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Minha separação e o caminho de volta

Como ressignifiquei minha relação, não mais como um casal, mas como amigos.

Esse é o primeiro texto que publico falando sobre a minha separação. Mas espero que ele seja parte da minha cura de me sentir inteira.

Estava num casamento de 13 anos e no final do ano passado, resolvemos nos separar. Na verdade, resolvemos que ele sairia de casa. Sinceramente, já estávamos separados como homem e mulher há muito mais tempo. Mas nos amávamos muito e nos amamos.

Viramos grandes amigos. Muito amor existe entre nós, sempre existiu e sempre existirá. Ele foi uma pessoa muito especial, vivemos sonhos, diversões, tristezas, criamos nossas brincadeiras exclusivas, sabe aquelas brincadeiras de casal que tornam os dias engraçados e leves? Vivemos uma paixão intensa, um amor profundo um pelo outro. Compartilhamos as famílias, os amigos e os desafetos.

Demos colo um ao outro, raramente brigamos. Por 13 anos só dormimos sem conversar uma noite e prometemos que isso nunca poderia acontecer novamente. Sentíamos saudades um do outro assim que falávamos tchau para ir trabalhar.

De olhar por outro sabíamos se algo ia bem ou não. Até que me peguei fazendo tudo isso sem intimidade. Tentamos nos reanimar, conversamos, procuramos ajuda, pedi testosterona para o ginecologista na tentativa de reacender a chama que estava apagada há muito tempo.

Insistimos e até chegamos a cogitar de que com o tempo, é isso que resta aos casais, o companheirismo, a amizade e que a provocação, o sexo, a atração por sentir a energia vital um com o outro não aconteceria mais.

Como podemos achar que não sentir a energia da vida pode ser normal? Como me iludi acreditando na crença de que “com o tempo é isso que fica”?

Tudo pelo medo de aceitar que foi um casamento feliz por um tempo e que acabou. E que sim, poderíamos ressignificar nossa relação como amigos e não como um casal.

Que mereceríamos ter outras relações e que esse amor nunca seria perdido. Que honraríamos a nossa história e que isso tudo seria motivo de celebração.

Até que no final do casamento descobri uma traição. Meu mundo desmoronou. Não queria que terminasse assim. Na minha cabeça existia um conto de fadas do término também. Sabe o término perfeito? Com sininhos e musiquinha de fundo na despedida de uma relação para a transformação em outra? Eu acreditei. Tínhamos até um plano de fazer uma festa do fim, assim como fizemos a festa do casamento.

E depois da dor, do medo, da raiva, voltei a sentir amor por ele.

Parece muito louco, mas essa é uma escolha que fiz e que faço todos os dias. Comecei a me colocar no lugar dele e tentar não julgar. Mais uma convenção mental que eu tentava criar. Lembrei da peça a Alma Imoral (Nilton Bonder) que fala sobre a transgressão da alma. O que a Alma quer? O que ela é?

Lembrei que escolhi uma nova crença de que tudo que vivemos, pedimos para viver. E sim, eu pedi aquela traição. Eu não teria coragem de sair da falta de energia vital se não fosse ela.

A raiva passou e me lembrei do amor. Me lembrei de um ser humano muito especial com o qual fui casada por 13 anos. É muita vida para o meu tempo de vida e isso foi lindo!

Voltei a me reconectar com minha energia vital. A sentir de novo a vontade de dançar, cantar, de sentir todos os prazeres de volta. Voltei para o meu corpo esquecido. Voltei a me olhar no espelho e me achar bonita, voltei para o meu feminino e nem cheguei na sua máxima potência. Voltei a inspirar as pessoas com o meu trabalho, me conectar com mulheres incríveis e trocarmos sobre nossa força amorosa.

Como poderia não amar essa história? Como posso não acreditar que vou viver outras?

As relações não são para serem mornas. Nosso companheiro ou companheira não está ao nosso lado só para ser nosso amigo, mas para ser nosso amante, para fazer nosso corpo vibrar, nosso coração bater.

Tem gente que até volta a sentir isso pela mesma pessoa, então, aproveite e vibre, porque não estamos aqui para viver relações íntimas sem intimidade sexual. O sexo é pura vida. Sexo nos faz nos conectar com nossa essência divina.

É uma comunhão de puro amor com o outro. Quer intimidade mais linda e perfeita? Um se fundindo no outro e sentindo o máximo de prazer que um corpo pode sentir?

Estamos mais apegados a sentir dor o dia todo do que a sentir prazer. De onde vem essa loucura que nos faz afastar da alegria do prazer?

Ficamos adormecidos e inconscientes do nosso corpo quando nossa alma parou de vibrar. Nos desconectamos de nós mesmos. E lembramos do corpo quando uma doença surge, quando uma dor nos lembra de uma parte esquecida.

Está na hora de fazer a energia da vida voltar. O corpo lembrar do que ele fica feliz fazendo. Quais movimentos de força, de alongamento, de relaxamento, de prazer ele quer.

Com isso eu voltei a prestar atenção nas minhas emoções, nos meus sentimentos, em quem eu sou.

Voltei a trabalhar com prazer, a sorrir, a irradiar a energia que é minha para todos.

Lembro que não existe separação do outro. Isso é impossível. Somos todos UM.

O que existe é a separação de nós mesmos.

Claudia Vaciloto é Iniciadora e Sócia da Conexões Humanizadas, Psicóloga, Mentora Organizacional para Áreas e Executivos de RH, Facilitadora Certificada e Treinadora Oficial no Brasil do Jogo Miracle Choice, baseado no livro Um Curso em Milagres, Facilitadora de Pintura Espontânea baseada na Teoria Point Zero (Esalen Institute Big Sur California) e Imagens Fotográficas para atendimentos terapêuticos (Sedes Sapientes). Fez carreira em RH passando por empresas como Accenture, EDS, VR, Ability Trade Marketing, onde atuou como Diretora de RH pelos últimos 10 anos. Faz treinamentos e vivências comportamentais para empresas e grupos e atendimentos individuais. Formada em Executive and Life Coaching pelo ICI – Integrated Coaching Institute, assina a Coluna Reflexões e Provocações para Revista Cloud Coaching. Coidealizadora da Plataforma GameYou, que oferece experiências de desenvolvimento através de jogos.
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