
O Papel do Medo na Coragem: Transforme Obstáculos em Estímulos
O que é coragem para você?
Coragem é quando você não tem medo? Ou coragem é quando você tem medo?
A coragem é a capacidade que temos para enfrentar desafios, obstáculos, incertezas ou situações assustadoras. Coragem não é ausência de medo, mas sim enfrentá-lo quando ele tenta nos impedir de agir com coragem.
Coragem também está na capacidade que temos de defender no que acreditamos e aprender a lidar com a vulnerabilidade. E ser vulnerável é ser honesto consigo mesmo, estando disposto a aprender e a crescer com as vivências e experiências que a vida traz.
A coragem nos impulsiona a sair da zona de conforto e a trilhar novos caminhos.
“A coragem encara o medo e o controla. A covardia reprime o medo e é assim controlada por isso.” (Martin Luther King)
E o medo?
O medo é uma emoção que pode nos levar a três possibilidades:
- Enfrentamento;
- Fuga;
- Paralisação.
Procuramos reprimir o medo a qualquer custo, não queremos senti-lo e, muitas vezes, fingimos que ele não existe. No entanto, o medo pode ser uma fera quando enjaulado.
Na Psicanálise, dizemos que, quando uma pessoa sente medo, ela procura reprimi-lo por meio de mecanismos de defesa, que são estratégias inconscientes para protegê-la de sentimentos dolorosos.
Segundo Paulo Gaudêncio, o medo tem três funções fundamentais:
- Medo Preparatório – Aquele que está por trás de situações que nos paralisam ou nos fazem fugir.
- Medo Pedagógico – Aquele que nos faz prestar atenção nos limites do outro e refletir até que ponto devemos continuar em algo que está nos gerando desconforto. Esse medo nos faz refletir e, por isso, gera aprendizado.
- Medo Estimulante – Aquele que vem da relação entre desafio e habilidade. É o medo que nos impulsiona a agir, pois já percebemos que não podemos mais paralisar nem fugir. Há algo a ser conquistado, algo que nos levará a outro patamar. E, por ser novo, ainda sentimos medo, mas seguimos em frente mesmo assim: “Sem o estímulo que o medo dá, a vida perde a graça.”
Curiosamente, a maioria de nós passa a vida buscando segurança e estabilidade para evitar sentir medo.
Podemos refletir que, se uma pessoa tem um grande desafio, mas pouca habilidade, o medo cresce e a ansiedade surge. Por outro lado, se tem muita habilidade, mas o estímulo é pequeno, ela se desmotiva.
Portanto, se a habilidade for maior, será preciso aumentar o desafio, senão perde a graça. E, se o desafio for muito maior que a habilidade, a pessoa tende a fugir.
Gaudêncio também afirma que quem não tem medo é irresponsável e inconsequente, pois o medo é uma emoção natural e animal. Ele nos diz que coragem é ter medo de enfrentar a situação.
Na Neurociência trazemos a amígdala cerebral, que parece uma amêndoa, que fica em uma parte do cérebro que se localiza atrás e no interior da metade anterior do único giro parahipocampal, que também chamamos de sistema límbico, na qual controla nossas emoções.
Eu costumo dizer que quando temos medo, por não saber lidar com determinadas situações, ele toma conta de todo o neocórtex, responsável pela razão. Muitos clientes retratam que quando sentem medo ou raiva, “dá um branco” e pisam fundo no automático.
Diante do medo, podemos paralisar, fugir ou reagir de forma agressiva, e fazemos isso em milésimos de segundo.
Imagine que você consiga viver uma vida sem riscos. Ela se tornaria entediante, porque não haveria desafios a superar. Agora, imagine uma vida cheia de riscos, a ponto de você paralisar — isso levaria ao estresse extremo. O importante é construir uma vida com desafios proporcionais à sua capacidade. Dessa forma, ela se torna estimulante, curiosa e interessante.
Em resumo, podemos dizer que a coragem é importante, mas é o medo que a estimula. No entanto, vivemos em uma cultura que nos ensina a tomar cuidado, a ser prudentes e, para isso, a evitar o medo.
Isso vale para a vida profissional, social e amorosa.
Quantas pessoas você conhece que estão no mesmo trabalho há 20, 30 ou 40 anos, sem que nada de interessante aconteça? Ou casais que estão juntos há décadas, cujo relacionamento é sem sal, porque não tem nada de estimulante, o que os leva a se separarem?
Então, pergunto: como tornar a vida estimulante sem perder o interesse?
Gostou do artigo?
Quer saber mais sobre como o medo pode impulsionar a coragem e tornar a vida mais estimulante? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em compartilhar mais sobre esse tema.
Um grande abraço e até o próximo artigo!
Wania Moraes Troyano
Especialista em Resiliência Científica e Neurociências
http://www.waniamoraes.com.br/
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