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Hoje acordei triste!

“Pela primeira vez na minha vida, devo admitir que fiz questão de votar...” Conheça a história frustrante, vivida por nossa colunista que mora na Inglaterra, mas que resultou em uma lição de civilidade.

Pela primeira vez, devo admitir na minha vida: fiz questão de votar, e hoje, não posso. Aprendi com o meu marido inglês que o voto vale sim, que cada voto vale. E o meu, pela segunda vez nesta eleição, não valerá nada… ou valerá para algo que eu não acredito… não é justo.

Na Inglaterra, o voto é opcional. E as pessoas querem votar! Meu marido, por exemplo, sempre pede pelo formulário de voto pelo correio, quando sabe que não estará presente no país dele no dia da votação. Eu, sendo brasileira, (vergonhosamente) achava isso uma pieguice… Até entender e aprender… o meu voto vale sim, que bom!

Ontem e hoje eu conversei com a minha Amanda (9 anos recém feitos) da minha determinação de ir votar neste domingo. Ela perguntou se teríamos que ir até o Brasil, eu expliquei que não. Para ela, ter que pegar 2 ou 3 trens debaixo de chuva, é quase tão complicado quanto ir ao Brasil, sem o beneficio da praia no fim, e do abraço da vovó e da dindinha… o que é bem pior, mas ela iria! Já estava programando a hora que sairíamos… Até que li no site da embaixada de Londres que eu deveria ter pedido a transferência do meu voto pra cá anteriormente, por isso, hoje não poderei votar… minha filha está desolada e o consolo que tenho que dar a ela nos dá a ambas uma lição de civilidade.

Na segunda feira o resultado sairá, o Brasil inteiro será afetado, e nós daqui teremos ou não motivos para nos orgulharmos… e eu não terei nada a ver com isso! Por isso, hoje acordei triste. E ficarei quietamente triste pelos próximos 4 anos, mesmo que o meu candidato ganhe. Menos triste, é claro, no caso dele ganhar, mas continuo não merecedora. O meu voto, não valeu!

Hoje aprendi o valor da eleição, o valor de votar e principalmente o valor do “meu” voto. Minha filha aprendeu, não como fato consumado, como é importante votar. Como brasileira. Ela escreveu um artigo a repeito da corrupção e do “petrolão”. Amanda ama escrever, já ganhou vários prêmios na escola. Um dia eu publicarei um artigo dela, com orgulho!

Meu voto: Anulá-lo? Não utilizá-lo? É tudo isso que eu penso de mim mesma? Da minha opinião? Com o tempo, a gente aprende…

Hoje eu teria votado, teria tomado três trens e caminhado embaixo de chuva e frio com a minha Amanda, se eu pudesse. E teria voltado pelo mesmo caminho, orgulhosa. Na verdade, orgulhosas… Amanda também queria que eu votasse, mas não votarei fisicamente, agora somente posso solicitar com o coração. Não será computado, mas será valido, é isso que eu quero. Ou, provavelmente, será apenas um voto de que eu “não quero mais”…?

Tem quem fale: você não sabe de nada, não está vivendo aqui… não vê o JN nem lê a Veja todas as semanas… e eu me pergunto o quanto eu sei mais do que aqueles que dizem que sabem… nem quero competir, é claro, mas além da Veja, que leio, sim, no meu Ipad todas as semanas, além do G1 que leio e assisto diariamente, também leio o Telegraph, o Times, especialmente o Sunday Times e tantas outras publicações europeias e americanas. Eu não deixei de ser brasileira, sei de cada tiroteio que acontece, quando é relevante também.

Sim, acho que me viciei em leitura de jornais nos últimos 4 anos, e quanto mais distante os meus brasileiros se acham de mim, mais estamos próximos de verdade, porque eu estou informada não somente do que sai na Veja e nos jornais de domingo, mas do que sai nos jornais de domingo na Inglaterra, EUA e Península Ibérica a respeito do Brasil!

Não estou me gabando, apenas comunicando que estou triste. Eu queria votar hoje, como nunca antes quis. E não poderei. Me sinto privada de um poder que me foi outorgado. Ficarei em casa, acompanharei o jornal, e pensarei que o meu voto não participou (ou participou de forma errônea) dos números que serão divulgados.

Eu valorizei o meu voto, e não pude exercê-lo, por isso, estou triste hoje.

Boa sorte ao Brasil!

Andrea Lages Author
⚙️ Lambent
Andrea Lages é a brasileira com a maior experiência internacional em Coaching. Ela já treinou centenas de pessoas de mais de 30 países e possui uma lista de clientes provenientes de vários países. Ela é co-fundadora e diretora global da ICC – International Coaching Community, uma das maiores organizações de Coaching do mundo, com sede na Inglaterra e presença em todos os continentes. É também fundadora e CEO da Lambent, uma empresa que oferece Coaching e treinamento para empresas e indivíduos, no Brasil e no mundo. Andrea é co-autora com Joseph O’Connor dos livros “Coaching com PNL – Como ser um Master Coach”, já traduzido para 11 idiomas, e do livro “Como o Coaching Funciona”, livro recomendado ao prêmio Best Business Book of the Year, do jornal Financial Times de Londres além de outros 5 e-books de Coaching.
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