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Manteiga ou Margarina? Afinal, qual é a escolha mais saudável?

Recentemente, houve um debate entre nutricionistas nas redes sociais sobre os benefícios da manteiga versus margarina. Afinal, qual é a escolha mais saudável?

Manteiga ou Margarina? Afinal, qual é a escolha mais saudável?

Manteiga ou Margarina? Afinal, qual é a escolha mais saudável?

Recentemente, houve um debate entre nutricionistas nas redes sociais sobre os benefícios da manteiga versus margarina, e qual seria melhor consumir. No artigo de hoje, gostaria de deixar meu ponto de vista com informações embasadas a respeito desse tema. Para isso, inevitavelmente precisarei trazer um pouco de termos técnicos para contextualizar.

Como é feita a margarina? 

Antigamente, a margarina era produzida por meio de um processo de hidrogenação parcial de óleos vegetais, formando a conhecida gordura trans. Essa gordura era utilizada para conferir maior crocância, estabilidade, sabor e aumentar o prazo de validade dos alimentos.

Após pesquisas e comprovações de que gorduras contendo esses ácidos graxos trans eram maléficas à saúde, a indústria precisou se reinventar e utilizar outro tipo de gordura que conferisse as mesmas características para produção da margarina, mas também de outros alimentos ultraprocessados, como biscoitos, sorvetes, doces, salgadinhos de pacote, alguns congelados, entre outros. Dessa forma, passou-se a utilizar a gordura interesterificada.

Isso não significa que esses alimentos são livres de gorduras trans. Existe uma legislação, criada em 2006, que permite que a quantidade de gordura trans seja omitida do rótulo se for inferior a 0,2 gramas por porção.

É importante esclarecer também que a margarina não é um veneno, não é tóxica, não contém plástico e não é a vilã responsável por causar doenças. Nenhum alimento por si só tem esse poder.

O que é gordura interesterificada? 

Esse tipo de gordura é obtido por meio de um processo químico ou enzimático entre misturas gordurosas sólidas e saturadas com óleos vegetais. O processo de interesterificação promove um rearranjo de moléculas de ácidos graxos dentro da cadeia molecular dessas gorduras, formando outras com novas propriedades físicas, químicas e organolépticas. O resultado é a formação de uma gordura sem a presença de ácidos graxos trans – ou uma pequena parcela deles – porém altamente saturada.

Até o presente momento, não há evidências científicas que permitam concluir o efeito do processo de interesterificação das gorduras sobre parâmetros metabólicos e desfechos cardiovasculares. Existem somente algumas hipóteses de que ela possa gerar alterações no metabolismo da glicose, dos triglicerídeos e do LDL (colesterol ruim). Entretanto, mais estudos em humanos são necessários para se obter qualquer conclusão. 

E a manteiga, do que é composta? 

A manteiga é um produto alimentício derivado da gordura do leite e essa é sua composição basicamente. Sua produção é bem mais simples e a gordura presente nela não é produzida artificialmente. No entanto, essa gordura do leite possui basicamente ácidos graxos saturados, colesterol e pode conter até mesmo uma pequena parcela de ácidos graxos trans presentes naturalmente.

O ponto principal, nesse caso, para o questionamento sobre ser melhor ou não que a margarina é devido a presença de gordura saturada.

Por qual optar então? Manteiga ou margarina?

Já adianto que para essa pergunta não existe uma resposta certa e um consenso. Alguns profissionais podem defender o uso da manteiga em detrimento da margarina, principalmente por ser mais natural. Outros podem afirmar que a margarina é melhor devido o enriquecimento de algumas com fitoesteróis (substâncias semelhantes ao colesterol, produzidas pelas plantas, que competem com o colesterol consumido na dieta e diminuem sua absorção) e ômega 3, que auxiliam no controle do colesterol.

O meu ponto de vista em relação a essa escolha é que a diferença entre uma e outra, no meio de todo contexto alimentar, é pouco significativa. São dois alimentos que devemos consumir com parcimônia e em pequena quantidade.

Não acredito que nenhum benefício ou malefício à saúde se derivará dessa escolha específica, até porque esses tipos de gordura estão presentes em outros alimentos que possuem alto consumo (citados anteriormente), não só na manteiga e margarina.

Não se pode ignorar a complexidade do contexto alimentar, padrões dietéticos e escolhas alimentares individuais. Sendo assim, opte por aquela que você preferir!

Entretanto, se eu tivesse obrigatoriamente que indicar uma delas pensando em uma recomendação mais generalista, indicaria a manteiga. Da mesma forma que não conhecíamos os efeitos da gordura trans na saúde, ainda não conhecemos verdadeiramente os efeitos da gordura interesterificada presente na margarina no nosso organismo.

Espero que esse texto tenha ajudado a desmistificar a questão da escolha de um alimento em detrimento de outro pensando na saúde, principalmente quando seu consumo é pouco representativo, visto a pouca diferença em meio ao todo. 

Gostou do artigo? Quer mais dicas sobre a manteiga e a margarina? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Até a próxima!

Viviani Marcon
https://www.instagram.com/vivianimarcon/

Referências 

Alfieri A, Imperlini E, Nigro E, et al. Effects of Plant Oil Interesterified Triacylglycerols on Lipemia and Human Health. Int J Mol Sci. 2017;19(104):1-11.

E. Mills et al. What are interesterified fats and should we be worried about them in our diet? 7 British Nutrition Foundation Nutrition Bulletin, 2017; 42, 153158. 

Izar MCO, Lottenberg AM, Giraldez VZR, Santos Filho RDS, Machado RM, Bertolami A, et al. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):160-212. 

Liu et al. Theoretical effects of substituting butter with margarine on risk of cardiovascular disease. Epidemiology. 2017 January; 28(1): 145–156.

Confira também: Por que a Alimentação deve ir além dos Nutrientes e Calorias?

 

Viviani Marcon é Engenheira de Alimentos pela Universidade de São Paulo e graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Possui experiência profissional na área da Engenharia em indústria alimentícia, laboratórios de pesquisa da USP – FZEA e da University of Missouri (Columbia – EUA) e consultoria em inovação pelo SEBRAE-SP. Na área da Nutrição, foi membro da Liga Acadêmica de Nutrição Esportiva (LANESC); trabalhou com nutrição comportamental na SDS Nutrition, empresa coordenada pela nutricionista e Dra. Sophie Deram; desenvolveu, juntamente com uma equipe de profissionais, projeto de Iniciação Científica em educação alimentar – PEDUCA, cujo objetivo é oferecer formação aos educadores das escolas estaduais do Estado de São Paulo sobre alimentação saudável; é certificada como Coach de Saúde e Bem-estar pela Carevolution, e atualmente trabalha na área de nutrição clínica hospitalar, ajudando a desenvolver novo protocolo com foco em melhores desfechos clínicos dos pacientes.
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