
Negociáveis e Inegociáveis: O Poder do Diálogo nas Relações e na Liderança
Em tempos de relações cada vez mais complexas e dinâmicas, compreender o poder do diálogo sobre o que é negociável e o que é inegociável nas relações pessoais, profissionais e institucionais se torna essencial. Dialogar sobre limites, valores e interesses não apenas previne conflitos, mas fortalece a confiança, promove respeito mútuo e cria ambientes mais saudáveis e produtivos. Esse conceito trabalhamos no ALMA 2 onde o foco é connecting with people, ou seja, não dá para falar de conexão entre pessoas sem conhecer os negociáveis e inegociáveis.
Entendendo os Conceitos
Negociáveis são aspectos que estamos dispostas a flexibilizar, adaptar ou ceder em prol de um bem maior, de uma solução comum ou de uma convivência harmônica. Já os inegociáveis são princípios, valores e necessidades que fazem parte da nossa essência – abrir mão deles comprometeria nossa integridade, identidade ou dignidade.
Essa distinção nem sempre é clara. Muitas vezes, confundimos resistência com firmeza, ou inflexibilidade com fidelidade aos nossos valores. Por isso, é fundamental refletir e nomear nossos negociáveis e inegociáveis de forma consciente e honesta.
O Diálogo como Caminho
O diálogo é a ponte que nos permite expressar nossas verdades e ouvir as verdades do outro. É através dele que conseguimos identificar zonas de convergência, compreender limites e construir acordos possíveis. Conversas difíceis, mas necessárias são aquelas que envolvem temas delicados, desconfortáveis ou emocionalmente desafiadores, mas que precisam acontecer para promover clareza, crescimento, resolução de conflitos ou evolução nas relações pessoais e profissionais. São momentos de verdade que, embora tragam tensão ou medo, também carregam o potencial de transformação e alinhamento entre as partes envolvidas.
Essas conversas podem surgir em diversos contextos: dar um feedback negativo, falar sobre um comportamento inadequado, negociar limites em um relacionamento, discutir questões ligadas à diversidade ou justiça, falar sobre dinheiro ou até mesmo encerrar uma parceria. Embora difíceis, elas são essenciais porque evitam o acúmulo de ressentimentos, fortalecem a confiança mútua, ajudam a alinhar expectativas e promovem amadurecimento emocional e relacional. Além disso, conversas honestas favorecem soluções reais e evitam suposições e mal-entendidos.
O que torna essas conversas desafiadoras é o medo de magoar o outro, a insegurança sobre como seremos interpretados ou a ansiedade diante de uma possível reação negativa, ou seja, por que não houve antecipadamente, um diálogo sobre negociáveis e inegociáveis. Muitas vezes, entramos em conflito com nossas próprias emoções – como culpa, raiva ou vergonha – e isso nos leva a adiar ou evitar o confronto. No entanto, adiar indefinidamente pode gerar consequências ainda mais difíceis de lidar no futuro.
Além disso, manter o foco na solução – e não em culpabilizações – ajuda a evitar conflitos desnecessários. Respeitar os silêncios e as pausas permite que o outro assimile o que está sendo dito, e finalizar a conversa com clareza, recapitulando o que foi acordado ou decidido, garante que todos saiam alinhados.
Conversas francas e respeitosas sobre o que é negociável e o que é inegociável:
- Evita mal-entendidos: quando não comunicamos nossos limites, os outros podem ultrapassá-los sem intenção;
- Cria acordos sustentáveis: quando ambos os lados sabem até onde podem ir, os pactos se tornam mais claros e duradouros;
- Fortalece a confiança: quem sabe se posicionar com respeito inspira segurança e reciprocidade;
- Gera autonomia e pertencimento: em ambientes organizacionais, equipes que compreendem os inegociáveis da cultura e os espaços de negociação operam com mais clareza e engajamento.
Aplicações na Liderança e nos Relacionamentos
Na liderança, é essencial que os líderes saibam comunicar com clareza os valores inegociáveis da equipe, da cultura organizacional e de suas próprias convicções. Isso ajuda a evitar ruídos, sustenta coerência e inspira o time. Ao mesmo tempo, líderes precisam saber flexibilizar e escutar, reconhecendo o que pode ser ajustado com base nas necessidades do coletivo.
Nos relacionamentos interpessoais, o diálogo sobre negociáveis e inegociáveis permite que as relações floresçam com autenticidade. Evita ressentimentos acumulados e sustenta vínculos baseados em verdade.
Muitas empresas com cultura mais flexível adotam a possibilidade de escuta dos liderados, sim, líderes podem perguntar aos liderados quais são seus negociáveis e inegociáveis. Essa prática demonstra escuta ativa, respeito às individualidades e fortalece o vínculo de confiança dentro da equipe.
Ao fazer essa pergunta, o líder está reconhecendo que cada pessoa tem valores, limites e necessidades que precisam ser considerados para que haja um ambiente de trabalho saudável, produtivo e sustentável. Saber o que é negociável (como preferências de horário, estilo de comunicação ou forma de receber feedback) e o que é inegociável (como respeito, transparência, ética ou equilíbrio entre vida pessoal e profissional) permite que o líder atue com mais empatia e assertividade. Importante ressaltar que essa conversa precisa estar alinhada ao que a alta liderança entende como permissividade.
Essa abordagem também estimula a autopercepção dos liderados, pois convida cada um a refletir sobre seus próprios valores e necessidades. Além disso, reduz ruídos de comunicação, evita conflitos desnecessários e ajuda a prevenir desgastes emocionais.
Para aplicar isso na prática, o líder pode propor essa conversa em momentos estratégicos, como em uma reunião individual de alinhamento ou durante um processo de integração de novos membros da equipe. O importante é que seja feito em um ambiente de confiança, com genuína abertura e sem julgamentos.
Um exemplo de abordagem seria:
“Quero entender melhor o que é importante para você no ambiente de trabalho. Quais são os pontos que você considera negociáveis e quais são os inegociáveis para que você se sinta respeitado(a), motivado(a) e engajado(a)?”
Essa simples pergunta pode abrir portas para conversas transformadoras — e demonstra uma liderança que valoriza o ser humano além do resultado.
Concluindo, dialogar sobre o que é negociável e o que é inegociável não é sinal de rigidez, mas de maturidade emocional. É uma prática de coragem, responsabilidade e respeito que amplia a consciência, fortalece relações e constrói pontes onde antes havia muros. Em tempos de polarizações, praticar esse tipo de diálogo é, mais do que nunca, um ato revolucionário de humanidade e conexão.
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Quer saber mais sobre como o diálogo sobre negociáveis e inegociáveis pode transformar relações pessoais e profissionais, fortalecendo a confiança e a liderança? Então, entre em contato comigo! Terei o maior prazer em responder.
Até a próxima!
Luciana Soares Passadori
https://www.passadori.com.br
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