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O Cinema na Mente: Como filmes ajudaram a mapear nosso cérebro!

Enquanto você assiste a um bom filme, seu cérebro ativa uma verdadeira sinfonia de conexões. Descubra como neurocientistas do MIT usaram o cinema para mapear 24 redes cerebrais, abrindo caminho para avanços em saúde mental, educação e inteligência artificial.

O Cinema na Mente: Como filmes ajudaram no mapeamento cerebral, segundo o MIT

O Cinema na Mente: Como filmes ajudaram a mapear nosso cérebro!

Prezados leitores, não sou um especialista em neurociência, mas tenho a plena capacidade de resumir (e de alguma forma desenvolver) textos que abordem temáticas interessantes, ainda que de base técnica avançada. E foi por essa razão que eu me atrevi a trazer esta abordagem resumida de um estudo publicado na MIT Technology Review, em espaço dedicado à saúde e biotecnologia. Usando dados coletados de pessoas assistindo a trechos de filmes, os neurocientistas do MIT criaram um mapa abrangente do córtex cerebral, identificando 24 redes que desempenham funções específicas.

Sabe aquela sensação de se perder completamente em um filme? Mergulhar na trama, sentir a emoção dos personagens, tentar desvendar os mistérios da história?

Pois é, acontece que enquanto a gente se diverte, nosso cérebro está trabalhando intensamente. E foi exatamente essa “ginástica cerebral” que um grupo de neurocientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) usou para criar o mapeamento mais detalhado da nossa estrutura cerebral, produzido até hoje. Prepare a pipoca (ou o café, se preferir), porque agora vamos desvendar essa história de forma bem direta e descomplicada.

Por muito tempo, mapear a córtex cerebral – aquela camada enrugada e cinzenta que recobre nosso cérebro, responsável por funções complexas como memória, linguagem, raciocínio e emoções – era um desafio e tanto. Pense em como você descreveria um quarto para alguém que nunca o viu. Você poderia dizer onde está a cama, a escrivaninha, a janela. Mas e se o quarto estivesse em constante movimento, com móveis mudando de lugar e objetos surgindo e desaparecendo? É mais ou menos assim com o cérebro, como afirmam os cientistas.

A maioria dos estudos anteriores de mapeamento cerebral se concentrava no cérebro em “repouso” ou enquanto as pessoas realizavam tarefas muito específicas e repetitivas. Era como tentar entender uma orquestra ouvindo cada instrumento separadamente ou quando eles estão apenas afinando. É útil, sim, mas não dá a real dimensão da sinfonia. Foi aí que a equipe do MIT, liderada pelo neurocientista Reza Rajimehr, teve uma sacada genial: e se em vez de tarefas isoladas, eles usassem algo que ativasse várias regiões do cérebro de forma natural e contínua?

A resposta estava na tela grande: filmes!

Eles colocaram 176 participantes em um scanner de ressonância magnética funcional (fMRI) e os fizeram assistir a uma hora de trechos de filmes de Hollywood, incluindo clássicos como “A Origem”, “Esqueceram de Mim” e “A Rede Social”. Cabe explicar, o fMRI é, basicamente, uma técnica de neuroimagem não invasiva que mede pequenas mudanças no fluxo sanguíneo cerebral. Quando uma área do cérebro está ativa, ela precisa de mais oxigênio e, consequentemente, o fluxo sanguíneo para essa região aumenta. O fMRI capta essas alterações no sinal de oxigenação do sangue e as transforma em imagens detalhadas da atividade cerebral. É como um detector de “pensamentos em ação”.

A grande sacada de usar filmes é que eles são um “estímulo rico”. Eles envolvem múltiplas funções cognitivas e sensoriais ao mesmo tempo: processamento visual (rostos, objetos, cenas), processamento auditivo (diálogo, música, efeitos sonoros), compreensão da linguagem, inferência social, planejamento, memória, emoção etc. É uma ativação cerebral completa e dinâmica, muito mais próxima das nossas experiências no mundo real do que tarefas isoladas.

