O DISC é uma metodologia com uma vasta aceitação no mercado e reconhecimento de sua utilidade e qualidade por inúmeros profissionais, porém é necessário tomar um cuidado, pois esta abrangência de uso e boa reputação (alguns instrumentos são muito bons, outros nem tanto) não deveria transferir a um gráfico DISC o poder para ser a única fonte de informação para decidir se uma pessoa tem ou não o potencial para liderar, ainda mais quando se pressupõe que para todos os cargos de todas as empresas, todos os líderes deveriam ter uma alta dominância.
Vamos resumidamente relembrar alguns conceitos a respeito dos fatores DISC.
Os fatores D e C são orientados para tarefas ou coisas, enquanto os fatores I e S são orientados para pessoas e relacionamentos.
Os fatores D e C tendem a ser mais diretos e com certa facilidade pode se tornar ríspidos, abrasivos e muitas vezes com mais dificuldade para lidar com os sentimentos e emoções dos outros, o que pode prejudicar muito a produtividade e clima de uma equipe.
Pessoas não são coisas, são pessoas, faz sentido? Não é possível haver o exercício da liderança sem uma outra pessoa para ser liderada, logo, como um fator associado a tarefas e coisas, no caso a dominância, pode ser uma pré-condição para liderar, sendo visto como o fator mais importante para o exercício da liderança?
Ao enxergar pessoas como coisas ou apenas mais um recurso a seu serviço, as pessoas dominantes podem apresentar as seguintes limitações:
- Não saber ouvir, em qualquer circunstância, principalmente quando contrariado;
- Transparecer irritação quando é contrariado;
- Dificuldade para assumir um erro;
- Não aceitar situações que possa parecer fraco;
- Não conseguir controlar a raiva e acabar descontando seus problemas, medos e frustrações nas pessoas à sua volta;
- Não administrar sua agressividade, tornando-se verbalmente violento, infelizmente em alguns casos, até fisicamente;
- Tendência a priorizar, muitas vezes ou quase sempre, apenas seus interesses e necessidades.
Um relatório DISC, quando utilizado para analisar o potencial de liderança de uma pessoa (DISC mede potencial, não competências ou capacidade de entrega), deve ser visto como uma fonte de informações a serviço e em alinhamento com outras variáveis.
Abaixo você encontrará algumas:
- O momento da empresa (startup, crescimento, queda, falência, estável, etc.);
- Formação jurídica da empresa (estatal, privada, mista, ONG);
- Segmento da empresa (agronegócio, serviços, tecnologia, atacado, varejo, indústria, etc.);
- Empresa familiar, multinacional ou capital nacional;
- Faturamento da empresa e número de funcionários;
- Número de pessoas na equipe com a qual irá liderar;
- Perfil dos subordinados, pares e superiores;
- Perfil do dono, presidente ou CEO;
- Departamento no qual irá trabalhar;
- Organograma da empresa;
- Tipo de produto e mercado;
- Perfil dos clientes;
- A estratégia do negócio;
- Etc.
O DISC é uma teoria neutra e que funciona, porém mensura apenas uma dimensão, dentre muitas que são relevantes para o cargo de liderança. Além das variáveis citadas anteriormente, é fundamental checar outras, como maturidade, experiência de vida e profissional, formação acadêmica, conhecimento técnico, inteligência emocional e valores, apenas para mencionar mais algumas.
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