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Quantas Pessoas Vão Ler Este Artigo? O Paradoxo de Produzir Tanto e se Conectar Tão Pouco

Nunca produzimos tanto conteúdo e nos sentimos tão desconectados. O paradoxo da atenção mostra por que o futuro pertence a quem transforma postagens em presença, conexões em propósito e atenção em algo que realmente faça sentido.

Paradoxo da Atenção: O Impacto do Excesso de Conteúdo - Quantas Pessoas Vão Ler Este Artigo? O Paradoxo de Produzir Tanto e se Conectar Tão Pouco

Quantas Pessoas Vão Ler Este Artigo?
O Paradoxo de Produzir Tanto e se Conectar Tão Pouco

Você já parou pra pensar quantas pessoas vão realmente ler o que você escreveu numa manhã de domingo? E quem você está alimentando ao repetir esse ritual de publicar sem parar?

A essa hora, talvez você esteja com o café na mão e o celular na outra, lendo mais um artigo entre dezenas de abas abertas. Pode até ter chegado aqui por acaso, entre um scroll e outro.

E eu te pergunto: quantas pessoas de fato irão ler até o final?

E entre essas poucas, quantas realmente vão sentir o que estou dizendo?

Foi sobre isso que me peguei pensando ao definir sobre que tema escreveria a minha coluna de hoje. Estamos imersos em uma enxurrada de conteúdo. Todo mundo — do ceramista que mostra o passo a passo da peça, ao criativo que publica reflexões, memes ou carrosséis — sente uma pressão invisível: produzir, postar, postar, postar. Se você não posta, não existe. Se não existe, não cresce. E se não cresce, parece que ficou para trás.

Mas onde, nessa repetição frenética, está o que você realmente faz? Onde está o ofício, o propósito, a alma do que você entrega — sem filtro, sem pressa, sem o algoritmo ditar o ritmo?


O café esfriou — e as conexões também

Imagine que você prepara um café artesanal, com tempo, aroma e carinho. E serve a xícara para… ninguém. Ou para alguém que dá meio gole, faz um story e vai embora. Você repetiria esse ritual todos os dias?

O conteúdo virou esse café servido em série: quente, abundante — mas, muitas vezes, indiferente. A conexão leve, rasa, efêmera. Estamos servindo café sem perguntar: “quem vai beber isso?”.
E, pior: talvez nem estejamos mais sentindo o sabor do próprio café.


A creator economy está exausta — e só começou

O mercado já percebeu: há excesso. A Creator Economy, esse universo de criadores que transformam ideias em audiência, está inflada. A atenção humana virou o ativo mais disputado do planeta — e o algoritmo é o novo oráculo.

Pesquisas apontam que os criadores estão produzindo menos conteúdo, mas mais estratégico. Há um cansaço generalizado. Os orçamentos diminuem, a visibilidade despenca, e o retorno emocional raramente compensa o esforço. O mais paradoxal? Nunca estivemos tão conectados — e tão desconectados de nós mesmos.

Estive recente em eventos de creator economy e estes mostram que creators e plataformas estão transformando a forma de comunicar, cocriar e gerar impacto. E o protagonismo continua sendo — das pessoas — Autenticidade. Consistência. Intencionalidade. Generosidade. Profissionalismo.

Parece óbvio, mas é exatamente o que se perde quando transformamos criação em corrida.


Caminhar ou correr?

É como estar no Caminho de Santiago de Compostela, mas correndo de etapa em etapa, com medo de não chegar antes dos outros.

O sentido da caminhada — o encontro, a pausa, o aprendizado — se perde na pressa de chegar.
Assim estamos na jornada digital: produzindo sem integrar, falando sem ouvir, conectando sem se relacionar.

E quando paramos, vem o vazio: será que alguém está mesmo lendo o que faço? Ou será que está curtindo e seguindo para o próximo?


O paradoxo da atenção

Você pode continuar alimentando o algoritmo — dançando conforme a música das tendências. Ou pode escolher um outro caminho: o da profundidade.

Publicar menos, conversar mais. Este ano, o Café com Sassá foi movimentado — mais intimista, mais sereno —, ao mesmo tempo que me recolhi um pouco. Falar com menos gente, mas ser lembrado por quem importa.

