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Liberdade de Expressão vs. Respeito: Onde Está o Limite?

Em tempos de polarização extrema, até onde vai o seu direito de se expressar? Descubra como equilibrar liberdade de expressão e respeito, evitando que discursos de ódio se escondam atrás do humor e da opinião.

Liberdade de Expressão vs. Respeito: Onde Está o Limite?

Liberdade de Expressão vs. Respeito: Onde Está o Limite?

Vivemos um momento na sociedade de grande polarização, incentivada pela política e políticos, pois, obviamente eles têm muito a ganhar, uma vez que torna mais simples a manipulação da opinião pública.

Essa simplificação é especialmente eficaz em campanhas eleitorais, onde o tempo é curto, o espaço é limitado e a competição por atenção é intensa. Em vez de apresentar programas técnicos complexos, os partidos criam slogans fortes e imagens de contraste que atingem diretamente as emoções.

Tendem a construir narrativas dicotômicas e emocionais: nós contra eles, progresso contra retrocesso, o povo contra a elite, incitar a população contra as instituições e criar a figura de um salvador da pátria. Esse tipo de retórica simplifica a realidade política e torna a mensagem mais acessível e mobilizadora para o eleitorado.


Nas semanas anteriores tivemos alguns episódios no Brasil que chamaram a atenção:


A Ministra Marina Silva sendo atacada no Senado por senadores, claramente um episódio de violência política de gênero, apesar da tentativa de disfarçar a intenção. “A mulher merece respeito, a ministra não”, disse o senador Plínio Valério (PSDB-AM). A fala, acompanhada de interrupções e ataques reiterados, culminou com a frase de outro senador de que Marina deveria “se pôr no seu lugar”.

O caso é, sem dúvida, agravado quando pensamos na representatividade de Marina Silva, 67 anos, mulher, negra, de origem periférica. Uma pessoa que “furou a bolha” e tornou-se historiadora, professora, psicopedagoga, ambientalista respeitada mundialmente e política brasileira.

Não demorou para que essa história de vida fosse, de fato, apagada. Argumentos vazios criados e ofensas proferidas nas redes sociais, por determinados grupos, em relação à Ministra Marina Silva, enquanto outras pessoas se mobilizaram para expressar sua indignação pelo desrespeito ocorrido naquela ocasião.

Outro fato muito noticiado foi a condenação do humorista Léo Lins a 8 anos de prisão em regime fechado e ao pagamento de multas e indenizações que somam R$ 1,8 milhões de reais. A Justiça entendeu que Léo Lins violou duas legislações federais: a Lei do Combate ao Racismo e o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

A primeira criminaliza a incitação ao preconceito por motivos de raça, cor, etnia, religião ou origem nacional, prevendo aumento de pena quando o crime é cometido pela internet ou em contexto artístico. A punição se torna ainda mais severa, se o conteúdo estiver sob o pretexto de humor ou recreação.

Já o artigo 88 do Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê reclusão para quem discriminar pessoas com deficiência, com pena agravada quando a ofensa é veiculada por meios de comunicação.


Da mesma forma, a polarização se fez presente.


A defesa do humorista classificou a decisão como uma ameaça à liberdade criativa e acusou a Justiça de promover a “criminalização do humor”. Alguns humoristas se viram ameaçados e vieram às redes reclamar de censura, políticos propondo projetos de lei que protegem os humoristas concedendo ampla imunidade penal a humoristas e demais criadores e difusores de conteúdo cômico no Brasil.

Outras pessoas, a quem me junto, concordaram com a punição e criticaram a postura do humorista.


A questão é: Qual o limite desta liberdade criativa?


A liberdade de expressão é um dos pilares fundamentais das sociedades democráticas. Ela garante ao indivíduo o direito de manifestar ideias, opiniões, crenças e sentimentos sem medo de censura ou represálias do Estado.

No entanto, essa liberdade não é absoluta. Em sociedades plurais, onde convivem diferentes valores, culturas e identidades, o exercício da liberdade de expressão precisa ser, constantemente, equilibrado com outro princípio essencial: o respeito ao outro.