Com a montanha de dados coletados pelos exames de fMRI, os pesquisadores não usaram apenas os olhos para analisar. Eles empregaram algoritmos de aprendizado de máquina (inteligência artificial, em termos mais coloquiais) para peneirar e organizar a atividade de cada região da corte cerebral. Imagine um supercomputador identificando padrões e agrupamentos onde um olho humano dificilmente conseguiria. Como resultado, obtiveram um impressionante mapeamento com 24 redes neurais distintas na córtex cerebral, cada uma com padrões de atividade e funções diferentes. Essas redes são como os “quarteirões” da nossa cidade cerebral, cada um com sua especialidade.

Algumas dessas redes já eram conhecidas e confirmaram o que os cientistas já suspeitavam: redes responsáveis por processar linguagem, identificar rostos, movimentos e informações auditivas não-verbais.

Mas o estudo foi além e revelou surpresas:

  • Uma nova rede no córtex pré-frontal: Essa área, tradicionalmente ligada ao planejamento e tomada de decisões, mostrou-se altamente responsiva a cenas visuais complexas. Isso sugere um papel que antes não era tão apreciado para essa região no processamento visual de cenários.
  • A “dança” do controle executivo: Os pesquisadores notaram uma interação interessante entre as redes de “controle executivo” (responsáveis por planejar e executar comportamentos orientados a objetivos) e as redes mais específicas (como as de reconhecimento de rostos ou linguagem). Quando as cenas dos filmes eram mais complexas ou difíceis de seguir, as redes de controle executivo se tornavam dominantes. Já em cenas mais simples e compreensíveis, as áreas específicas para aquela função (como as de linguagem para um diálogo claro) assumiam o protagonismo. É quase como se o cérebro tivesse um “gerente” que entra em ação quando as coisas ficam confusas.

É importante mencionar que os dados utilizados neste estudo vêm de uma iniciativa maior e fundamental chamada “Human Connectome Project”. Esse projeto visa construir um mapeamento abrangente das conexões neurais no cérebro humano, tanto estruturais quanto funcionais. É uma espécie de “Google Maps” do cérebro, com informações detalhadas das “estradas” (conexões) e do “tráfego” (atividade) neural. O estudo do MIT, ao usar dados de alta resolução de scanners fMRI de 7-Tesla (que oferecem uma resolução muito maior do que os scanners comuns), se encaixa perfeitamente nesse objetivo.

E agora podemos perguntar: Mas o que isso muda na nossa vida? Eis aqui algumas respostas!

  1. Entendimento fundamental: Esse mapeamento fornece uma base sólida para entendermos como o cérebro humano funciona. É como construir um manual de instruções mais completo para a máquina mais complexa que conhecemos.
  2. Saúde mental e neurológica: Um mapa detalhado pode ajudar a identificar disfunções em redes cerebrais específicas que estão ligadas a doenças neurológicas (como Alzheimer, Parkinson) e transtornos psiquiátricos (depressão e esquizofrenia. Por exemplo). Isso pode levar a diagnósticos mais precisos e, futuramente, a tratamentos mais eficazes e personalizados.
  3. Desenvolvimento de I.A. mais sofisticada: Ao entender como o cérebro processa informações complexas e interage com estímulos naturais, podemos inspirar o desenvolvimento de algoritmos (inteligências artificiais) e sistemas de aprendizado de máquina mais robustos e que simulem melhor a cognição humana.
  4. Educação e aprendizado: Se soubermos como diferentes redes cerebrais são ativadas e se comunicam durante o aprendizado, podemos desenvolver métodos educacionais mais eficazes e personalizados.

Por fim, esse estudo do MIT é um marco importante na neurociência.

Ele não só confirmou achados anteriores, mas também desvendou novas redes e interações, mostrando a eficácia de usar estímulos naturais e complexos como filmes para mapear o cérebro. Ainda há um longo caminho a percorrer, é claro. Mas a cada nova descoberta como essa, nos aproximamos de entender o funcionamento completo da nossa mente. E quem diria que, para isso, tudo o que precisávamos era de uma boa sessão de cinema?

Eu sou Mario Divo e posso ser encontrado pelas mídias sociais ou pelo site www.mariodivo.com.br.


Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre como o uso de filmes pode revolucionar o entendimento do cérebro humano, ajudando no mapeamento cerebral para impulsionar descobertas em saúde mental, educação e inteligência artificial? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Até nossa próxima postagem!

Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br

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Fontes / Para Saber Mais:


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Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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