fbpx

Como manter a intimidade com a chegada dos filhos?

Embora a chegada de filhos traga muitas alegrias, sabemos que também pode ser responsável por abalar a vida de um casal. Mas saiba que sempre há possibilidade de reinventar a intimidade do casal trabalhando as dificuldades de forma conjunta.

Como manter a intimidade com a chegada de um filho?

Mantendo a intimidade com a chegada dos filhos
Por Isabela Cristina Vieira Pires (*)

Embora a chegada de filhos traga muitas alegrias, sabemos que também pode ser responsável por abalar o desejo sexual na vida de um casal. A rotina vira de cabeça para baixo e a vida sexual como um todo sofre por consequência. Exaustão, mudanças corporais e hormonais, mudança de prioridades, pouco sono, falta de libido, etc. e nessa equação o sexo fica para escanteio. O corpo das mamães sofre alterações pós parto, a lubrificação reduz, a penetração pode ficar mais complicada e o desejo também. Para alguns homens, a figura materna toma frente da figura de mulher, o desejo desliga e os novos pais vão se acomodando e até normalizando o fato de a vida sexual estar fora da rotina.

A mudança que ocorre na vida sexual precisa ser entendida como passageira. Que apesar de causar bastante incômodo, não representa o fim da vida sexual, mas sim a necessidade da reinvenção de um casal. Manter o desejo sexual ao longo de um casamento já é desafiador, e com a chegada de um filho ou de uma filha, mais complicado fica. Entretanto, existindo companheirismo e a informação certa, sempre há possibilidade de reinventar a intimidade do casal trabalhando as dificuldades de forma conjunta.

Veremos aqui o que é essencial na adaptação dessa nova fase da vida sexual.

Comunicação

Cada casal precisa de um certo tempo para entender suas novas obrigações e papéis e, aos poucos, e com paciência, retomar a intimidade. A comunicação é o começo de tudo, falar sobre as mudanças, sobre desejos, sobre o que incomoda de maneira clara e não agressiva é fundamental. Saber ouvir, receber críticas, se colocar aberto e vulnerável é importante durante toda a adaptação. Também é preciso se esforçar para reelaborar o desejo e reacender a paixão. Isso pode ser feito retomando demonstrações de carinho, demarcando um tempo, mesmo que mínimo, para estar a sós. Oferecer uma massagem, usar o humor, voltar a flertar, oferecer carícias, mas sempre com o objetivo de nutrir a intimidade, não de necessariamente levar ao sexo.

Desfazer mitos e tabus sexuais

Nem todas as pessoas sabem, mas gravidez/parentalidade e sexualidade são duas coisas que podem sim conviver. A prática sexual não faz mal durante a gravidez (exceto quando é uma gravidez de risco), a penetração não machuca o bebê. E, ao contrário do que muitos pensam, o bebê não vai saber/entender o que está acontecendo. Além disso, a gravidez pode até mesmo facilitar o orgasmo e da mesma forma que o sexo penetrativo, o oral também é permitido durante a gestação. A vivência sexual pode tranquilizar, unir e fortalecer o casal. Contudo, é sempre importante conversar com o médico para analisar o caso específico e desfazer outros tabus que existam.

Reduzir as expectativas e redefinir a intimidade

Para aqueles que acreditam que, se vida sexual não for como antes não vai ser bom o suficiente, sinto lhes informar, vocês estão errados. No período de adaptação, mesmo que não haja sexo penetrativo, o principal é reaproximar o casal como casal, pouco a pouco, sem expectativas irreais. A habilidade de tolerar a frustração é essencial, pois nas primeiras tentativas de reviver a intimidade muitas emoções aparecem como culpa, estranheza, constrangimento, medo, distanciamento. E com razão, as preocupações são diferentes, os corpos e as mentes se modificam e existe uma nova pessoa na relação. Por essa razão, o objetivo não é tentar voltar do dia para a noite ao modo como era antes, mas criar dia e noite, continuamente, uma nova intimidade.

Colocar na agenda

Em meio a tantas expectativas, preocupações, infinitas mudanças, aquilo que não é priorizado não é feito. Por isso, para muitas casais literalmente colocar na agenda um possível horário para estarem a sós e poderem viver a intimidade é o que funciona. Pode parecer pouco espontâneo mas talvez seja a única forma de realmente acontecer. E relembrando mais uma vez, esse momento não é necessariamente para sexo, mas sim para a sexualidade do casal. Isso envolve toques, olhares, conversas, carinhos, carícias, etc.

Cuidado com pensamentos distorcidos

Existem diversas tendências e tipos de pensamento que dificultam ainda mais a manutenção da sexualidade durante a gravidez e após o nascimento e chegada dos filhos. Por exemplo a autocrítica. Principalmente as mães se cobram e se culpam muito, pois é humanamente impossível ser ou fazer tudo perfeitamente. Eis aí outro problema, o perfeccionismo. Ele já é inatingível quando diz respeito apenas a nós mesmos, imagine quando há uma família inteira envolvida?

Se relacionar é quebrar expectativas e se frustrar o tempo inteiro. Mas também há uma beleza em aprender a ceder, a ser assertivo e buscar o caminho do meio. É fundamental conhecer os próprios limites, se livrar da tendência polarizada (também chamada de “8 ou 80”) de “ou dou conta de tudo ou sou um completo fracasso”, “meu corpo não é mais o mesmo então melhor escondê-lo”. Ou ainda de pensamentos como “não tenho tempo nem direito de sentir prazer”, “isto é um luxo”, etc. Manter a intimidade faz bem não só diretamente para os envolvidos mas também para os filhos. Porque, dessa forma, eles terão um suporte maior de um casal unido e mais sincronizado.

A parentalidade é um momento de desafios inimagináveis, mas a figura de homem ou de mulher não pode ficar sempre escondido atrás do papel de pai ou mãe. Dar atenção à vida sexual, mesmo que minimamente e dentro das suas limitações, é uma forma de não se esquecer que, apesar de a vida se tornar majoritariamente devotada aos filhos, ainda existe um homem ou uma mulher que ama, sente, chora e que ainda tem direito de pensar em si mesmo, sentir prazer e encontrar na intimidade do casal a força necessária para continuar.

Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre como manter a intimidade com a chegada dos filhos? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.

(*) Isabela Cristina Vieira Pires é apaixonada por desenvolvimento pessoal, saúde mental, culturas e diversidade. Acredita que as pessoas podem transformar suas realidades e relações expandindo o autoconhecimento e modificando a forma de pensar. Psicóloga Clínica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Mestranda em Psicossexologia pela Sapienza Università di Roma. Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), instrutora de Mindfulness em formação pelo Centro de Mindfulness. É também escritora, professora e palestrante sobre diversos temas como Mindfulness, Autoconhecimento, Sexualidade e Saúde Mental.

Isabela Cristina Vieira Pires
https://www.linkedin.com/in/isabelacvieira/

Confira também: Autoestima Feminina: Como melhorar a relação consigo mesma!

 

Sharon Feder Author
⚙️ Carevolution
Sharon Feder é formada em Psicologia pela Brown University nos EUA, com especialidade em Estudos Brasileiros e Portugueses pela Brown University e Coach de Saúde e Bem-Estar com Certificação Internacional pela Wellcoaches (EUA). Treinada no Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (ProChange Behavior Systems). Atualmente, é Sócia Diretora na Carevolution Consultoria em Saúde e Bem-Estar, desenvolvendo programas de qualidade de vida e capacitações de profissionais com foco em mudança de comportamento, engajamento e autocuidado.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa