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Será que vamos todos envelhecer com saúde?

Será que chegaremos ao ponto em que teremos vidas mais longas, não como fardo ou com problemas crônicos, mas sim como benefício e gerando mais contribuição à sociedade?

Longevidade: Será que vamos todos envelhecer com saúde?

Longevidade: Será que vamos todos envelhecer com saúde?

Recentemente, eu idealizei o desafio de escrever sobre questões que fazem parte do nosso cotidiano. Contudo, com um foco naquilo que especialistas e estudiosos projetam para o futuro. Uma das principais preocupações de qualquer gestor está na saúde plena dos seus colaboradores. E, certamente, na sua própria saúde e na dos seus familiares. Mas como podemos olhar essa questão estrategicamente, com base em pressupostos técnicos e científicos?

Para responder essa questão, vou me basear em estudo publicado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial. O estudo aplicou recursos de Inteligência Estratégica para ajudar as pessoas a melhor entenderem as forças complexas que impulsionam a mudança transformacional nas economias e em assuntos de interesse global. Esta postagem é a síntese do trabalho realizado por Martha Deevy, Diretora Associada e Acadêmica de Pesquisa Sênior, e Ken Smith, Acadêmico de Pesquisa Sênior. Ambos do Centro de Longevidade de Stanford, além da participação de bolsistas convidados.

A expectativa de vida na maioria dos países praticamente dobrou desde 1900, marcando uma das maiores conquistas da história humana. Em contrapartida, avanços científicos e novos papéis sociais são necessários para que os idosos possam viver com propósito e dignidade. Além de simplesmente adicionar anos, o principal objetivo dos cientistas está em melhorar a qualidade de vida na longevidade. Com a iniciativa de criar um mapa (“A New Map of Life”, reproduzido aqui como está no original), a equipe de estudo buscou apontar como modificar a natureza da educação, reformular as trajetórias de vida profissional, alinhar estilos de vida e sistemas de saúde, tudo voltado para a vida feliz e produtiva.

Em última análise, será que chegaremos, de fato, ao ponto em que teremos vidas mais longas? Não como fardo ou com problemas crônicos, mas sim como benefício e gerando mais contribuição à sociedade?

Longevidade: Será que vamos todos envelhecer com saúde?
A New Map of Life

Como podemos identificar no mapa acima, essa longevidade com saúde e benefícios é viável e está baseada em oito pilares que são fundamentais:

1. Relacionamento Intergeracional

Para que a longevidade seja valorizada e celebrada, a compreensão intergeracional é necessária. Pela primeira vez na história humana, cinco gerações diferentes estão rotineiramente convivendo, ao mesmo tempo. Na medida em que mais pessoas vivem até idades avançadas, as sociedades estão se tornando mais diversificadas, criando assim as oportunidades de interação com diferentes faixas etárias.

Pesquisas mostram que, quando adultos mais velhos ajudam os filhos e os netos, eles ficam menos deprimidos, mais engajados e saudáveis ​​fisicamente. Desenvolver laços sociais com adultos mais velhos também é uma boa prática para os jovens. Os adolescentes, em particular, se beneficiam da orientação de adultos em termos de bem-estar mental, taxas de conclusão do ensino médio e resultados positivos na vida. Muitos locais de trabalho tornaram-se mais diversificados por idade, e as relações intergeracionais intensas podem ser boas até para as economias.

Há estudos sugerindo que as forças de trabalho com pessoas de diferentes gerações são relativamente mais inovadoras e produtivas. Contudo, é importante eliminar algumas possibilidades sombrias, pois se quisermos viver em uma sociedade que genuinamente valorize e celebre a longevidade, são necessários esforços para desencorajar preconceitos e encorajar a citada compreensão intergeracional.

2. Cidades orientadas à longevidade

Projetar áreas urbanas que proporcionem acesso equitativo a estilos saudáveis ​​de vida é outro fundamento. Há mais de uma década, a Organização Mundial da Saúde delineou o conceito de cidades prontas para o envelhecimento, idealizando um ambiente urbano que afeta positivamente a trajetória de vida dos cidadãos. Ou seja, devemos ter a oferta crescente de um meio ambiente orientado para a saúde mental e a física, com bairros e comunidades associados a menos riscos relacionados a doenças cardiovasculares e respiratórias, incluindo o bem-estar emocional, além da expectativa de vida geral.

O acesso a espaços verdes e a áreas com menos poluição tem sido consistentemente associado a uma boa saúde física e mental, tanto para crianças quanto para idosos. As áreas com altas taxas de criminalidade, por outro lado, limitam o acesso aos espaços ao ar livre devido a questões de segurança. Projetar e manter ambientes de vida prontos para a longevidade é crucial, até pelo incentivo a uma maior conexão entre as pessoas (pessoas solitárias são mais suscetíveis a doenças de natureza física e mental). A existência de recursos públicos que apoiam a coesão da comunidade, e reforçam a saúde, é ainda mais essencial para quem vive na pobreza, em que há menor expectativa de vida.

