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Educando onde tudo ofende

Como exercer seu papel de líder sem ofender? Como fazer que algo seja cumprido sem envolver seriamente com elementos do assédio moral? Enfim, como educar alguém em um mundo onde tudo ofende?

Como educar alguém em um mundo onde tudo ofende?

Como educar alguém em um mundo onde tudo ofende?

Olá,

Vivemos tempos bastante estranhos não é mesmo? Ao mesmo tempo que queremos total liberdade, somos colhidos por uma sensação de abandono quando nos vemos livres e sem saber para onde ir. Buscamos ser ouvidos, mas por outro lado, não queremos ser contestados por aqueles que nos ouvem.

Reclamamos quando não percebem nossa dor, mas também reclamamos da dor do outro que chamamos de mimimi. Enfim, parece que a maioria das coisas que conhecemos e aprendemos agora não mais funcionam, ou pior ainda, não são adequadas, apesar de visivelmente funcionarem.

Me lembro dos tempos de outras vidas minhas, profissionais é claro, onde trabalhava criando cartas de conduta que chamávamos de cartas de governança, ou modelos de papéis e responsabilidades e invariavelmente elas continham a seguinte frase: “CABE AO GESTOR CUMPRIR E FAZER CUMPRIR…”

Agora, pensa em uma coisa difícil: O fazer está claro e é até certo ponto bastante simples. Daí vem a complicação o tal do “fazer cumprir”. Fico me perguntando, como fazer para fazer que algo seja cumprido? Volto no tempo com bom e velho professor Bazanini que lecionava sobre estruturas de poder e naquela época dizia que o poder, tem uma definição clara e significa:

“A habilidade de um indivíduo fazer com que outro individuo se comporte de acordo com os interesses deste primeiro”.

Assim, o tal do fazer cumprir está relacionado diretamente com o exercício do poder. Poder de um indivíduo sobre o outro. Frase estranha e até mesmo ofensiva em alguns aspectos. Então me acompanhe no desenrolar deste raciocínio:

Existem diferentes formas de poder, na verdade são cinco, sendo a primeira mais conhecida que é poder coercitivo. Ou você faz o que eu mando ou sofre as consequências. Velho conhecido nosso.

O segundo modelo é o chamado poder da recompensa.

Onde se você fizer aquilo que eu digo, você ganha um prêmio. Este modelo está associado diretamente ao trabalho corporativo com suas políticas de bônus e remuneração variável. Mas também pode estar associado a várias formas de educação “moderna” com as crianças ganhando doces, presentes ou mais tempo de videogame se fizerem algo que deveria ser sua obrigação.

O terceiro modelo de exercício de poder, o chamado de poder do especialista.

Este modelo podemos presenciar quando vamos a um médico por exemplo. Ele faz uma rápida entrevista, elabora um diagnóstico, pede ou não pede exames e a partir deste ponto recomenda medicamentos que a maioria de nós toma sem sequer ler a bula. O fato do médico ser um especialista em sua área, concede poder para alterar meu comportamento de maneira automática.

O quarto poder é o poder legal.

Aquele exercido por lei. Um agente de polícia pode, por exemplo, parar qualquer pessoa na rua e solicitar a apresentação de documentos, pode ainda executar uma revista em um automóvel se assim desejar, obviamente, dentro dos limites da lei e da cordialidade. O fato de ser um agente da lei lhe concede o poder de alterar minha rota e meu comportamento, inclusive no sagrado direito de ir e vir.

Por fim, o quinto modelo de exercício de poder, o exercido através do poder legítimo.

Aquele que é concedido pelos fatos e circunstâncias em uma mescla entre cultura e legalidade. Um exemplo claro é o pátrio-poder. Aqui deixando claro que o pai ou a mãe pode exercê-lo, ou ainda por qualquer pessoa que seja responsável por outra pessoa menor de idade ou dependente. Agora, curiosamente, o poder legítimo precisa ser legitimado. O que significa que se você for responsável por um menor, mas, todavia, possuir uma conduta indigna, não poderá ser reconhecido como tal e perderá o poder.

Agora que você teve esta longa leitura sobre formas de poder, retomo a pergunta original: Como educar alguém em um mundo onde tudo ofende?

Veja que não estou falando de educar no sentido de aplicação do poder seja ele legítimo, legal ou de especialista. Estou falando de “dar um toque” em um colega de trabalho ou até mesmo, orientar uma pessoa de nossa equipe para atuar de maneira mais assertiva.

Algumas das vezes, não são orientações profissionais e podem inclusive envolver comportamentos indesejáveis, falhas no dress code ou até mesmo hábitos de saúde e higiene. Tudo é possível. Na prática, estou falando do modelo de “cumprir e fazer cumprir” que é a base do código da liderança. Se apertar de menos, nada acontece, se apertar de mais, pode-se ofender e namorar seriamente com elementos do assédio moral.

Assim fica a dica de quando podemos educar alguém sem ofender: Somente nestes casos, ok?

  • A pessoa pediu para ser educado. Neste caso, quando a pessoa pediu sua ajuda, toda a orientação é bem-vinda;
  • Quando você é responsável legal pela pessoa. Serve pai, mãe, professor ou tutor. Nestes casos é esperado que você oriente e eduque, então tudo bem;
  • Quando a atitude da pessoa coloca você em risco. Seja físico, psicológico, político ou qualquer outro tipo de risco. Neste caso você não só pode como deve educar para que o comportamento mude;
  • Quando a atitude da pessoa coloca terceiros em risco. Vale a mesma regra anterior.

Fora essas quatro situações, nunca tente educar uma pessoa. Você abrirá uma porta para o sentimento de desrespeito e ofensa e isso dificilmente será reparado.

Então como faço?

Simples, vá para a primeira situação: Antes de falar, pergunte se a pessoa te dá permissão.

Assim você pode exercer seu poder de especialista e ajudar a pessoa a mudar seus comportamentos, sem que isso vire ofensa, ou mimimi.

Pense nisso!

Gostou do artigo? Quer saber mais como podemos educar alguém sem ofender? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar com você.

Edson Carli
https://inteligenciacomportamental.com

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Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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