O que move o mundo não é quem fala mais — é quem fala com verdade.

O que transforma não é o volume de postagens, mas o peso daquilo que ressoa.

E sim, talvez isso signifique ter menos alcance, mas mais impacto. Menos aplausos, mais sentido.


Pra você que chegou até aqui, talvez com o café já frio, a grande reflexão é (também) minha.

Por mais que eu observe e tente manter a consciência, ainda me pego rolando a tela sem perceber o tempo passar — ou cedendo à tentação do “tem que escrever”, “tem que postar”, como se isso fosse um dever… ou pior, um vício.

E é nesse instante que percebo o quanto essa engrenagem digital também me captura, como captura você.

Quantas vezes, hoje, deixamos de estar com quem amamos para estar com o celular na mão, consumindo a nova droga do momento — conteúdo?

Essa reflexão começa em mim, mas talvez ecoe em você também.

Mas entre o joio e o trigo, como separar o que vale a pena?

Como um título de um artigo consegue chamar sua atenção o suficiente para te trazer até aqui, e o que acontece depois que você feche essa aba?

Curioso, não?

Talvez o ponto não seja parar de postar — tampouco de consumir conteúdo —, mas lembrar por que e pra quem você começou a fazer isso.

Não é sobre volume. É sobre presença.

Então, se chegou até aqui, respira.

Desliga a tela.

E agora sim. Prepara um novo café e chama alguém pra tomar com você — desta vez, de verdade, com presença.

Porque, no fim, não é o conteúdo que nos sustenta — são as conexões que nos lembram quem somos e por que fazemos o que fazemos.


Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre o paradoxo da atenção e como recuperar presença e propósito em meio ao excesso digital? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Salete Deon
Especialista em Gestão de Carreira e Desenvolvimento de Lideranças, Segurança Psicológica de Times pelo IISP, Liderança Feminina pela StartSe/SBE, Coach Executiva (PCC), Palestrante, Top Voice Linkedin, Fundadora da DeON Consulting
https://www.linkedin.com/in/salete-deon/
salete@deonconsulting.com.br

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Palavras-chave: paradoxo da atenção, conexões humanas, presença digital, saúde mental, creator economy, paradoxo da atenção e conexão humana, exaustão na creator economy, como se reconectar na era digital, importância da presença no mundo digital, relações humanas e propósito no trabalho
Salete Deon Author
Salete Deon é fundadora da Deon Consulting. Especialista em Gestão de Carreira e Desenvolvimento de Liderança, Executive Coach e Mentora. Atua com executivos e profissionais que buscam apropriar-se de suas realizações e potencializar seus talentos em prol do que é importante em sua vida e carreira. Atua também no desenvolvimento e fortalecimento de lideranças e equipes. Faz uso de metodologias ágeis e colaborativas, tais como: “Action Learning” e ACP. Executiva com mais de 25 anos de experiência nas áreas de Supply Chain, Procurement e Recursos Humanos em empresas multinacionais. Experiente na liderança de equipes multifuncionais e culturais no Brasil e no Exterior. Foi Diretora de Supply Chain em uma joint venture na Colômbia. Foi sócia da Unblur Consultoria. Faz parte do Programa Mentoria Colaborativa Nós Por Elas, Delas Pra Elas e Carreira 50+ do IVG – Instituto Vasselo Goldoni e do Programa Elas na Indústria da FIESP. Coautora do Livro “Mentores e suas Histórias Inspiradoras”, lançado pela Editora Leader. Top Voice Linkedin onde escreve a Newsletter “Café com Sassá”. É Bacharel em Serviço Social, pós-graduada em Administração de Empresas pela UNIVILLE, com MBA em Administração Global SOCIESC/Universidade de Lisboa e MBA Executivo pela FGV-SP. Professional Certified Coach (PCC) pelo International Coaching Federation (ICF) e Action Learning Coach pelo World Institute for Action Learning (WIAL). É Certificada para Assessments de Inteligência Emocional EQ-I e EQ 360, MBTI II, Pontos Fortes Clifton Strengths, Segurança Psicológica de Times, Hogan, TKI e DISC.
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