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Gestão da Mudança Cultural: A Urgência do Cuidar dos Comportamentos nas Organizações

Transformar processos é fácil. O verdadeiro desafio está em mudar comportamentos. Descubra como liderar a gestão da mudança cultural com intencionalidade, engajar pessoas e alinhar sua cultura à NR-1 — com clareza, presença e estratégia.

Gestão da Mudança Cultural: A Urgência do Cuidar dos Comportamentos nas Organizações

Gestão da Mudança Cultural: A Urgência do Cuidar dos Comportamentos nas Organizações

Estava visitando os padrinhos da minha filha no fim de semana e em uma conversa simples e amistosa surge a frase: tudo está mudando a toda hora, estamos vivendo na pele todos os tipos de mudança em todas as áreas da vida e de maneira contínua. Você deve estar atarefada com seu trabalho, né?

A esta altura da conversa, pensei, além de estar inserida neste mar de mudanças, percebi de imediato que boa parte ou quase a totalidade do meu trabalho está ligada ao comportamento das organizações e ao comportamento das pessoas que as compõem.

Sim, comportamentos provocados por: fusões, reestruturações, transformações digitais, implementação de novos sistemas, desenhos de novos processos, mudanças de board, revisão de valores, RHs redefinindo sua atuação, construções de novas áreas e, sobretudo, exigências regulatórias. Em meio a esse cenário, um dos aspectos mais críticos e, muitas vezes, negligenciados, é a gestão da mudança cultural e comportamental dentro das empresas.

Transformar um processo e implementar sistemas é relativamente simples. Existem plataformas criadas para auxiliar. Transformar mentalidades, hábitos e comportamentos não. E é justamente aí que reside o maior desafio — e a maior oportunidade para o real desenvolvimento do nosso entorno.


Por que a mudança cultural importa?

A cultura de uma empresa é o “sistema operacional” invisível que guia decisões, interações e resultados. Sem uma gestão intencional da cultura:

  • Estratégias falham mesmo sendo tecnicamente perfeitas;
  • Sistemas novos são rejeitados;
  • A rotatividade aumenta;
  • E a confiança entre líderes e times se desgasta.

Por isso, cuidar da cultura não é “soft” — é estratégico. E a mudança cultural não acontece com treinamentos isolados, mas com uma abordagem contínua, que reconheça o ser humano como agente ativo no processo de mudança.

Estou atualmente estudando processos de transformação profundos nas organizações com colegas de mercado e a imagem que se forma é a de que todas as pessoas em uma organização estão nadando em sua cultura assim como os peixes nadam na água.

E, durante nosso encontro, foi relatada uma história: dois peixes jovens estão nadando e um peixe mais velho, sábio, se aproxima e pergunta:

— Ei, pessoal, como está a água hoje?

Os peixinhos se entreolham e dizem:

— Água? Que água?

Do mesmo modo, as pessoas nas organizações não percebem a “água” em que estão, não percebem a cultura, não percebem as regras ocultas que orientam seus comportamentos.

Elas não sabem por que todos fazem as coisas da mesma forma e esse despertar se dá no despertar dos líderes — para essa “água em que estão nadando”, ou seja, para a cultura que está dirigindo seus comportamentos. Esse passo é — sem dúvida — essencial para alcançar uma transformação profunda. Contarei mais adiante os aprendizados desse estudo.

O que já de início ficou no radar foi que a cultura é o espírito da organização.

Na esfera cultural, há os automatismos, os padrões que moldam o comportamento.

Mas também existe o espírito vivo — a criatividade, o despertar mútuo, o olhar nos olhos, a presença real, a conversa autêntica, o verdadeiro diálogo.

Então, transformar a cultura é fazer com que a esfera cultural se conecte com a esfera social, criando espaços sociais onde as pessoas — em sua consciência e em seu espírito — possam despertar para o espírito vivo. Essa é, de fato, a verdadeira transformação cultural: transformar padrões automáticos em presença viva, em criatividade, em conexão real.

É disso que falamos quando usamos termos como “organização ágil” ou “organização que aprende”. São apenas palavras que apontam para a mesma direção: uma cultura onde o espírito vivo está no centro, e não uma cultura movida apenas por padrões automáticos.


O comportamento como centro da mudança e apoiando as exigências legais: a NR1

Mudança cultural envolve mudar comportamentos — e isso exige trabalhar com neurociência, economia comportamental e psicologia organizacional. Alguns dos aspectos centrais:

  • Escuta ativa e empática para mapear crenças e resistências.
  • Modelagem de novos hábitos a partir do exemplo da liderança.
  • Rituais e símbolos organizacionais que sustentam novos valores.
  • Canais de comunicação abertos, que deem segurança psicológica para o novo.

Se o comportamento não muda, a cultura não muda. E sem cultura, a estratégia não se sustenta.

E aproveitando a onda das mudanças atuais, quero então trazer aqui a mais recente.

Nem todos estão atualizados, mas desde o surgimento da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), publicada em 2020 e com efeitos práticos em vigor nos últimos anos, a gestão da mudança passou a ser uma obrigação formal nas empresas.

A NR-1 determina que, sempre que houver uma mudança organizacional que possa impactar a segurança e a saúde dos trabalhadores, deve-se adotar um processo estruturado de análise e gestão da mudança. Isso inclui:

  • Alterações de layout, equipamentos ou processos;
  • Mudanças de contratos, funções e jornadas;
  • E, de forma mais ampla, mudanças culturais que comprometem o comportamento seguro no trabalho.

Isso significa que a gestão da mudança cultural e comportamental não é apenas desejável — é mandatória. E as organizações que não se prepararem correm o risco de sanções legais, além de impactos em clima, engajamento e resultados.


Da conformidade à consciência: a oportunidade das empresas

A boa notícia é que, ao integrar a gestão da mudança cultural à rotina organizacional — de forma preventiva, empática e participativa — as empresas ganham muito mais do que conformidade com a NR-1. Elas conquistam:

  • Maior engajamento e retenção de talentos;
  • Lideranças mais conscientes e preparadas;
  • Redução de acidentes e afastamentos;
  • Agilidade e confiança nos processos de transformação;
  • Reputação positiva perante clientes, investidores e colaboradores.

Ou seja, a mudança cultural passou a ser uma responsabilidade formal das empresas, com impacto direto na prevenção de riscos, no bem-estar dos colaboradores e na conformidade organizacional.


Cultura se transforma com intencionalidade

Em tempos de mudanças exponenciais, não há mais espaço para improviso. A cultura organizacional precisa ser olhada como um ativo estratégico — e a mudança de comportamento, como um processo que exige método, escuta bem como responsabilidade.

O início desse caminho pode se dar com a coragem de perguntar: Qual é o nosso modo de conversar aqui? É possível colocar na mesa o que realmente está acontecendo na nossa organização? É possível falar sobre aquilo que não está bom? Ou temos aqui uma cultura em que as pessoas se retraem, esperam, e nada acontece?

Isso significa que o “frio” vem do medo, que domina o ambiente:

  • As pessoas não são abertas;
  • Não expressam o que pensam;
  • Não dão feedbacks sinceros;
  • Não dizem: “isso está errado no que você está fazendo” ou “isso está errado no que estamos fazendo aqui”.

Precisamos parar, conversar, discutir. É necessário que as pessoas se posicionem, que sintam responsabilidade pelo trabalho que fazem, e que conversem entre si.

E, em algumas situações, lutem juntas pelas ideias — lutem intelectualmente — para encontrar a melhor solução.

Tudo isso tem a ver com a gestão da mudança cultural, que não é um projeto com começo, meio e fim. É um compromisso contínuo com a evolução do negócio e do ser humano que o constrói.


A resposta estratégica: liderança preparada e consciente

Por isso, a Agentes da Mudança atua na formação de líderes capazes de equilibrar o comportamento humano com as exigências técnicas, estratégicas e normativas da organização.

A nossa Jornada Líderes Agentes da Mudança tem sido um divisor de águas nesse processo. Nela, preparamos líderes para:

  • Atuar como facilitadores da cultura e da transformação;
  • Lidar com resistências emocionais e comportamentais;
  • Compreender os impactos organizacionais da mudança e, com método e ferramentas, alcançar assim o engajamento;
  • Promover segurança psicológica e alinhamento com a NR-1;
  • Conduzir mudanças com empatia, estratégia e sustentabilidade.

Mais do que uma formação, a Jornada é um movimento de consciência, onde o líder aprende a intervir com método, presença e responsabilidade.

Ao longo do processo, os participantes “vão se tornando agentes de mudança no seu meio”, o que gera uma rede “consciente” da competência da mudança pronta para ser implantada de forma imediata na cultura. Esse movimento contribui para que toda a empresa esteja alinhada no mesmo conceito, buscando o crescimento corporativo onde todos mudam, permanecendo na mesma página. 


Dica final: comece pela escuta e pela intenção

Se você é líder, gestor de RH ou agente de transformação, então comece por um gesto simples: escute com profundidade o que sua cultura está dizendo. Toda mudança bem-sucedida começa quando há, de fato, intenção genuína de compreender e cuidar das pessoas.

E lembre-se: transformar processos sem transformar pessoas é trocar o cenário, mas manter o roteiro antigo.

A cultura é o invisível que sustenta tudo o que se torna visível no seu negócio. Cuide dela com método, sensibilidade e liderança consciente.

Vamos juntos?


Gostou do artigo?

Quer saber mais por que a transformação cultural nas organizações é considerada mais desafiadora do que a implementação de novos processos ou sistemas, e qual o papel da liderança nesse processo? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar com você a respeito.

Kátia Soares
https://www.agentesdamudanca.com.br

Confira também: Líderes Preparados Sustentam a Cultura da Mudança

Palavras-chave: gestão da mudança cultural, transformação organizacional, mudança de comportamento nas empresas, cultura organizacional, liderança consciente, como implementar mudança cultural nas empresas, transformação de comportamento organizacional, impactos da NR-1 nas organizações, liderança na gestão da mudança cultural, estratégias para mudar a cultura empresarial
Kátia Soares é fundadora da Agentes da Mudança, Escritora, Consultora especializada em Gestão de Mudança, Mentoring, Executive Coaching e Conselheira Consultiva. É Criadora da Jornada de Formação – Líderes Agentes da Mudança. Autora dos livros “A Transição na Gestão de Mudança” e “Cultura da Mudança ou Mudança de Cultura”. Com mais de vinte anos de experiência em consultoria organizacional com foco em marketing, mudança estratégica/cultural e coaching para grupos e executivos. Como consultora atuou por cinco anos na Ernst & Young Consulting. Estruturou no Brasil a prática de change management. Tem liderado há mais de quinze anos projetos de transformação organizacional em empresas nacionais e multinacionais, sendo especialista em gestão de mudança, planejamento estratégico e comunicação empresarial.
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