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O que é Fofoca Positiva?

Quando você lê as palavras "fofoca positiva", o que vem à sua mente? Parece difícil imaginar que algo ligado à fofoca possa ser positivo, não é mesmo?

Fofoca Positiva: O que é e quando ela pode ser positiva?

Fofoca Positiva: O que é e quando ela pode ser positiva?
(Adaptado por João Luiz Pasqual, a partir de artigo publicado em 16.08.2019 por Kori D. Miller)

Quando você lê as palavras “fofoca positiva”, o que lhe vem à mente? Parece difícil imaginar que algo ligado à fofoca possa ser positivo, não é mesmo?

A maioria de nós quando pensamos em fofoca, logo imaginamos duas pessoas, uma sussurrando no ouvido da outra, com os olhos se movendo para frente e para trás, com muita vivacidade.

Alguns de nós, embora não admitamos com muita facilidade, temos o desejo de participar daquela conversa. Quantas vezes, queremos ouvir as últimas notícias sobre qualquer pessoa? É claro que, se perguntados, sobre o que achamos das fofocas, declaramos rapidamente que os mexericos são reprováveis, pois, afinal de contas, sabemos dos riscos envolvidos, e conhecemos casos que provocaram fim de relacionamentos, perda de empregos e posições além de comprometimento da reputação de muitas pessoas.

Quero provocar você, perguntando:

Se a fofoca está tão errada, então por que as pessoas fazem isso? Você pode continuar afirmando que não se envolve em fofoca, mas você tem certeza?

Em média, as pessoas passam 52 minutos por dia fofocando (Robbins & Karan, 2019). O romancista Joseph Conrad disse uma vez:

“Fofoca é o que ninguém diz gostar, mas todos gostam”.

Para contextualizar o que eu quero compartilhar aqui, vou usar as definições de Fox (2001) extraídas dos campos da sociologia e da psicologia. Fofoca é, “a conversa avaliativa sobre uma pessoa que não está presente”. Além disso, é “o processo de comunicar informalmente informações carregadas de valor sobre membros de um ambiente social”.

Pense um pouco nos ambientes organizacionais, e como a fofoca pode estar presente, e até fazer parte da cultura da empresa.

Estas definições não afirmam que a fofoca é sempre caluniosa ou vil sobre alguém. Na verdade, a fofoca pode nem mesmo ser de natureza crítica.

A maioria das fofocas envolve compartilhar quem fez o quê com quem. Isto nem sempre é negativo. Algumas outras funções da fofoca são obter ou dar conselhos sobre como navegar em uma situação social. Ela também não envolve apenas ou sempre, uma terceira pessoa ausente. É possível fazer fofocas sobre si mesmo. Por exemplo, uma pessoa pode compartilhar estrategicamente informações sobre si mesma para reforçar o seu status ou apelo.

Ainda segundo (Fox, 2001) a fofoca, seja ela negativa ou positiva, pode servir a vários propósitos, entre eles:

  • estabelecer, desenvolver e manter relações com os outros;
  • criar fortes laços de grupo;
  • para definir nosso status social dentro de nosso grupo;
  • para avaliar e administrar as reputações;
  • para aprender como se comportar socialmente;
  • para aprender e reforçar as normas do grupo;
  • para resolver conflitos;
  • para influenciar os outros.

A fofoca é um tipo de aliciamento.

O psicólogo Robin Dunbar (1996) afirmou que o desenvolvimento da linguagem aconteceu para que os humanos pudessem “cuidar” uns dos outros de forma mais eficiente. As tropas de macacos são, em média, menores do que os grupos sociais humanos. Dunbar, acreditava que o número ideal para os grupos sociais humanos era 150 (Fox, 2001). Fofocar entre um grupo deste tamanho é fácil de administrar.

Considere como poderia ter sido para os primeiros humanos se eles não tivessem compartilhado informações. Em quem se poderia confiar? E se o melhor caçador estivesse doente? Como isso poderia afetar o fornecimento de alimentos? Estes são exemplos simples, mas críticos.

Hoje, a alimentação não é necessariamente uma preocupação, como foi no passado, mas ainda precisamos saber em quem podemos confiar. Precisamos saber quem é cooperativo, que rema na mesma direção.

