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Os Saltimbancos (parte II)

O silencio da rua faz se escutar a criança interior que ficou esperando o momento oportuno de sair de seu esconderijo, onde se protegia da complexidade da grande atuação que é ser adulto.

Vamos para uma análise da história como um todo. Nessa segunda parte a criança de cada personagem aparece. Afinal de contas é um CD infantil. Lições como solidariedade, união e amizade são ensinadas de uma forma lúdica. E é nas entrelinhas que vamos analisar essa obra, virá-la de ponta cabeça e extrair dela tudo que ela nos oferece.

A Cidade representa o que cada personagem tem como sonhos e expectativas. O clássico: o que quer ser quando crescer? “O sonho é meu e é o sonho que deve ter alamedas verdes, a Cidade dos meus amores”. Porém como se trata de crianças, a ingenuidade as faz pensar que ser adulto é mais uma brincadeira. Brincadeira essa onde se coloca um paletó ou salto alto, se assina alguns papeis e faz um bocado de telefonemas. Para que depois do almoço todas possam voltar a pular e dançar descalças no jardim.

Além de explicitar um desejo dos adultos que as coisas realmente fossem tão mais simples assim como é na imaginação de seus filhos: “E quem dera os moradores, os pintores e os vendedores, fossem somente crianças”.

O entusiasmo do começo do que pode ser até considerado uma nova aventura é substituído pela rotina e desapontamentos: “A Cidade é uma estranha senhora que hoje ri e amanha te devora”.

Depois de um dia cansativo de trabalho, repousar a cabeça no travesseiro. O silencio da rua faz se escutar a criança interior que ficou esperando o momento oportuno de sair de seu esconderijo, onde se protegia da complexidade da grande atuação que é ser adulto: “Dorme a Cidade, resta o Coração…”.

Os Barões voltam a aparecer na história quando os Saltimbancos se veem cansados. Não vou usar do clichê que quando menos podemos é quando mais nos aparecem problemas. Mas digo que podemos ter uma recaída na força de vontade, na esperança e na velocidade que percorremos o caminho até o objetivo por causa do cansaço. Isso é o natural, mas a diferença está em ter maturidade de não desistir, maturidade de escolher.

A insistência dos Saltimbancos em permanecer na casa, pois os Barões vão voltar, exemplifica como que muitas das conquistas na transição da infância para adolescência e da adolescência para a vida adulta podem ser mais árduas de se conseguir. E justamente por serem mais difíceis suas consequências, muitas vezes são muito mais marcantes. Constroem interruptamente nova visão de mundo que chegam a mudar nossos desejos e planos, já que no final da história os Saltimbancos decidem não ir mais para a Cidade, decidem ficar na casa.

Bruno Sales Author
Bruno Sales é Estudante esforçado, entusiasta intelectual e conversador. Estudante de Economia, escritor amador e apreciador de Filosofia e Matemática. Sonha publicar o livro que vem trabalhando faz anos; a médio prazo, adquirir independência financeira e reconhecimento intelectual; a longo prazo, mudar o mundo.
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