fbpx

Como as palavras podem destruir um processo de Coaching

A palavra é a ferramenta principal de qualquer Coach. Acontece que essa palavra pode ser uma ferramenta ou uma grande armadilha.

A palavra é a ferramenta principal de qualquer Coach. Acontece que essa palavra pode ser uma ferramenta ou uma grande armadilha.

A nossa mente forma imagens baseado nas palavras. A nossa forma de compreender a realidade é criar imagens que ganhem significado interior através de um descodificador

interno nosso. Assim, sempre que escutamos uma palavra ela é traduzida para uma realidade interna nossa. E nesse momento, essa palavra ou expressão ganhou significado.

Por exemplo, se eu disser: “numa manhã de nevoeiro aproximei-me do portão, estava entreaberto. Decidi avançar e fiquei espantado com a paisagem…”

Ao escutar esta história cada um de nós foi levado pela descrição e criar a sua realidade interna. Seria interessante questionar 2 pessoas e indagar:

  • Qual a cor do portão? Era novo, antigo, havia folhas no chão, era alcatrão…
  • E a paisagem, como era? Verde com árvores, com mar, um monte cultivado…

– Compreendendo isto agora torna-se fundamental interpretar qual o verdadeiro impacto das palavras.

Alguns exemplos analisados:

MAS

Significado: “Esquece tudo o que disse”. O MAS apaga tudo o que eu disse anteriormente. “Está de parabéns. Você tem melhorado e por isso está tendo resultados muito melhores MAS tem de se aplicar mais”. O que a outra pessoa escutou? Tenho de estudar mais. O que ela reteve? Nunca é suficiente. Em 99% das vezes a palavra MAS é naturalmente substituída por E. Que é um sinal de adição. Ou seja, faz com que nós juntemos as 2 frases. Uma coisa é verdade E a outra também.

NÃO

Não há nenhuma imagem que represente esta expressão no nosso sistema neurológico quando está associada à ação. A ação irá sempre prevalecer. Por esse motivo se eu disser: “Neste momento não pense num elefante cor de rosa!” Conseguimos? Naturalmente que não, assim que terminei a frase a minha mente vai PENSAR diretamente na imagem do elefante. Por exemplo: se eu disser a uma criança: “Não mexa no comando da TV, não é mais que aumentar o seu interesse em fazê-lo. Um outro exemplo é: “Não se esqueça de levar o casaco”. Consequência: esquecer do casaco. Da próxima o melhor mesmo é “Lembre-se de levar o casaco”.

AINDA

Pequeno detalhe que faz toda a diferença. Com a melhor das intenções, por vezes, damos uma opinião a alguém que fica desmotivado ou decide contestá-la. Por exemplo: “Pode melhorar mais o seu inglês” – Em contraste com: Precisa melhorar AINDA mais o seu inglês. A relevância da segunda é que o uso do AINDA transmite uma mensagem inconsciente que estamos valorizando o esforço ou melhoria anteriormente ocorrida.

PROBLEMA vs DESAFIO

Ninguém gosta de problemas. Quando convidamos alguém para se debruçar sobre um problema o grau de motivação é sempre inferior ao se fizermos por um DESAFIO. O problema está identificado com esforço, enquanto que o DESAFIO está identificado com entusiasmo ou superação.

POR QUE vs O QUE É QUE

O POR QUE está associado ao problema, logo indicia à procura de desculpas. O QUE É QUE procura causas, uma boa base para a procura de soluções. “Por que você fez isto?”, “O que é que te levou a fazer isto?”

PRINCIPIO DA COERÊNCIA

O uso do SER vs FAZER. Se Eu digo: “ O meu filho João não é muito bom aluno de Matemática.” No momento em que o João escutar isto ele procurará agir em coerência com isso. Ou pelo menos justificar-se em coerência com isso. “Se Eu não sou bom em matemática (e a minha mãe aceita – está implícito) então eu deixo de acreditar que posso vir a ser bom, vou desenvolver competência em outras áreas que me sinta mais confortável, vou deixar de fazer exercícios de matemática e vou de dar com os amigos da escola que não gostam do professor de matemática. Tudo fica coerente e um novo equilíbrio restabelecido.

Por outro lado, posso explorar o princípio da coerência de uma outra forma – através do comportamento. “O meu filho é muito inteligente, falta a ele ter boas notas em matemática.”

Ao escutar esta frase a mente da criança observa uma incoerência que procurará corrigir. Pode estar nascendo mais um adulto bom com números.

As palavras são para o Coach a sua principal ferramenta. Devem ser usadas com muita sabedoria e consciência. O seu uso descuidado ou até mesmo permitir que o cliente o fale de forma leviana pode ser um risco sério para um processo de Coaching que vise a transformação sustentada de um cliente.

⚙️ Eneacoaching
Eduardo Reis Torgal atua como Business Coach desde 2004 em programas de transformação com Eneagrama para executivos e liderança empresarial de alta performance em grandes multinacionais. É palestrante em Portugal e em outros países da Europa. É mentor e fundador do Instituto Eneacoaching em Portugal e no Brasil onde treina outros profissionais na metodologia Eneacoaching com 9 Passos. Especialista em Psicologia Social e Influência com Neurolinguística; é professor convidado para áreas de Coaching, Liderança e Mudança Organizacional em várias pós-graduações em ensinos Portugueses assim como na Academia Força Aérea Portuguesa. Professor supervisor pela escola tradição narrativa – Helen Palmer e David Daniels para Portugal e Brasil. É autor de 3 livros: “Descubra a sua personalidade com o Eneagrama” (2013, Topbooks), “40 dias e um segundo para mudar a sua Vida” (2014, Topbooks) e “A arte da guerra na transformação pessoal” (2014, Topbooks).
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa