fbpx

Como Expressar Meus Reais Sentimentos Utilizando a CNV!

A expressão de sentimentos no mundo profissional é percebida como vulnerabilidade, e as pessoas temem que os outros se aproveitem disso ou os façam em pedacinhos. Porém a expressão da vulnerabilidade pode ajudar a resolver conflitos.

Hoje vou falar sobre o segundo elemento da CNV – Comunicação Não Violenta, que é o SENTIMENTO. Palavra linda, com significado profundo, mas difícil de se expressar. O significado de sentimento é estar apto a sentir, é estar disponível para se comover, para se impressionar, estar sensível.

Segundo Marshall Rosenberg, nosso repertório de palavras é maior do que o que temos para expressar de forma clara nossos estados emocionais. Aqui no Brasil, em várias ocasiões, as pessoas nos perguntam: “Tudo bem com você?”, mas não necessariamente elas querem saber realmente como você está. Esta é apenas uma forma educada de se dirigir a alguém.

Marshall coloca que a forma como nos expressamos muitas vezes não mostra o que realmente estamos sentido, mas, sim, uma opinião. Por exemplo, estou no metrô e a pessoa ao meu lado, apesar de usar um fone de ouvidos, ouve uma música extremamente alta e eu gostaria de estar em um ambiente mais silencioso. Achando que estou acessando meus sentimentos, penso, sinto que não é certo essa pessoa ouvir música tão alta em um ambiente público. Marshall explica que quando expressamos a palavra SINTO, seguida de QUE, estamos expressando uma opinião, mas não estamos demonstrando nossos sentimentos. Em várias situações as pessoas nos perguntam sobre o sentimento que estamos percebendo naquele momento, e na maioria das vezes emitimos uma opinião, e não um sentimento, porque não temos consciência dos sentimentos. E saiba que esta dificuldade é mais comum do que você imagina.

Existem várias profissões nas quais é negativo expressar sentimentos. O triste é que os familiares destes profissionais acabam por perder algo muito precioso no relacionamento: o sentimento. E em consequência disso, não se conectam, simplesmente porque os sentimentos não são expressos.

Existem muitos relacionamentos nos quais, apesar dos muitos anos de convivência, as pessoas desconhecem seus parceiros, porque eles não expressam seus sentimentos. Por exemplo, um dos cônjuges diz ao outro: “Sinto que estou vivendo com uma parede”. O que ele ou ela está sentindo? Sente-se solitário(a) ou quer mais conexão emocional. Só que a forma como ele ou ela se expressa dificilmente será ouvida, porque essa colocação é percebida como crítica.

A expressão de sentimentos no mundo profissional é percebida como vulnerabilidade, e as pessoas temem que os outros se aproveitem disso ou os façam em pedacinhos. Porém a expressão da vulnerabilidade pode ajudar a resolver conflitos.

Sentimentos x não sentimentos

Em nossa língua expressamos o verbo sentir sem realmente expressar nenhum sentimento. Existem alguns termos que, quando utilizados, na verdade estão expressando pensamentos e não sentimentos. Vejamos alguns exemplos.

  1. O uso de termos como: que, como, como se:
    • Sinto que você deveria falar mais baixo;
    • Sinto-me como um fracassado;
    • Sinto como se estivesse vivendo com uma parede.
  2. Vocábulo que seguido de pronomes, como eu, ele, ela, eles, isso, dentre outros:
    • Sinto que eu tenho que estar sempre à disposição;
    • Sinto que isso é desnecessário.
  3. Vocábulo que seguido de nomes ou palavras para referir-se a pessoas:
    • Sinto que Maria tem estado bastante organizada;
    • Sinto que meu chefe está me pressionando.

Por outro lado, não é preciso utilizar o verbo sentir quando queremos expressar realmente um sentimento. Ao invés de “estou me sentindo triste”, podemos dizer simplesmente “estou triste”.

Na CNV – Comunicação Não Violenta, podemos distinguir entre as palavras aquelas que expressam sentimentos verdadeiros daquelas que descrevem o que pensamos que somos.

Exemplo do que pensamos que somos:

  • “Sinto que não sou boa secretária.”

Nessa frase, estou avaliando a minha habilidade/capacidade como secretária, em vez de expressar meus sentimentos.

Exemplo de sentimentos verdadeiros:

  • “Sinto-me desapontada comigo mesma como secretária.”

Nesse caso estou decepcionada com a minha atuação como secretária.

Outra distinção importante é entre O QUE SINTO e COMO ACHO que os outros reagem ou se comportam a meu respeito.

  • “Sinto-me insignificante para as pessoas de minha família.”

Nesse caso, a palavra em itálico descreve a forma como acho que as pessoas estão me avaliando, e não um sentimento real.

  • “Sinto-me incompreendido.”

Nesse caso, a palavra em itálico denota o quanto eu avalio o nível de compreensão que a outra pessoa tem de mim, ao invés de um sentimento real.

  • “Sinto-me ignorado.”

Nesse caso, também é a forma como estou interpretando as ações do outro, e não como me sinto. Palavras como ignorado tendem a expressar como eu interpreto o outro, bem como ameaçado, atacado, criticado, desapontado, diminuído, intimidado, menosprezado, preterido, provocado, subestimado, traído, dentre outras.

Quando quisermos realmente expressar nossos sentimentos, é importante que utilizemos palavras que se refiram a emoções específicas. Veja alguns exemplos de palavras que expressam sentimentos quando as necessidades estão efetivamente sendo atendidas: à vontade, absorto, compreensivo, consciente, criativo, emocionado, calmo, carinhoso, despreocupado, encantado, engraçado, equilibrado, esperançoso, falante, fascinado, interessado, motivado, otimista, orgulhoso, pleno, radiante, relaxado, seguro, sereno, sensível, tranquilo, vivo, dentre outras.

Concluindo, quando desenvolvemos um vocabulário de sentimentos que nos permita nomear de forma clara nossas emoções, conectamo-nos com mais facilidade com o outro e vice-versa. Na medida em que nos permitimos ser vulneráveis, expressando nossos sentimentos, somos capazes de resolver melhor nossos conflitos. Ao utilizar o elemento SENTIMENTO da CNV – Comunicação Não Violenta, aprendemos a distinguir sentimentos verdadeiros de pensamentos, avaliações e interpretações.

Wania Moraes Troyano possui MBA em Gestão de Negócios e Coaching, Pós-Graduada em Dinâmicas dos Grupos Administradora de Empresas e Pedagoga, com mais de 30 anos com sólida carreira corporativa em empresas multinacionais e em cargos de gestão e assessoria executiva. Foco em Desenvolvimento Humano, especialista em CNV-Comunicação Não Violenta, Coach em Resiliência, Profissional, Vida e Executivo, Neurocoaching, mentora e supervisora para líderes e coaches, com mais de 1000 horas em processos de Coaching. Facilitadora de Grupos. Especialista nos assessments de Estilos de Liderança e Resiliência. Palestrante e Facilitadora de Grupos. Facilitadora em Barras de Access – Expansão da Consciência. Co-autora do livro Coaching Aceleração de Resultados, Capítulo Quantos Antes Melhor! Programa Mulheres Poderosas, na alltv.com.br, todas as terças-feiras, 15h00 às 16h00. Voluntária em programas de Jovens Aprendizes.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa