender com os erros e resolvê-los da melhor e mais rápida forma possível precisamos lidar com a nossa ansiedade, que, segundo Baumam, é e será casa vez maior daqui pra frente.

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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