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Destino é o que fazemos com a história que nos acontece

Este é um daqueles momentos da história em que temos a possibilidade de escolher o que seremos, como seremos, porque seremos. O instante em que definimos o nosso destino.

Destino é o que fazemos com a história que nos acontece

Destino é o que fazemos com a história que nos acontece

A guerra que, desde Bush, o pai, é televisionada – em tempo real, ao vivo e em cores – Guerra do Golfo, entre EUA e Iraque que acabou em 28 de fevereiro de 1991, deixou mais de 1.000.000 de mortos. Na versão 2021, Israel e o Hamas caminham para uma “guerra em grande escala” – de novo, um espetáculo de TV. Não é o único conflito, em andamento, no mundo – hoje.

No centro do pensamento de Liev Tolstói, em Guerra e Paz, publicado em 1867, está a busca sem fim de um sentido, num mundo devastado pela guerra, mudanças sociais e políticas além da desordem espiritual. A angústia existencial de Tolstói é peculiarmente parecida com o que estamos vivendo neste momento. As suas personagens vivem os dramas todos que podem bloquear ou fazer desabrochar, almas assoladas por tantos horrores. São esses mesmos momentos que nos conduzem às inesgotáveis fontes de força e criatividade que todos possuímos.

Difícil entender as razões que levam o ser humano a tomar decisão a favor da guerra, quando temos mais de 3.370.000 mortos por Covid, no mundo – enquanto escrevo este texto os números continuam a crescer. Para Tolstói, no ser humano, descrito em 20 personagens centrais de sua obra, residem todas as possibilidades e todas os caminhos. Ele era estúpido, agora é inteligente; ele era mau, agora é bom; e o contrário também. Neste fluir está assim a grandiosidade do homem. O mundo, na sua visão, é um lugar onde as coisas nem sempre são o que parecem. A tragédia de hoje abre então o caminho para o triunfo de amanhã.

Para Tolstói, a “História é o que nos acontece. O destino é o que fazemos com ela”.  – o que faremos com a nossa história?

Penso que aos poucos e a despeito dos meios de comunicação afirmarem o contrário, a ciência e o homem comum já sabem que conviveremos com a Covid. Isso da mesma forma que convivemos com tantas outras doenças neste plano, por muito tempo – talvez, para “sempre”. Os meios destinados a nos proteger se deparam com as cepas (variações do vírus). E que assim como a gripe, obriga a vacinação em massa, todos os anos.

O que transforma este evento em particular, a Covid, num grande vetor de mudanças e quebras de paradigmas é, de fato, a extensão dos danos e a grandiosidade dos eventos que cercam todos os números da doença. A forma como lidamos com tudo isto molda modelos sociais, familiares, políticos e econômicos, com propósito. Se o Bug do Milênio em 2000, com a renovação de todo o parque tecnológico fez emergir a nova era da tecnologia que vivemos agora, a Covid está fazendo assim nascer um ser humano completamente diferente.

Inerte, consumista e pouco empático – colocado dentro de casa como se tivesse cometido um crime de negligência com a vida humana. Por longos meses ausente de pessoas, projetos, negócios, religiões – sozinho e isolado.

A reabertura das portas e janelas traz para as ruas pessoas totalmente diferentes, laceradas pela morte de tantos. Encurraladas pelo medo do desemprego, da fome e que dependem da empatia do próximo para atenuar tantas perdas. Ao mesmo tempo que suas vidas passam a ter um valor que antes não era possível perceber. Para alguns o fardo é pesado. A responsabilidade por estar vivo é algo difícil de entender. Assim, embora finalmente, livres do cárcere, estão agora lidando com a prisão da alma. O cárcere não está mais em paredes e portas, ele reside na alma humana.

Depois de todos os meses de isolamento finalmente descobrimos o valor de um sorriso e um simples “Bom dia”, “Como você está?”. Ao mesmo tempo a solidariedade do alimento e do agasalho não serve como plataforma única de amparo. As pessoas precisam de muito mais. Empatia, companheirismo, compreensão, apoio espiritual. Saímos agora da emergência sanitária para a Emergência psicológica.

Este é um daqueles momentos da história em que temos a possibilidade de escolher o que seremos, como seremos, porque seremos. O instante em que definimos o nosso destino. Claro que para isto precisamos nos desfazer de muitos paradigmas e certezas – convicções que não conseguem mais oferecer conforto da caminhada com segurança.

Sem referências que nos apoiem, sem modelos para seguir, nos então resta o seu sorriso, o ombro amigo, o abraço da família genética ou escolhida. Tudo o que temos é o afeto. Tomara que seja o bastante para dar fim a todas guerras e conflitos, a toda fome, a todo desamparo, em todo o mundo. As próximas 2 décadas responderão qual destino construímos com o que a história nos trouxe em 2020.

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Sandra Moraes
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Sandra Moraes é Jornalista, Publicitária, Relações Públicas, frequentou por mais de 8 anos classes de estudos em Filosofia e Sociologia na USP.É professora no MBA da FIA – USP. Atuou como Executiva no mercado financeiro (Visa International (EUA); Banco Icatu; Fininvest; Unibanco; Itaú e Banco Francês e Brasileiro), por mais de 25 anos. Líder inovadora desenvolveu grandes projetos para o Varejo de moda no país (lojas Marisa – Credi 21), ampliando a sua larga experiência com equipes multidisciplinares, multiculturais, altamente competitivos, inovadores e de alta volatilidade.
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