
Diversidade, Inclusão e Inteligência Artificial: Desafios, Oportunidades e o Futuro das Organizações
A transformação digital acelerou a presença da inteligência artificial (IA) em praticamente todos os setores da sociedade. Do recrutamento aos processos de comunicação, da análise de dados às interações com clientes, a IA se tornou uma aliada essencial para impulsionar eficiência e inovação.
No entanto, à medida que essas tecnologias assumem papéis cada vez mais centrais nas decisões organizacionais, torna-se fundamental refletir: como garantir que elas contribuam para a Diversidade e a Inclusão (D&I), em vez de reforçar desigualdades existentes?
A diversidade é uma característica humana, enquanto a IA é uma construção tecnológica baseada em dados. E é justamente nesse ponto que surgem os primeiros desafios: algoritmos são treinados com informações geradas por pessoas e sistemas que, historicamente, carregam vieses estruturais.
Assim, sem cuidado, a IA pode reproduzir e amplificar preconceitos ligados a gênero, etnia, idade, deficiência, orientação sexual e muito mais, por exemplo:
- Sistemas de recrutamento automatizado que priorizam currículos masculinos para vagas de tecnologia;
- Algoritmos de reconhecimento facial com menor acurácia para pessoas negras e mulheres;
- Modelos de crédito que penalizam grupos minorizados por padrões históricos de exclusão financeira.
Ao mesmo tempo a IA pode ser importante aliada na inclusão de grupos minorizados:
- Ferramentas de IA podem ampliar acessibilidade, por meio de geração automática de legendas, tradução simultânea, conversão de voz em texto, interfaces inclusivas para pessoas com deficiência;
- A Lenovo desenvolveu o Projeto Libras, uma ferramenta de tradução em tempo real, que identifica os sinais de libras e um algoritmo faz a tradução simultânea traduz em sistema de voz no idioma local;
- O ReWalk, aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos desde 2014, é um exoesqueleto robótico vestível, desenvolvido para ajudar pacientes com paralisia parcial ou total a se levantarem e caminharem novamente. Também existem versões europeias, como o EksoNR, usado em centros de reabilitação do Reino Unido e Alemanha;
- Softwares de voz como Jaws, Virtual Vision, Dosvox que traduzem os conteúdos de texto para voz permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão tenham acesso a diversos conteúdos.
Para garantir que a IA apoie a diversidade, algumas práticas são essenciais:
- Curadoria cuidadosa dos dados com revisão, limpeza e balanceamento de dados para evitar distorções;
- Times diversos desenvolvendo tecnologia. A Lenovo, por exemplo, ao desenvolver o Projeto Libras consultou muitas pessoas surdas para evitar vieses e distorções;
- Auditorias periódicas de algoritmos, garantindo que o comportamento do modelo permaneça justo ao longo do tempo;
- Integração com políticas de D&I. A IA deve ser uma ferramenta dentro de uma estratégia mais ampla, que envolva cultura organizacional, liderança inclusiva bem como processos estruturados.
No futuro próximo, será cada vez mais difícil separar tecnologia e inclusão. A forma como empresas utilizam a IA hoje determinará de fato se avançaremos para uma sociedade mais equitativa ou perpetuaremos desigualdades.
A IA pode reproduzir preconceitos, mas também pode ser uma aliada fundamental para combatê-los. Tudo depende das escolhas éticas, práticas de governança e do compromisso genuíno das organizações em colocar as pessoas no centro da transformação digital.
A tecnologia só será verdadeiramente inteligente quando for, também, justa e inclusiva.
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Quer saber mais sobre como diversidade, inclusão e inteligência artificial podem caminhar juntas para transformar organizações de forma ética e sustentável? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em te ajudar.
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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