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O útil e o agradável

Uma coisa que todo mundo concorda é que unir o útil ao agradável é uma coisa boa e de valor. No mundo profissional, você pode ser considerado uma pessoa boa? Você pode ser considerado uma pessoa útil e agradável?

Olá!

Acredito que eu seja uma pessoa normal, destas que fazem coisas normais como rir sozinho, abaixar o som do carro para ver o nome da rua na placa e arrumar a roupa antes de atender ao telefone. Como uma pessoa normal, por vezes me pego pensando nos chamados ditos populares. Aqueles que passam de geração em geração e mesmo que compreendamos o sentido, não paramos para atentar quanto à mensagem que é transmitida.

Um dos ditados populares que intitula este artigo eu coletei de uma antiga música gaúcha dos irmãos Kleiton e Kleidir chamada Maria Fumaça que em determinado ponto diz:

“É sempre bom e aconselhável unir o útil ao agradável”

Então tá. Eis aí uma coisa que todo mundo concorda. Unir o útil ao agradável é uma coisa boa e de valor. Então fica uma pergunta a você, meu querido leitor:

No mundo profissional você pode ser considerado uma pessoa boa?

A grande maioria deve ter pensado que sim, então vai a segunda provocação:

Você pode ser considerado uma pessoa útil e agradável?

Agora a maioria de vocês, meus queridos leitores deve ter pensado: Depende!

Existem pessoas que conheço que possuem uma dificuldade enorme para combinar estes dois fatores. Quanto à utilidade, eu posso entender que nem sempre é tão difícil, mas quanto ao agradável… Isto implica em deixar nossas opiniões de lado, não reagir a provocações, controlar expectativas e ansiedade, ou seja, uma coisa que realmente dá trabalho.

Desde que comecei a pensar nos conceitos da autogestão de carreira no longínquo ano de 2006, algumas premissas já apontavam para as ferramentas que vou apresentar a você agora e que fazem parte da filosofia CARMA (career and relationship management).

Vamos começar pelo principio fundamental: Em nossa mente habitam diversos personagens, entre eles o filho, o pai, o amigo, o amante e, logicamente, o profissional. O Eu verdadeiro (pessoa que realmente é) se veste dos protocolos e regras de relacionamento (Eu profissional) para atuar em um sistema social baseado em atividades e remuneração. De uma forma mais simples, no ambiente de trabalho oferecemos um produto que é constituído de nossas competências embaladas em nossos comportamentos.

Esta definição facilita o processo de entendimento sobre a nossa utilidade no ambiente profissional. O seu produto será útil para a empresa quando puder ser empregado em um processo ou modelo de gestão para que possa gerar resultados. Assim, a plena compreensão do objetivo de sua atividade e da expectativa de valor da empresa para com suas funções ajudará você a resolver a primeira parte da equação: Como ser um profissional útil.

Pare de pensar por um minuto em você como uma pessoa e pense somente no produto.

Olhe ao seu redor e indique três produtos que você pode considerar úteis.

Reflita por que você os considera úteis.

Em geral você irá esbarrar com expressões como:

  • Servem para resolver problemas;
  • Estão sempre disponíveis;
  • São simples de manusear;
  • Possuem mais de uma função;
  • São confiáveis.

Agora volte a pensar em sua função profissional. Com que grau de certeza você pode afirmar que seu produto profissional pode ser enquadrado como um produto útil?

Vale a reflexão!

Agora vamos para a segunda parte do nosso dito popular: Ser agradável.

Eis aqui um conceito de difícil assimilação. Uma coisa agradável, como o nome diz é uma coisa que agrada aos sentidos de outrem. Nos termos da filosofia CARMA, isto significa que o valor que é atribuído a algo ou alguém sempre depende de seu observador. Assim, para que sejamos considerados como profissionais agradáveis, deveremos ser capazes de agradar ao maior número de observadores possível em nosso sistema social.

Como ferramenta, vamos nos ater somente aos quatro pontos principais de um sistema de 360 graus. Superiores, subordinados, pares e nós mesmos. Agradar a estas pessoas envolve conhecer de maneira clara qual a expectativa de valor de cada uma delas, a fim de moldar nossos comportamentos de forma a atender a esta expectativa. De uma maneira simples, devemos moldar nosso produto profissional para que as pessoas que se utilizam dele tenham uma experiência agradável.

Em geral a experiência de convívio envolve:

  • Linguagem;
  • Aparência;
  • Humor;
  • Disposição;
  • Vocabulário;
  • Cultura;

A sensação de gostar de uma pessoa sem saber exatamente o porquê.

Como cada pessoa possui uma expectativa diferente, cabe a cada um de nós exercitar a capacidade de criar distintos protocolos de comunicação em busca desta aceitação. Neste ponto, muitos de meus alunos sentem-se incomodados com o fato de precisar criar diferentes personagens e de buscar a aceitação dos outros em detrimento do seu Eu verdadeiro, visto que todos almejam ser aceitos como são.

O desafio é pensar que no sistema social trabalho, exercemos atividades remuneradas e em última análise, as pessoas ao nosso redor são clientes. Cabe a nós conquistá-los, alterando o produto de acordo com a expectativa do cliente.

Você é considerada uma pessoa agradável?

Assim, querido leitor. Para obter sucesso em sua carreira é preciso pensar no produto que você oferece ao mercado, o tempo todo e todos os dias. A concorrência é forte e somente ficam fora da lista de demitidos os profissionais que aos olhos da empresa são capazes de unir o útil ao agradável.

Pense nisto e boa semana!

Edson Carli

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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