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Como os lobos domesticaram os humanos?

Como, em algum momento da história, os antepassados dos lobos, até então predadores dos humanos e concorrentes na caça, passaram a ser queridos e muitas vezes tratados como verdadeiros membros da família com direito a mimos, presentes, etc?

Como os lobos domesticaram os humanos?

Como os lobos domesticaram os humanos?

Olá,

Uma das grandes vantagens do tempo é que ele nos torna mais seletivos quanto a tudo que internalizamos. Seja naquilo que comemos, seja nas pessoas com as quais trocamos nossos minutos de vida, seja no que absorvemos como cultura. De certo que algumas pessoas percebem a passagem do tempo, mas, de fato, não aproveitam esta passagem para exercitar suas transformações e aprimoramentos.

Atualmente tenho buscado aprofundar mais e mais meu conhecimento sobre relações humanas e como nós, enquanto espécie, evoluímos ao longo dos tempos nos tornando o que somos hoje. Lembrando que ainda estamos em desenvolvimento e no futuro, seremos muito diferentes do que somos hoje.

Nestas experiências, retomei minhas leituras de autores de sucesso como Yuval Noah Harari, este israelense que com grande habilidade nos oferece uma visão passo a passo da evolução humana e uma projeção do que poderemos vir a ser. Se você não conhece Harari, fica a dica de leitura.

Pois bem, uma das provocações do livro Sapiens uma breve história da humanidade está relacionada a como nossa relação com animais evolui ao longo dos séculos. Lembrando que para o homem primitivo, os recursos eram tão escassos que não fazia sentido ter animais de estimação. Animais eram fonte de alimento e ponto final.

Todavia, hoje olhamos para nossa sociedade e vemos que das casas que têm cachorros, 21% delas são de casais sem filhos (contra 9% de casas com pessoas morando sozinhas e 65% de casas com filhos). Das casas que têm gatos, 25% delas são de casais sem filhos (contra 17% de casas com pessoas morando sozinhas e 55% de casas com filhos). Segundo pesquisa da Radar Pet de 2021, demonstrando uma progressão significativa na relação entre pessoas e animais no campo afetivo.

Ok, Edson, e o que isso tem a ver com comportamento?

A questão chave é como, em algum momento da história os antepassados dos lobos, até então predadores dos humanos e concorrentes destes nos territórios de caça, passaram a queridos, adorados e muitas vezes tratados como verdadeiros membros da família com direito a mimos, presentes, festas de aniversário etc?

A resposta está na inteligência comportamental diferenciada destes animais. Ao perceberem que, se fossem de alguma forma úteis aos humanos, sua presença seria aos poucos assimilada em uma ordem natural de progressão. Primeiro seiam percebidos, depois tolerados, depois aceitos, inclusos e por fim incorporados.

Quando os lobos começaram sua evolução para um processo de que, do lado de nossa mente antropocêntrica chamamos de domesticar, de fato eles estavam promovendo uma aceitação dos humanos para com a sua existência.

Aqueles animais que ofereciam menores traços de agressividade e maior percepção de aceitação, não foram mais abatidos pelos humanos. Mas sim incorporados as comunidades primitivas, transmitindo estas características aos seus descendentes.

Quanto mais “amigáveis” e mais “úteis” mais protegidos pelos humanos. Deixando de lado, por exemplo, a necessidade de caçar para manter suas matilhas assim como a preocupação com a proteção de sua ninhada a cada novo parto.

A contrapartida destes animais para com os humanos incluía, mas não se limitava a:

  • Comportamento amigável ao invés de feroz;
  • Utilidade como guardiões de território – algo natural para eles;
  • Força de trabalho – por exemplo animais de tração;
  • Respostas afetivas;
  • Demonstrações de carinho e amizade.

Esta relação evoluiu a tal ponto que os humanos, que dispunham de tempo e ócio, passassem a sacrificar este tempo trabalhando para o bem-estar dos animais. Reservavam tempo e esforço para dividir água e comida, construíram locais de dormida para os animais, apoiavam na proteção dos filhotes. Chegando aos dias de hoje, é natural ver pessoas carregando seus pets no colo pela rua, dedicando tempo para os passeios de necessidades e recolhendo cacas em saquinhos feitos para isso.

Ao analisarmos o poder dos comportamentos inteligentes ao longo da evolução fica cada dia mais difícil compreender a persistência de pensamentos limitantes. Por exemplo: eu sou assim mesmo, isso é da minha natureza, sempre fui assim, etc.

Se no passado os lobos pensassem como espécie “Eu sou assim mesmo e não vou mudar meu jeito” muito provavelmente teriam sido considerados como uma ameaça ou inutilidade. E seriam extintos pelos humanos, que sabemos são muito hábeis no processo de extinguir outras espécies.

Nas nossas relações pessoais e profissionais, recomendo pensar como lobos em evolução. Seja útil, seja amigável, demonstre carinho e amizade e acima de tudo, não se esqueça que isso deve gerar recompensas. A inteligência do comportamento é uma habilidade a se utilizar como ferramenta para atingir objetivos.

No final do processo, mesmo parecendo que você mudou ou foi “domesticado” pelo sistema, uma visão interna e pessoal pode demonstrar um novo prisma do ambiente, alterando completamente a relação de causa e efeito. Se for importante no ambiente, certamente as pessoas vão retribuir com valorização e reconhecimento acima da razão e da lógica.

Pense nisso!

Gostou do artigo?

Quer saber mais como pensar como lobos em evolução nas relações pessoais e profissionais? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Edson Carli
https://inteligenciacomportamental.com

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Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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