Compartilhar informações sobre a reputação dos outros ajuda os membros do grupo a identificar as pessoas da cooperativa. Membros de grupos não cooperativos tornam-se mais cooperativos porque são ostracizados por mau comportamento afirmam Feinberg, Willer, & Schultz, 2014.

As fofocas incluem informações positivas, negativas e neutras sobre conhecidos e celebridades (Robbins & Karan, 2019). Os pesquisadores a categorizaram em três grupos: informação social, aparência física e realização.

Os estudos revelaram que:

  • As pessoas que mais fofocam, tendem a ser mais extravertidas;
  • As mulheres se envolvem em fofocas mais neutras do que os homens; caso contrário, ambos os sexos se envolvem nelas de forma semelhante;
  • As pessoas mais velhas não fazem fofoca de forma tão negativa quanto as mais jovens;
  • A fofoca é geralmente neutra, mas a negativa é duas vezes mais comum do que a positiva;
  • A maioria das fofocas é sobre alguém que a pessoa conhece;
  • O status socioeconômico e educacional não dita o quanto uma pessoa faz fofoca.

Os pesquisadores concluem: “a fofoca é ubíqua” portanto, uma definição específica de fofoca positiva pode ser desnecessária.

Minhas observações finais:

Como coaches, precisamos estar alertas, para fazer essa leitura nos ambientes organizacionais, e na minha opinião, principalmente quando estamos trabalhando como coaches de times.

Até onde consegui aprofundar minha pesquisa a este respeito, a maioria dos estudos atuais e passados se concentra no efeito que as fofocas têm sobre as pessoas dentro das organizações (ver Noon & Delbridge, 1993), mas não especificamente em fofocas positivas.

Embora muitas pessoas provavelmente concordem que a fofoca é ruim, os pesquisadores argumentam que este nem sempre é o caso. Os cientistas sociais estudam formas positivas, negativas e neutras de fofoca.

Quando os pesquisadores consideram “fofoca positiva”, eles se preocupam com respostas comportamentais pró-sociais. Por exemplo, se uma pessoa compartilha informações que ajudam o grupo a evitar os efeitos adversos de um colega violador de normas em geral, ou do código de conduta e de ética da empresa, então esta é uma forma de fofoca positiva. Também é positivo quando uma pessoa testemunha a violação das normas e compartilha o resultado porque isso pode ajudar outros a corrigirem seu comportamento (Alshehre, 2017).

Como mencionado no início deste artigo, a maioria das fofocas é neutra. Quando ela não é neutra, ainda assim ela serve a um propósito. A sociologia da fofoca é um excelente lembrete de que o que é compartilhado repetidamente é lembrado.

E você minha cara leitora e prezado leitor, já havia pensado nisso?

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre Fofoca Positiva? Então, entre em contato comigo. Terei prazer em responder e discutir com mais detalhes.

Um abraço,

João Luiz Pasqual
Coach Mentor Certificado

 
https://www.intervisionclub.com.br/
https://www.cw4u.com.br

Referências:

1. Alshehre, R.A.M (2017). Positive effects of gossiping at work. Open Journal of Medical Psychology, 6(2), 126-132. 
2. Dunbar, R. (1996). Grooming, gossip, and the evolution of language. Faber and Faber
3. Feinberg, M., Willer, R., & Schultz, M. (201$). Gossip and ostracism promote cooperation in groups. Psychological Science, 25(3), 656-664.

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João Luiz Pasqual tem mais de 40 anos de experiência profissional. Coach Executivo e de grupos. Foi por mais de 30 anos, executivo do mercado financeiro tendo ocupado posições de Diretor Executivo em diversos bancos (Sudameris, Banco Real, Unibanco, ABN AMRO e Santander), viveu na Europa por 8 anos e viajou para mais de 30 países. É conselheiro de empresas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e foi Presidente da ICF no Brasil durante o exercício 2015/2018. É coach ICF – International Coaching Federation com a credencial Master Certified Coach (MCC), Mentor Coach pela inviteChange-USA e Accredited Coach Supervisor pela CSA – Coaching Supervision Academy – Londres. MBA pela FIA-USP e Mestrado em Consulting and Coaching for Change pelo INSEAD-Fontainebleau na França.
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