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Menos cimento, mais vida!

Quanto mais vivemos, mais temos a tendência para estocar sacos de cimento. Obcecados por ganhar o sustento, que nem sempre é apenas para o sustento. É para se ter mais e ser menos!

Certa vez ouvi de um dos meus professores da faculdade: “a morte de outros faz com que nos sensibilizemos com nossa própria vida”.

Ficamos comovidos com histórias de pessoas jovens, amigos de amigos, personalidades famosas que, de repente, deixam essa vida e partem. Passamos alguns dias pensando em nossas próprias vidas, no que estamos de fato fazendo e no que realmente vale à pena. Pensamos na efemeridade dos momentos, tanto bons como ruins.

Pensamos que passamos dias e dias, acordando, indo ao trabalho, vendo pouco as pessoas que amamos, fazendo pouco por outros que nem se quer conhecemos e, pior, fazendo quase nada para nós mesmos. Lembro do que gosto… de cantar, de dançar, de colocar os pés na área.

E o que tenho feito? Canto pouco. Acho que às vezes no carro a caminho do trabalho. Passo meses sem dançar, e mais meses ainda sem colocar meus pezinhos na areia.

Obcecados por ganhar o sustento, que nem sempre é apenas para o sustento. É para se ter mais e ser menos. Comprar mais tijolos para empilhar em cima dos nossos prazeres, que não são feitos de cimento e cal. Trocar o carro para um mais novo, nem que seja um aninho só! Para que ele nos leve para os mesmos lugares.

Vamos aos shoppings lotados e ver o que há de mais moderno na moda. Listras? Preto? Às vezes flores? E a vida que tem todas as cores de graça para vermos? Nem sempre vemos.

Mas estamos no carro novo, indo novamente para o trabalho (trabalho? Esse, um capítulo à parte), com a roupa nova da moda e cheio de sacos de cimentos pesados no porta malas.

Menos leveza, mais cimento

E o tijolo que foi colocado torto na parede? E você nem vai estar o tempo todo aqui para ver e continuar resmungando. Ele vai continuar torto por muito tempo. Talvez tempo suficiente para seu filho lembrar que você vivia resmungando dele.

Menos cimento, mais emoção

A vida não é tão concreta assim. É mais abstrata, cheia de nuances pessoais, cheia de fantasias abafadas. Já não basta nosso inconsciente nos botando em lugares obscuros de nós mesmos e vez ou outra fugimos da “luz” que tenta emergir e nos mostrar o que temos de fato dentro de nós mesmos. E vamos colocando cimento na cabeça também. Melhor assim. Afinal, vai que saiam flores lindas que escondi de mim mesma durante tanto tempo? Talvez não suporte…

Cimento nas fantasias também.

E o que os outros pensam então? Cimento em nosso comportamento é importantíssimo, vai que os outros percebam que sou como qualquer um é? Ou que sou muito diferente do que mostro ser? Nem pensar…

Cimento no trabalho, cimento na sua área, na sua equipe, por que meu Deus do céu? É um perigo! Temos que manter a distância dos outros.

As convenções sociais nos pregam muitas peças, nos induzem, nos manipulam e caímos. Eu caí com certeza. Sai comprando mais um monte de sacos de cimento e fui colocando na vida.

Às vezes acho que até coloco um pouco de cimento nos mais próximos a mim, a fim de mantê-los mais durinhos e distantes. É bom. Esfria e provoca menos risco do outro de derreter perto de você e vai que você fique morrendo de vontade de se derreter também? Cimento neles!!!

Vamos cimentando algumas coisas e criamos um muro em volta de nós mesmos. Quanto mais vivemos mais temos a tendência para estocar sacos de cimento.

Hierarquia de cimentos pode ser uma boa estratégia empresarial. Cimentos para se apoiar embaixo e cimento para abrigar sua cabeça, sem esquecer os lados. Nunca sabemos como pode ser amanhã com nossos pares. Então, um pouquinho de cimento nas laterais vai bem.

Ao se deitar para pensar nisso como eu, só não coloque cimento sobre você. Podem achar que você também já se foi e será necessário só um saquinho a mais para cobri-lo, pelo menos dessa vidinha concreta que você tem levado.

Menos cimento, mais vida!

Claudia Vaciloto é Iniciadora e Sócia da Conexões Humanizadas, Psicóloga, Mentora Organizacional para Áreas e Executivos de RH, Facilitadora Certificada e Treinadora Oficial no Brasil do Jogo Miracle Choice, baseado no livro Um Curso em Milagres, Facilitadora de Pintura Espontânea baseada na Teoria Point Zero (Esalen Institute Big Sur California) e Imagens Fotográficas para atendimentos terapêuticos (Sedes Sapientes). Fez carreira em RH passando por empresas como Accenture, EDS, VR, Ability Trade Marketing, onde atuou como Diretora de RH pelos últimos 10 anos. Faz treinamentos e vivências comportamentais para empresas e grupos e atendimentos individuais. Formada em Executive and Life Coaching pelo ICI – Integrated Coaching Institute, assina a Coluna Reflexões e Provocações para Revista Cloud Coaching. Coidealizadora da Plataforma GameYou, que oferece experiências de desenvolvimento através de jogos.
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