A liberdade de expressão é, de fato, protegida por diversas constituições e tratados internacionais. No Brasil, por exemplo, ela está garantida no artigo 5º da Constituição Federal. No entanto, o mesmo artigo também impõe limites, ao afirmar que é vedado o anonimato e que a manifestação deve respeitar os direitos de terceiros.

Isso significa que ninguém pode usar sua liberdade de expressão para incitar o ódio, promover a violência, disseminar desinformação deliberada ou ofender a dignidade de outras pessoas. Quando a expressão ultrapassa o limite do debate saudável e passa a ferir direitos fundamentais — como a honra, a imagem ou a integridade de alguém — ela deixa de ser protegida.

As piadas de Léo Lins (exemplos abaixo) extrapolam qualquer bom senso. Não é mais uma piada comum. Fere a dignidade de pessoas, reforça estereótipos, dá aval a preconceitos.

 “Uma vez eu estava num evento, o garçom chegou para mim: ‘Você quer um uísque com energético?’
Eu falei, tá maluco, rapaz? O uísque para mim tem que ser igual à mulher. Puro e com 12 anos.”

“Sou totalmente contra a pedofilia, sou mais a favor do incesto, se for abusar de uma criança, abusa do seu filho, ele vai fazer o quê? Contar para o pai?”.

“Adoro comer e não gosto de fazer exercício. Como vou emagrecer? Pegando Aids!” 

As menções acima deveriam causar náuseas e repulsa a qualquer cidadão minimamente humano. Não é passível de justificativa ou relativização. Não é uma questão de gosto. Ambas validam o que há de pior na sociedade.


O Respeito como Bússola Moral

O respeito é a base da convivência em sociedade. Ele implica reconhecer a dignidade e os direitos dos outros, mesmo (ou principalmente) quando suas opiniões diferem das nossas. A liberdade de expressão não deveria ser, de forma alguma, usada como escudo para ofensas, preconceitos ou discursos discriminatórios.

A liberdade de expressão e o respeito não são inimigos, mas sim complementares. Uma sociedade justa e democrática precisa proteger o direito de falar, mas também o direito de não ser ofendido ou violentado em sua dignidade. O desafio é encontrar esse equilíbrio — e isso exige educação, empatia e responsabilidade.


Gostou do artigo? 

Quer saber mais como equilibrar liberdade de expressão e respeito aos direitos humanos em uma sociedade plural e democrática? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.

Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/

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Pós-Graduado em Tecnologia Assistiva pela Fundação Santo André. Pós-graduado em Psicologia Organizacional pela UMESP e Graduado em Psicologia pela UNIMARCO. Extensão em Gestão de Diversidade pela PUC. Credenciado em Holomentoring, Coaching e Advice pelo Instituto Holos. Formação em Coaching Profissional pela Crescimentum. Formação em Facilitação Digital pela Crescimentum, Formação em RH e Mindset Ágil pela Crescimentum. Formado como analista DISC.Vivência de 30 anos na área de RH em empresas como Di Cicco., Laboratório Delboni Auriemo, Wal Mart, Compugraf, Mestra Segurança do Trabalho.Atualmente é Diretor da TRAINING PEOPLE responsável pela estratégia e coordenação de equipe multidisciplinar especializada em temas como Diversidade, Liderança e Gestão, Vendas, Educação Financeira, Comunicação.Presidente e Fundador do Instituto Bússola Jovem, projeto social com foco em jovens em situação de vulnerabilidade social que tem por missão transformar vidas através da Educação, Empregabilidade, Orientação de Carreira e Saúde Mental.Colunista da plataforma de desenvolvimento Cloud Coaching. Coautor dos livros: Segredos do sucesso: da teoria ao topo. Gestão Humanizada de Pessoas. O Matuto Corporativo. Coordenador e coautor dos livros Diversidade em suas dimensões – Volume I, II e III. Professor de MBA da FIAP da disciplina de Diversidade, Equidade e Inclusão.
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