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Não se engane: somos todos responsáveis!

Podemos afirmar que nosso comportamento é sempre pautado pela conduta ética? Respeitamos os direitos, os espaços, as crenças, as manifestações dos outros?

Conduta Ética: Não se engane, somos todos responsáveis

Conduta Ética: Não se engane, somos todos responsáveis

Se você, como eu, sente-se profundamente triste com os acontecimentos da vida política de nosso país, que traduzem um comportamento antiético, convido-o a uma reflexão. Não vamos falar aqui de política – nem contra, nem a favor – mas de ética, já que seu exercício é resultado de nosso desenvolvimento pessoal. Exatamente, porque ética tem a ver com nossos valores, com nosso caráter, com nosso modo de olhar a vida e movimentar-se nela. Portanto, com quem somos.

Lembro-me de um livro de Eduardo Giannetti que li há muito tempo e, embora tenha sido publicado em 1993 é extremamente atual (Vícios privados, benefícios públicos?). Logo na introdução ele afirma que o paradoxo do brasileiro é o seguinte:

“Cada um de nós isoladamente tem o sentimento e a crença sincera de estar muito acima de tudo isso que aí está. Ninguém aceita, ninguém aguenta mais: nenhum de nós pactua com o mar de lama, o deboche e a vergonha da nossa vida pública e comunitária. O problema é que, ao mesmo tempo, o resultado final de todos nós juntos é precisamente tudo isso que aí está!”

E vai além:

“aos seus próprios olhos, cada indivíduo é bom, progressista e até gostaria de poder ‘dar um jeito’ no país (…) o brasileiro é sempre o outro, não eu”.

Há anos fiz uma pesquisa extensa para uma monografia sobre o assunto Ética-Política numa abordagem transdisciplinar. Encontrei dezenas de pensadores que se debruçaram sobre o estudo da ética: alguns ligaram seu exercício à virtude, outros à moral, à civilidade, à liberdade, à economia. Mas não encontrei ninguém que a houvesse definido pelas leis, direitos ou mesmo deveres.

O que me levou a situar a ética – ou a falta dela – numa dimensão interior do indivíduo que se manifesta na vida em sociedade. Não é prerrogativa de cargos ou posições assumidas, muito menos decorrente da religião, mas do ser humano.

E é isso que nos torna corresponsáveis pelos acontecimentos em sociedade – quem somos, o que pensamos e como agimos. Como disse Hannah Arendt, “os homens são livres – diferentemente de possuírem o dom da liberdade – enquanto agem, nem antes, nem depois; pois ser livre e agir são a mesma coisa”.

O que é para nós a ética? Podemos afirmar, com toda a certeza, que nosso comportamento é sempre pautado pela conduta ética? Respeitamos os direitos, os espaços, as crenças, as manifestações dos outros? Cuidamos para que nossas atitudes não causem nenhum tipo de prejuízo? Ou cobramos posturas que julgamos corretas, mas não somos capazes de assumir, e preferimos ignorar a maneira como agimos em sociedade? Sim, porque as mínimas ações mostram quem somos na realidade.

A verdade é que não dá para ser meio ético. Assim como não dá para estar meio grávida ou meio vivo: ou se está, ou não se está. Precisamos escolher se agimos ou não com ética. Sim, porque é uma questão de escolha.

A cada vez que agimos, um conjunto de qualidades permeia a nossa ação: dos motivos para agir às consequências inerentes, passando pelo estímulo que leva ao movimento, inúmeros são os sentimentos, pensamentos, emoções e crenças envolvidas. E é nessa hora que fazemos nossas escolhas. Escolhemos a forma como vamos agir. Portanto, estamos falando de liberdade, de livre-arbítrio. Da existência de alternativas e da consciência das consequências de nossas ações. Ou você acha que políticos que agem sem ética não têm escolha nem consciência?

E aí vale refletir: Quais são as motivações interiores que nos levam à determinada ação? Quais são os valores que importam nas nossas relações? Qual a importância que os outros seres humanos têm nas nossas vidas? Qual a relevância das nossas atitudes?

Não importa a cultura, ao se perguntar a um indivíduo o que busca e o que é realmente importante para ele, as respostas são semelhantes e complementares: felicidade, paz, amor, respeito, liberdade, compaixão, fraternidade… Os valores são universais. O que muda, com certeza, são os meios que cada um utiliza para realizar esses valores. Portanto, as ações. Dizer que uma ação é certa e outra errada é extremamente difícil e por isso mesmo torna-se necessário avaliar o impacto delas não só na sociedade, mas na vida de cada pessoa afetada por ela.

Gosto muito de uma afirmação de S.S. o Dalai Lama sobre o assunto. Ele diz que:

“uma das coisas que determinam se uma ação está ou não de acordo com a ética é seu efeito sobre a experiência ou expectativa de felicidade dos outros. Uma ação que prejudica ou violenta essa experiência ou expectativa é potencialmente uma ação antiética”.

Acostumamo-nos a achar que ética – ou falta dela – vale apenas para grandes eventos, grandes ações, para o macroambiente, para o que é público, que envolve dinheiro. Mas não é só isso.

Ética começa na relação com o outro, ainda que seja um só. Se a mínima ação minha diminui a possibilidade de felicidade, paz, harmonia, bem-estar, alegria, tranquilidade, justiça, enfim, direitos de outras pessoas, meu comportamento não é ético.

No nosso dia a dia os exemplos são muitos, alguns até banais e corriqueiros.

Se não temos controle sobre a maneira como os políticos agem, podemos ter sobre nossos comportamentos. Podemos escolher a postura que queremos assumir na vida em sociedade. Precisamos habituar-nos a nos questionar sobre nosso cotidiano, nossas ações, atitudes; sobre os sentimentos e emoções que estão vivos por trás delas, sobre nossos objetivos e sonhos, até que não possamos mais ter dúvidas sobre quem realmente somos. Pois como disse Kant, é necessário que cada ser humano assuma seu próprio processo de emancipação pessoal por meio da reflexão crítica e a tomada de decisões de forma autônoma.

Mas não é só. Vemos, ouvimos, temos acesso às informações de fatos comprovadamente antiéticos, que prejudicam toda a sociedade. No entanto, em um dar de ombros, nos limitamos a concordar com “todo mundo faz”. Por suposto que tememos nos manifestar! É natural, já que conhecemos os riscos. Talvez seja apenas o que Pierre Weil chama de espírito de cordeiro – seguir a maioria para não se tornar vulnerável – consequência da normose, ou normalidade doentia, quando aceitamos como normais conceitos, normas, valores, hábitos de pensar e agir que, embora aprovador por muitos, provocam sofrimentos, doença ou morte.

Mas nossa manifestação, mais que um dever pessoal, é um serviço que prestamos – isso é ética. Faz parte de nossa responsabilidade universal.

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre conduta ética? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br

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Isabel C Franchon, Coach desde 2008, atua com o Desenvolvimento Profissional e Pessoal voltados para a Carreira, Competências, Liderança, Comunicação Interpessoal, Compliance & Ética e Coaching de Times. Facilita Workshops, Treinamentos e Oficinas em empresas de médio/grande porte através de empresa própria e em parceria com Consultorias de DH. Graduada em Jornalismo, tem MBA em Desenvolvimento Humano de Gestores, pela FGV; Pós-graduação em Transdisciplinaridade em Saúde, Educação e Liderança, pela Universidade Holística Internacional; Especialização em Marketing pela MM School; Formação em Compliance Anticorrupção, pela LEC; Especialização em Metodologia QEMP para empreendedores, pela Clinton Education. Fez formação em Master, Executive, Leader & Business Coach, pelo Behavioral Institute. Certificada em Positive Coaching Com Robert Dilts e Richard Moss. É membro do International Coaching Council (ICC) desde 2008.
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