3. Longevidade e Educação

Para uma expectativa de vida mais longa e saudável, devem existir políticas públicas que favoreçam a educação continuada para adultos. Em todo o mundo, as pessoas que conseguem completar mais anos de escolaridade tendem a ter vida mais saudável e longa, independentemente do nível de desenvolvimento de seu país. A escolaridade desenvolve funções cognitivas básicas, tais como ler, escrever e se comunicar, e pode ajudar as pessoas a pensarem logicamente, analisarem criticamente as informações que circulam, resolverem problemas e colocarem algum planejamento em prática.

O ensino continuado é chave na conquista de empregos estáveis ​​e bem remunerados o que, por sua vez, ajuda a pagar por alimentos nutritivos, moradia de melhor qualidade e assistência médica adequada. Além disso, a educação pode promover estilos de vida saudáveis, pois pessoas altamente educadas tendem a usar os seus conhecimentos e habilidades para acessar informações que as ajudem a evitar riscos relacionados à saúde (exemplos de não fumar, reduzir o consumo de álcool e praticar exercícios físicos). A educação também fornece recursos sociopsicológicos que auxiliam na saúde e na longevidade.

4. Longevidade e Estilo de vida

As escolhas relacionadas ao estilo de vida estão fortemente correlacionadas com quase todos os resultados de saúde – incluindo doenças cardíacas, diabetes e câncer. Mais inovação é necessária para incentivar escolhas saudáveis ​​pelas pessoas, incluindo eventuais diferenças relacionadas com idade, posição socioeconômica, gênero e estrutura físico-corpórea. Vidas saudáveis ​​começam com movimento e estilo de vida fisicamente ativo é crucial. E não se deve deixar de lado a motivação e o engajamento para programas de nutrição, tanto voltados ao curto prazo como para o longo prazo.

Sabemos que programas básicos de exercícios físicos, sejam para ambientes domésticos ou nas empresas, podem melhorar os resultados em saúde. Muitas vezes, isso é conquistado ao incluir pequenas atividades às rotinas diárias, em que melhores resultados são alcançados com o equilíbrio de exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular. Atividades como correr ou andar de bicicleta proporcionam benefícios cardiovasculares, enquanto exercícios de força podem aumentar a resiliência da saúde e diminuir a sarcopenia (perda de tecido muscular devido ao envelhecimento) e a osteopenia (a perda de massa óssea à medida que envelhecemos).

5. Tecnologia e Inovação para a longevidade

A tecnologia e a inovação criaram algumas das oportunidades mais promissoras para melhorarem a qualidade de vida e reduzirem as desigualdades, com soluções abrangentes e de baixo custo. A prevalência de telefones celulares ilustra um caminho para atender às necessidades de educação e treinamento, em todas as idades e grupos sociais. E a inovação deve ser incentivada em todos os níveis, o que até inspirou a criação do Challenge 2021, pelo Stanford Center on Longevity Design, reunindo virtualmente jovens designers para projetarem conceitos e critérios orientados a uma vida mais longa e produtiva (foram 200 equipes universitárias de 37 países que participaram do desafio).

Sob certas condições, as tecnologias podem melhorar questões em saúde. Por exemplo, o atendimento remoto e os dispositivos de monitoramento de saúde que podem fornecer, remotamente, medições constantes. Embora não haja como substituir totalmente a interação pessoal, as tecnologias sociais e a realidade virtual podem mitigar parcialmente a solidão que afeta a sociedade. E as interfaces baseadas em voz podem ser particularmente úteis para ultrapassar a divisão digital entre jovens e idosos, tornando a tecnologia amigável e intuitiva. Uma ressalva que acompanha as soluções digitais, no entanto, é que elas precisam ser desenvolvidas e implantadas preservando a privacidade e a dignidade.

Fora do mundo digital, são necessários mais dispositivos físicos para ajudar os cuidadores e as forças de trabalho mais velhas. Dispositivos que promovem a mobilidade pessoal aumentam a independência, mesmo diante de doenças crônicas. Envolvem desde dispositivos robóticos e assistivos até grandes tendências tecnológicas, como carros autônomos. Em todos os casos, as empresas e os governos precisam manter escalabilidade e acessibilidade para que os benefícios conquistados cheguem a todos os segmentos da sociedade.

6. Trabalhando por mais tempo

Nos últimos 50 anos, a vida média laboral nos países desenvolvidos mudou drasticamente, transformando a conjugação entre educação, trabalho, criação de filhos e aposentadoria. Cada vez mais as pessoas investem retreinamento e requalificação. As mulheres entraram na força de trabalho em maior número, mudando assim as normas sociais à medida que se tornaram provedoras de renda essenciais. Quem antes idealizava carreira longa em uma única empresa, agora frequentemente trabalha para vários empregadores. As economias de trabalho temporário e informal cresceram rapidamente, tornando-se potencialmente o modo preferido (ou necessário) para parcelas maiores da população.

Por outro lado, há quem esteja trabalhando por mais tempo porque não está preparado(a) para a aposentadoria. Enquanto outras pessoas permanecem ativas porque encontram propósito nos seus empregos. E há quem abandone o trabalho mais cedo, devido a deficiências ou perda de emprego, buscando alternativas. Todas essas mudanças geraram impactos no que antes envolvia educação, trabalho, aposentadoria e vida pessoal. Em geral, as pessoas terão que ser mais realistas sobre o seu papel, pessoal e profissional. Para garantir que estejam preparadas para o momento da aposentadoria, enquanto as políticas públicas devem se adequar às mudanças sociais cada vez mais marcantes.

7. Saúde e Vida Longa

O crescimento da telemedicina relacionado à pandemia pode expandir o acesso a serviços de melhoria da saúde, principalmente para idosos. Embora a natureza e a qualidade dos sistemas de saúde variem amplamente em todo o mundo, o acesso aos cuidados de saúde é necessidade universal para garantir vidas mais longas e saudáveis. Enquanto o tempo médio de vida tem sido considerado uma medida viável da saúde, mais recentemente a atenção se voltou para a medição e promoção do “tempo de saúde”. Ou seja, a duração do tempo da vida que pode ser considerada ativa e saudável. Embora a expectativa de vida média tenha aumentado devido a melhorias no tratamento de doenças agudas, também aconteceu o aumento nas doenças crônicas, nas quais a idade e as escolhas de estilo de vida são fatores de risco que se manifestam ao longo de décadas.

Atualmente, existem várias medidas para avaliar a extensão da saúde, cada um com limitações. No entanto, concentrar-se na duração da saúde ao longo do tempo de vida ativa oferece melhor e mais completa visão como métrica. E isso serve inclusive para orientar os potenciais investimentos nacionais em saúde, sejam públicos ou privados. Além disso, a medição do tempo de saúde pode ajudar os profissionais da área a optarem pela intervenção certa no momento certo. Agregando aos serviços de saúde oferecidos o máximo de benefícios ao longo da vida de um paciente.

8. Segurança Financeira na longevidade

A segurança financeira está fortemente ligada aos níveis de saúde, felicidade e longevidade. Contudo, como grande parte do mundo experimenta disparidades de renda e incertezas, as pessoas enfrentam sérios problemas financeiros, principalmente quando se aproximam da aposentadoria;  se e quando podem se aposentar. Os pilares institucionais que sustentam a segurança financeira, principalmente de idosos, incluem sistemas de proteção social, programas de seguridade social. Além disso, pensões (tanto de benefício definido como de contribuição definida) e poupança pessoal. Na maior parte do mundo desenvolvido, há um descompasso entre as expectativas das pessoas quanto à idade em que desejam se aposentar e a quantidade de dinheiro necessária para financiar essa aposentadoria.

Os pilares institucionais citados estão sendo desafiados pelo envelhecimento demográfico e pelas mudanças no trabalho e na vida pessoal.  Em meio a preocupações crescentes e ao aumento da responsabilidade individual na preparação para a aposentadoria, a educação financeira tornou-se um conjunto de habilidades relevantes. Ela deve começar cedo e ser oferecida ao longo dos anos de trabalho ativo. Incluindo instruções sobre saúde e bem-estar, gerenciamento de problemas e custos médicos, bem como financiar as nossas vidas cada vez mais longas. Os programas de pensões e poupanças devem ser simples e compreensíveis. Facilmente acessíveis e transparentes. E portáteis para acompanharem as pessoas à medida que se transferem para um novo emprego. Além disso, as políticas públicas devem garantir programas de seguridade social solventes, sustentáveis ​​e confiáveis.

Finalizando esta postagem, que tanto vale para alguém no seu papel de gestor como para o momento pessoal em família, vale relembrar que o foco está em apontar que preocupações e decisões ligadas à saúde sustentável estará cada vez mais presente no seu futuro, exigindo reflexão e até revisão dos seus hábitos.

O ”Mapa da Vida”, criado a partir do estudo publicado pelo Fórum Econômico Mundial, pode ajudar na exploração mais detalhada das conexões entre os oito pilares indicados, associados a muitas outras forças transformacionais. Ao tempo em que é altamente recomendável aos leitores que façam uma imersão no assunto. Agradeço os comentários que possam contribuir ainda mais com este espaço. Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou, então, acesse meu site https://www.mariodivo.com.br/.

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre longevidade com saúde e outras questões ligadas à gestão empresarial? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Um forte abraço!

Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br

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Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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