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Como ter sucesso em um contexto VUCA?

O ambiente VUCA não é um desastre na vida das organizações e pessoas, mas ele exige sim uma ampliação de competências.

Amigo leitor, se alguém me pergunta como eu definiria o conceito de “sucesso” em um mundo VUCA, a minha resposta direta e objetiva seria: consiga manter a sua saúde mental em ordem. Sobre o tema eu dei tratamento bem específico na última postagem (01/02/2019) no Espaço do Coach. Portanto, não vou me repetir aqui, mas recomendo a leitura. De outra forma, o conceito de sucesso não é universal, o que sugere sempre ser válido explorar suas dimensões pela ótica de cada indivíduo.

Para um corredor de maratona, o sucesso pode ser vencer e, para outro corredor, o sucesso pode estar associado a terminar a prova, independentemente do tempo. A métrica de sucesso de um velocista de 100 metros é diferente se ele for atleta olímpico ou um atleta paraolímpico. O sucesso de uma apresentação (palestra) será avaliado de forma diferente se tratamos de um profissional ou de alguém que acaba de quebrar suas crenças limitantes para exposição de ideias a um público. Seriam inúmeros os exemplos possíveis, mas não podemos fugir de dar continuidade a um texto desafiador pelo título: Como ter sucesso em um contexto VUCA?

Já no início dos anos 2000, porém com muito mais ênfase nos últimos cinco anos, os estudiosos em ciências organizacionais e os de ciências comportamentais têm se voltado a entender como o ambiente VUCA está influenciando o resultado nos negócios e vem gerando impactos nos ambientes políticos, econômicos, sociais e, até mesmo, no desenvolvimento tecnológico. Resumidamente, os estudiosos mostram que Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo são características dos desafios estratégicos modernos que requerem dos gestores uma competência diferente em análises e pragmatismo para apresentar soluções nem elegantes e nem finais.

Até recentemente, ainda que os gestores estivessem percebendo essa mudança no seu ambiente de trabalho e no processo decisório, ainda assim os métodos usados continuavam (ou continuam?!) os mesmos. Os gestores e líderes devem aceitar que um futuro sustentável só será possível caso as organizações se adaptem e tenham resposta dinâmica para acompanhar esse ritmo de evolução do mundo. Porém, mesmo em um ambiente VUCA é possível identificar algumas megatendências para apoio aos gestores e líderes pois, para prosperar, é fundamental entender as situações novas e crescentes.

Por exemplo, deve haver a sensibilidade dos gestores para identificar sinais sutis de que há mudanças no relacionamento com os clientes, inclusive na lealdade à marca. Os líderes devem motivar diálogos frequentes para construção de novas ideias e possibilidades de gerar diferenciais no contexto das organizações. Não menos importante, é primordial rever as lacunas de aprendizado para formar as pessoas, equipes e novas práticas, criando um cenário de tomada de decisão consciente na organização. Um segredo é ter presente o pensamento crítico para lidar melhor com todas essas situações desafiadoras em um mundo VUCA.

Quando se trata de pensamento crítico, vou me inspirar em um trabalho da dupla de pesquisadores indianos Radha Raghuramapatruni e Shanmukha Rao Kosuri, que foi apresentado na 12ª Conferência Internacional da Jagannath International Management School, de New Delhi – India, com o tema Leveraging Big Data Analytics for Global Excellence. Para eles, o pensamento crítico pode ser definido simplesmente por “como pensar” ao invés de “o que pensar”, vencendo assim a dinâmica do mundo VUCA.

Sugerem os pesquisadores que, para as situações voláteis, o gestor deve separar fatos de opiniões, pois assim irá formular seus pensamentos de maneira objetiva e precisa, além de garantir clareza na comunicação aos liderados. Para as situações incertas, ouvir e compreender é vital, mantendo a mente aberta sobre pontos de vista alternativos e lidando bem com as eventuais contradições. Para situações complexas, o segredo está em coletar dados e fatos de várias fontes para exercer a lógica e processar mentalmente as alternativas, mesmo sob pressão. Para situações ambíguas é fundamental ouvir e avaliar argumentos, fazer perguntas e ter agilidade no pensamento quando das respostas, identificando possíveis implicações das alternativas. Ou seja, pensamento crítico é sobre a excelência nos processos mentais que precedem a excelência das ações.

Finalizando com essa imersão no trabalho dos pesquisadores citados, no mundo VUCA qualquer gestor ou líder tem um papel relevante a desempenhar, a par de manter padrões éticos e nunca perder de foco a visão do negócio. Esse papel, base do futuro que só crescerá sem chance de desaparecer, é: Dê ao mundo o melhor que você tem e o melhor do mundo voltará para você. O papel das lideranças é o de cada vez mais criar momentos de clareza e foco, enquanto ao mesmo tempo busca acompanhar e se preparar para enfrentar as mudanças. Aderir rigidamente a uma prévia estratégia escolhida corre o risco de ofuscar outras oportunidades, bem como deixar de responder a diferentes demandas do mercado. De alguma forma, os líderes vivem na linha tênue entre serem flexíveis e suficientemente focados em pessoas motivadas.

Cabe registra ao amigo leitor, que o ambiente VUCA não é um desastre na vida das organizações e pessoas, mas ele exige sim uma ampliação de competências para que os gestores e líderes possam envolver todos os funcionários, de todos os níveis, a interagirem com confiança e bastante contribuição individual. Dentro desta perspectiva, o sucesso no mundo VUCA caberá a quem souber conduzir as mudanças em curso como excelente oportunidade de desenvolvimento intra e interorganizacional, com colaboração e inovação.

Perguntei no artigo passado e renovo a pergunta, você que é coach ou mentor, como vê seu cotidiano antes e depois de conhecer o mundo VUCA? Você estará pegando o rumo certo se aceitar que uma adequada abordagem para o ambiente VUCA implica em organizar seu pensamento entre o quanto você conhece da situação atual de seu negócio e o quanto consegue prever o resultado que terá de suas atuais ações. Entre entender o seu mundo VUCA para conseguir ajudar seu cliente com o dele…

E vou finalizar com palavras de Colin Luther Powell, militar americano que foi Secretário de Estado dos EUA durante o governo do presidente George W. Bush, o qual viu de perto o nascer do conceito VUCA junto com suas tropas, no campo de batalha: Se quiser a excelência em grandes coisas, desenvolva o hábito de buscar excelência também em pequenas coisas. Excelência não é exceção, é atitude predominante… Concentre-se no para-brisa dianteiro e não no retrovisor.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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