Somos seres privilegiados, feitos para dar certo porque dispomos de uma fantástica estrutura que pode ser comparada aos aplicativos de um celular e, que está à nossa disposição gratuitamente. Trata-se de um conjunto de “aplicativos mentais” muito poderoso que utilizamos de forma intuitiva, na maioria das vezes. Por isso, aqueles que aprenderem os segredos desses aplicativos podem fazer a diferença nos negócios, esportes e na vida!
A palavra Cognição, do latim “cognitione”, refere-se à forma como funcionamos e processamos informações, ou seja, nossa capacidade de captar, armazenar, transformar e aplicar o conhecimento, utilizando um conjunto de funções mentais – percepção, pensamento, memória, imaginação, intuição, raciocínio, juízo, linguagem e as funções executivas – planejamento, criação, resolução de problemas, tomada de decisão, ações estratégicas, inteligentes e coordenadas, somado aos relacionamentos.
Portanto, a Cognição pode ser comparada a uma cabine de comando composta por um conjunto de “aplicativos” que definem nossa forma de pensar, sentir, agir e interagir, considerando o passado, presente e o futuro.
Destacamos nesse artigo a importância do PENSAR e INTERPRETAR as situações ao nosso redor.
“O problema não é o problema. O jeito que encaramos o problema é que pode ser o problema!” Essa maneira de pensar da atriz Malu Mader revela uma equação importante – a forma como interpretamos o que acontece tem um efeito em como lidamos com eles – e isso faz toda a diferença em nossa maneira de interagir conosco, com os outros e com o mundo.
Em uma tarde de domingo, no centro de São Paulo, época em que as emissoras de Tvs recheavam os programas com pegadinhas como “Topa tudo por dinheiro”, uma moça passava sobre o Viaduto do Chá quando foi abordada por um menino que segurava uma faca cor de abobora, estilo psicodélico que lhe disse: passe a bolsa com o dinheiro! Imediatamente, ao perceber que estava sendo filmada para um desses programas, Laura se irrita e grita para o garoto: Fora daqui! Não quero participar dessa brincadeira de mau gosto!!! Tenho mais o que fazer da vida!!!! Fora! O garoto sai correndo e em seguida duas senhoras se aproximam: você estava sendo assaltada! Não deveria ter gritado com o rapaz! Quer ir até a farmácia tomar um copo d’água? Nesse momento, Laura percebe o que havia acontecido… Começa a tremer e desmaia. Minutos depois de ser socorrida, segue para sua casa com uma importante lição.
Essa história ilustra o princípio cognitivo que diz: “não é o que acontece que determina o que pensamos, sentimos como agimos e interagimos e sim, a interpretação que damos ao que acontece”. Entender como as cinco partes de nossas vidas interagem pode ajudar-nos a compreender nossos problemas e a melhor forma de lidar com eles.
Mapa de Realidade de Laura | ||
#160; | Primeiro momento | Momento seguinte |
Situação/Problema: | Abordada por um menino que segurava uma faca cor de abobora, estilo psicodélico que lhe disse: passe a bolsa com o dinheiro! | Abordada por duas senhoras que demonstram acolhimento. |
Pensa/Interpreta: | Estou participando de uma pegadinha para a TV. | Se dá conta, toma consciência do perigo que passou. |
Sentimento: | Raiva | Medo |
Ação/Comportamento: | Grita | Desmaia |
Interação: | Mandar o rapaz ir embora | É socorrida por terceiros |
Portanto, as situações e problemas que se apresentam, são interpretados por nossa cognição e por consequência, define o que sentimos, como agimos e interagimos – o jogo do PSAI – Pensar, Sentir, Agir e Interagir.
Esse mecanismo é responsável por nossos estados emocionais de medo, ansiedade, alegria, raiva, tristeza e depressão por isso é tão importante entender e aprender a ajustar esse jogo interior para desenvolvermos recursos internos de interpretações mais funcionais a partir de técnicas de Solução de Problemas, Tomada de Decisão para promover ações mais estratégicas, inteligentes e criativas.
Exercício: “Compreendendo seus próprios problemas”
Assim como Laura, podemos compreender os problemas considerando o que acontece nas cinco áreas de nossas vidas:
- Situação/ambiente– Ultimamente tenho experimentado mudanças significativas? Quais os últimos acontecimentos mais estressantes nos últimos meses? Estou passando por alguma dificuldade importante?
- Pensamentos– O que penso sobre o que estou passando atualmente? Sobre eu? Sobre outras pessoas? Sobre meu futuro? O que me impede de conseguir resolver os problemas? O que devo fazer?
- Reações físicas/emocionais– Sinto sintomas físicos como mudança de energia, apetite, sono, dores e emocionais como ansiedade, nervosismo, raiva, culpa ou tristeza?
- Comportamentos– O que posso fazer para enfrentar a situação e resolver os problemas? Como agir de forma mais inteligente e criativa? Qual minha meta diante dessa situação? Quais as alternativas? Como avaliar as vantagens e desvantagens de cada alternativa? Qual a decisão mais produtiva? Como posso partir para a ação e mudar o que pode ser mudado?
- Interações– O que tenho feito a outras pessoas? Quem está sendo atingido por meu comportamento? Como estou agindo? Onde posso melhorar? Quanto estou prejudicando as pessoas? Para que reagir dessa forma?
Em resumo, para compreender e lidar melhor com as situações, é preciso considerar:
- Existem mais quatro componentes que vão interagir, além da situação;
- Cada um dos cinco componentes afeta os demais;
- Pequenas mudanças em um dos cinco componentes podem acarretar mudanças importantes;
- Identificar os cinco componentes pode ajudar na solução do problema.
Você pode saber mais lendo o artigo “Como enfrentar os problemas de forma estratégica e inteligente?”
Em nossos Projetos, Palestras, Cursos e Sessões utilizamos os fundamentos da Psicologia Cognitiva para tornar nossas ações mais estratégicas, inteligentes e coordenadas e assim, melhorar desempenho e resultados.
Cada situação é uma oportunidade para exercitarmos e encontramos a melhor solução! Pense nisso!!!
Referências bibliográficas:
A Mente Vencendo o Humor, D.Greenberger e C.Padesky, Artmed, 1995;
Estratégias Cognitivo-comportamentais de intervenção em situações de crise, F.Dattilio e A.Freeman, Artmed, 2004;
Manual de Terapias Cognitivo-comportamentais, K.Dobson, Artmed, 2006.
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