O post Culturas de Crescimento: Por que o ambiente molda nosso potencial apareceu primeiro em Cloud Coaching.
]]>Você acredita que suas capacidades como a inteligência, a criatividade, o olhar inovador, não podem ser desenvolvidas? Ou alimenta a crença de que suas habilidades podem ser desenvolvidas através de uma conjunção de fatores como trabalho, estratégias e apoio?
Muitas vezes acreditamos que o crescimento é resultado exclusivo do esforço individual. Trabalhar duro, acumular conhecimentos, resistir às dificuldades. Tudo isso, sem dúvida, conta, mas quem já viveu em um ambiente que sufoca sabe: por mais talento ou dedicação que alguém tenha, se o espaço não permite aprender, errar e tentar de novo, o desenvolvimento se torna limitado. Em contrapartida, quando estamos cercados por estímulo, apoio e confiança, algo dentro de nós floresce.
A verdade é que ninguém cresce sozinho. Crescemos em ambientes que nos sustentam.
Chamamos de cultura de crescimento os ambientes que valorizam a aprendizagem contínua, a curiosidade e a coragem de experimentar. Nesses contextos, o erro não é visto como fracasso, mas como parte natural do processo. As pessoas são incentivadas a se desafiar, a explorar novas possibilidades e a transformar dificuldades em aprendizado.
“O ambiente em que estamos inseridos envia sinais constantes sobre quem podemos nos tornar.” (Mary C. Murphy)
É fato que o ambiente profissional ou escolar em que você se encontra vai impactar muito sua vida. Não crescemos apenas pela força de vontade, mas porque os contextos sociais, educacionais e profissionais nos oferecem, ou negam, oportunidades de experimentar, errar e aprender, como diz Murphy em Cultures of Growth.
Essa visão se conecta à noção de mindset de crescimento desenvolvida por Carol S. Dweck, que mostra como a crença de que podemos evoluir pelo esforço e pela prática abre portas para o desenvolvimento contínuo. Enquanto Dweck foca na disposição individual, Murphy amplia o olhar para o nível coletivo: não basta que uma pessoa acredite em seu potencial se o ambiente reforça o contrário.
Afinal, erro não é fracasso, mas aprendizado. O ambiente decide se você cresce ou se paralisa.
O ambiente em que estamos inseridos impacta diretamente nosso modo de agir e sentir. Culturas de crescimento estimulam a motivação intrínseca, aquela energia que vem de dentro quando fazemos algo porque faz sentido, e não apenas por recompensas externas. Elas fortalecem a autoestima e a resiliência, permitindo que cada um vá além de seus próprios limites.
Já as culturas rígidas, que punem o erro e supervalorizam a perfeição, geram insegurança, medo de se expor e até sintomas de esgotamento. Não é à toa que muitos profissionais que atendo, em Coaching ou Psicanálise, falam sobre a sensação de paralisia em empresas altamente competitivas. O mesmo vale para outros contextos. Por exemplo, uma família que só aponta falhas ou uma escola que pune quem erra podem minar a confiança das pessoas, bloqueando seu desenvolvimento.
Se é verdade que o ambiente molda nosso potencial, também é verdade que todos nós, em maior ou menor escala, participamos da construção desses ambientes. Cada palavra, cada gesto, cada escolha contribui para criar um espaço de crescimento ou de estagnação.
Alguns caminhos práticos para sustentar uma cultura de crescimento:
Nenhum de nós cresce isolado. Crescemos em ambientes que nos sustentam, que nos dão segurança para arriscar e confiança para continuar. Seja em casa, com sua família, ou como líder, no trabalho, a pergunta que fica é: que tipo de ambiente você está ajudando a construir nas suas relações?
Você está ajudando a criar um ambiente de medo ou de crescimento?
Não importa o espaço que ocupamos, todos nós podemos ser agentes de culturas de crescimento. Pequenas escolhas, como ouvir antes de criticar ou incentivar em vez de punir, têm o poder de transformar trajetórias. Afinal, ambientes que cultivam o crescimento de todos são os que mais nos aproximam de uma vida com sentido.
Não crescemos apenas pela força de vontade, mas porque alguém nos dá espaço para aprender, errar e florescer.
Quer saber mais sobre como aplicar culturas de crescimento e estimular o mindset de crescimento no seu dia a dia para impulsionar pessoas e organizações? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: A Nova Ambição: Ser Pleno em um Mundo que Cobra Excelência
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]]>Desde quando ser bom deixou de ser suficiente? Na sociedade da exposição e da comparação que cobra a alta performance constante, o “ótimo” virou o novo “mínimo aceitável”: já não basta sobressair-se em alguma coisa – é preciso ser excelente em tudo. E se, ao invés de vencer, escolhermos viver com inteireza?
Vivemos tempos em que o ideal de sucesso foi sequestrado por um imperativo de performance sem fim, onde ser competente já não basta. É preciso estar sempre um passo à frente, ultrapassando expectativas e otimizando o tempo, a produtividade, o corpo e a mente. Às vezes parece que a vida virou um projeto onde o valor de alguém só pode ser medido pela sua capacidade de entregar, impactar e se destacar: a excelência virou norma, e a norma virou prisão.
“A sociedade do desempenho e do cansaço é uma sociedade de indivíduos livres que se exploram voluntariamente até a exaustão.” (Byung-Chul Han)
Por trás da promessa de uma vida extraordinária, esconde-se uma epidemia silenciosa de esgotamento. O burnout, antes restrito a algumas profissões de alta exigência, agora é quase um traço geracional. A ansiedade, o medo de fracassar, o sentimento de inadequação, mesmo entre os aparentemente bem-sucedidos, denuncia que algo não vai bem. Nunca se falou tanto em equilíbrio, mas nunca estivemos tão distantes dele.
Há algo profundamente disfuncional na forma como aprendemos a medir a própria vida. Em meio a metas, algoritmos, avaliações de desempenho e rankings invisíveis, a pergunta mais simples – estou bem comigo? – acaba esquecida. A lógica da produtividade contínua substituiu o espaço da escuta, da pausa, do sentir.
Como ouvi em uma sessão de análise, “já não aguento mais ter que ser muito boa em tantas funções: ser eu já é difícil, mas preciso ser a namorada que mantem um bom relacionamento, a empresária que faz o negócio dar certo, a dona de casa que põe tudo para funcionar… É exaustivo”. Sim, é exaustivo. A vida está sendo medida pelos resultados apenas.
Essa distorção não é só individual, mas está entranhada na cultura moderna: em muitas organizações estar cansado virou sinal de comprometimento; nas redes sociais, ser incrível virou obrigação cotidiana; na vida pessoal, o tempo livre precisa ser justificado com alguma tarefa útil.
Eu me arrisco a dizer que o descanso virou luxo e a simplicidade de apenas contemplar, quase uma heresia.
Mas algo começa a se mover e isso é perceptível tanto no Coaching como na Psicanálise. Aos poucos, novas perguntas estão emergindo: e se ser pleno for mais importante do que ser impecável? E se a verdadeira ambição não for sobre subir degraus, mas sobre permanecer inteiro ao longo do caminho? E se a potência não estiver em fazer tudo, mas em escolher o que realmente importa?
“A principal motivação do homem é o desejo de encontrar um sentido para sua vida.” (Viktor Frankl)
Essa virada de eixo exige coragem para dizer não à pressa que tudo engole, valorizando o tempo como um bem existencial, não apenas produtivo. Seria algo como desenvolver em si a coragem de não performar, e ainda assim reconhecer seu valor.
Autores como Viktor Frankl nos lembram que o sentido, e não a excelência, é o que sustenta a vida. Byung-Chul Han denuncia a autoexploração como uma nova forma de dominação. E mesmo movimentos contemporâneos como o slow living ou o quiet quiting revelam que há um desejo latente de desacelerar e reencontrar uma vida que traga prazer também, não só tarefas para serem cumpridas.
Talvez valha a pena parar um pouco e refletir sobre suas escolhas – ou talvez a falta delas. Você tem se medido pelo quê?
Não se trata apenas de trocar metas, mas de rever as lentes com que enxergamos a própria vida. Em vez de perguntar quanto ganhamos, talvez devêssemos perguntar quanto perdemos de nós mesmos nesse processo. Em vez de nos orgulharmos apenas pelo que conquistamos, talvez devêssemos nos orgulhar daquilo que decidimos não aceitar para proteger quem somos.
Deixo aqui um convite: e se no lugar de contar conquistas, sustentássemos conversas significativas? E se o tempo de qualidade com quem amamos voltasse a pesar mais do que o número de tarefas cumpridas? E se a nossa métrica de sucesso fosse o grau de paz que sentimos ao deitar à noite, e não a quantidade de curtidas, entregas ou títulos acumulados?
Redefinir sucesso não significa renunciar à potência, mas à ilusão de que precisamos nos provar o tempo todo, procurando sempre ser o melhor em vez de estar bem. Tipo não correr para dar conta de tudo, e sim escolher o que queremos carregar. Ou cultivar vínculos, tempo, saúde e inteireza no lugar de colecionar conquistas.
Essa não é uma ambição menor. Ao contrário. Talvez seja a mais difícil de todas: a de habitar a própria vida com inteireza, mesmo quando tudo ao redor exige performance.
Não se trata de negar a excelência, pois ela pode ser bela, criativa, inspiradora. Pode se transformar, inclusive, no sentido que procura para sua vida. Mas quando se torna um dever constante, deixa de libertar e começa a adoecer. Por isso, talvez seja preciso resgatar um tipo de ambição mais humana: a de viver com presença, sentido e plenitude, sendo quem se é, sem precisar se provar o tempo todo.
Em tempos de excesso de tudo, menos de si mesmo, ser pleno talvez seja o gesto mais radical.
Como disse Jung:
“Prefiro ser inteiro a ser bom.”
Quer saber mais sobre como ser pleno em um mundo que cobra excelência o tempo todo — e descobrir como redefinir sucesso com autenticidade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: Entre o Atalho e o Abismo: O Risco de Emburrecermos com a IA
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]]>Quando a tecnologia nos poupa do esforço de pensar, o que perdemos é mais do que tempo: é a própria inteligência humana que pode estar em jogo.
Nos últimos meses, uma inquietação vem me acompanhando com força crescente. Percebo, especialmente entre os mais jovens, uma recusa ativa à leitura de livros que exigem reflexão, à escrita autoral, à escuta do próprio pensamento. Mais do que isso: há quem pergunte à inteligência artificial o que deve sentir diante de um término amoroso, como reagir a um conflito familiar ou o que escrever em uma mensagem para alguém querido. Como se a experiência de ser humano pudesse ser resolvida por um algoritmo.
Diante disso, me pergunto:
“A IA está nos emburrecendo? Ou será que somos nós que estamos escolhendo abdicar do processo cognitivo e afetivo de existir?”
Como psicanalista, mentora, educadora, coach, como alguém que pensa e observa, não posso ignorar essa inquietação. E é com ela que este texto começa – não para demonizar a tecnologia, mas para refletir honestamente sobre a forma como a estamos integrando (ou substituindo) em nossa vida mental.
A inteligência artificial oferece algo muito sedutor: o atalho. Respostas rápidas, bem escritas, organizadas, convincentes. Mas há uma diferença imensa entre obter uma resposta e elaborar um pensamento.
Ao saltarmos direto para o destino, a resposta, perdemos a riqueza do percurso: a dúvida, o erro, a frustração, a curiosidade, a reorganização das ideias. E é nesse processo – lento, trabalhoso, às vezes desconfortável – que o pensamento crítico se desenvolve. Ao substituir esse caminho por uma resposta pronta, corremos o risco de trocar a cognição profunda pela ilusão de saber.
Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, alerta para o esvaziamento da experiência reflexiva em uma cultura que valoriza o desempenho, a transparência e a positividade a qualquer custo. Em Sociedade do Cansaço, ele argumenta que vivemos uma era de hiper produtividade onde o sujeito é pressionado a funcionar, mas não a pensar. “A ausência de dor não é alegria, mas anestesia”, diz ele. E a IA, nesse contexto, pode nos anestesiar do desconforto fundamental que impulsiona o pensamento real.
Ler uma frase impactante pode ser bonito. Mas ler o livro inteiro e descobrir onde aquela frase mora, no meio de tantas outras ideias, contextos, dúvidas e revelações… isso é outra coisa. É como escavar lentamente até encontrar um diamante e, ao encontrá-lo, perceber que ele só brilha porque foi gerado pela pressão do todo.
Li tantos livros em minha vida que perdi a conta. E sempre foi uma experiência enriquecedora, ainda que eu discordasse profundamente do que ali estava escrito: com certeza eles me ajudaram a forjar quem sou. Peguei aqui, aleatoriamente, alguns livros em minha estante e, também aleatoriamente, separei frases:
O autor, que sobreviveu a campos de concentração, escreve:
“Entre o estímulo e a resposta existe um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher a nossa resposta.”
Mas o que essa frase significa de verdade só se revela quando lemos todo o testemunho ético, corajoso e profundamente humano que a sustenta. É nesse contexto que ela brilha. E transforma.
Clarice escreve:
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.”
Mas para compreender esse desejo indizível, é preciso acompanhar Macabéa, personagem pequena e imensa, página por página. A frase não vive sozinha: ela pulsa porque nasceu de uma história inteira.
Um dos meus preferidos, diz ele:
“É preciso ensinar a viver.”
Trata-se de muito mais do que um aforismo bonito. Morin fala da educação como um ato existencial, ético, planetário. É no corpo do texto, cheio de conexões entre ciência, poesia e política, que essa frase ganha densidade e urgência.
Difícil escolher apenas um livro de Arendt. Então escolhi a frase:
“O pensar nunca obedece, e o obedecer nunca pensa.”
Ler essa frase num post pode até provocar um arrepio. Mas é ao longo do livro, onde ela reflete sobre o julgamento, a banalidade do mal e a importância do pensamento como resistência, que a ideia se inscreve na alma. Não é uma provocação: é um chamado à responsabilidade.
Neste livro, De Masi nos convida a reimaginar o trabalho, o tempo e a vida:
“O homem do futuro será aquele que souber misturar trabalho, estudo e lazer numa única atividade.”
Mas esse futuro só ganha forma quando lemos as análises culturais, históricas e filosóficas que o autor apresenta. Ele não está vendendo um estilo de vida, mas propondo um deslocamento profundo da lógica produtivista que nos adoece.
Ler o todo exige tempo, mas nos dá profundidade. É como conhecer alguém de verdade, e não só ver seu perfil. As frases soltas tocam, sim. Mas o livro inteiro transforma. E talvez seja isso que estamos perdendo quando preferimos atalhos: a beleza lenta de ser atravessado por uma ideia inteira.
Do ponto de vista da neurociência, esse modelo de terceirização cognitiva é perigoso. O cérebro humano é plástico: ele se modifica conforme o uso. Cada vez que enfrentamos um desafio cognitivo – ao ler um texto denso, escrever uma reflexão própria, organizar ideias complexas – estamos fortalecendo conexões neurais. Literalmente fazendo crescer nosso cérebro.
Mas o contrário também é verdade. Ao evitarmos o esforço cognitivo, essas conexões se enfraquecem. Maryanne Wolf, em O Cérebro no Mundo Digital, alerta para os efeitos da leitura superficial induzida pelas telas:
“Se perdermos a capacidade de leitura profunda, perderemos a capacidade de pensar profundamente.”
Para ela, o cérebro leitor do século XXI está se moldando à velocidade, à fragmentação e à gratificação instantânea – o oposto da construção reflexiva que a leitura complexa proporciona.
Além disso, o uso compulsivo de tecnologias interativas com recompensas rápidas, notificações constantes e soluções prontas, compromete a memória de longo prazo, a atenção sustentada e a empatia. Estamos criando cérebros que pulam de estímulo em estímulo, mas não mergulham em nenhum.
Há algo ainda mais delicado nessa equação. A inteligência artificial não está apenas substituindo o pensamento – ela está, em alguns casos, tentando substituir a vivência emocional. Já vi jovens perguntarem à IA o que fazer com sua tristeza, se “devem” perdoar alguém, como se sentir diante de uma ofensa, ou até como terminar um relacionamento de forma “correta”. E até profissionais da área perguntarem como lidar com este ou aquele paciente.
O mais interessante foi um adolescente que me afirmou, com certeza, que a IA era uma grande mentira. E explicou: “perguntei a ela o que era a vida, e não soube me responder!”. Como assim?! Expliquei a ele que essa era uma pergunta filosófica que nenhum ser humano conseguira responder – mas para ele (e para quantos mais?) a IA é uma entidade superior à parte e deve ter todas as respostas.
Esse tipo de uso revela uma abdicação progressiva da escuta interna, do sentir ambíguo, do conflito necessário que atravessa qualquer experiência emocional autêntica. Ao buscar uma resposta “correta” fora de si, o sujeito passa a se afastar de sua singularidade, da construção ética de suas próprias decisões, da travessia subjetiva que define o amadurecimento.
Estamos correndo o risco de criar não apenas mentes superficiais, mas consciências padronizadas – moldadas por respostas estatísticas, descoladas do desejo, da história e da imaginação.
O que está em jogo, portanto, não é apenas o conhecimento, mas a capacidade de pensar – e, com ela, a liberdade. A juventude que evita o esforço da leitura, que copia respostas geradas por IA sem compreender, que não aprende a escrever com a própria voz, está sendo privada de um direito fundamental: o de construir sua própria maneira de ver o mundo.
Paulo Freire, em A Importância do Ato de Ler, nos lembra que “ler o mundo precede ler a palavra”. Ou seja, a leitura não é apenas decodificação, mas construção de sentido. Quando a escola (ou a vida digital) educa apenas para repetir, copiar, obedecer ou simplificar, estamos cultivando sujeitos que consomem respostas – não aqueles que as interrogam. E sem questionamento, não há pensamento crítico, nem autonomia ética.
Mais grave ainda: ao evitarmos o desconforto do pensamento próprio, abrimos espaço para formas sutis de controle e conformismo. Afinal, quem não pensa por si mesmo pode ser conduzido com mais facilidade – pela máquina, pelo algoritmo, pelo sistema.
Nada disso significa que a inteligência artificial deva ser rejeitada. Ao contrário: ela pode ser uma ferramenta extraordinária de expansão cognitiva, se usada com consciência. Pode estimular debates, facilitar acesso a informações, inspirar ideias, permitir conexões antes impensáveis. Mas, para isso, é preciso que ela seja usada como extensão da mente, e não como substituta do pensamento.
É necessário recuperar o lugar da dúvida, da complexidade, do esforço. Usar a IA para nos ajudar a pensar melhor – e não para pensar no nosso lugar. Há uma diferença radical entre consultar uma ferramenta e submeter-se a ela.
Eu mesma estou passando por uma experiência no mínimo curiosa: há 4 meses me dedico a escrever um livro baseado em minhas experiências profissionais, sobre um trabalho acadêmico que fiz em 2014. Revi processos de Coaching desde 2007 e cheguei a lugares, no mínimo, curiosos. Estou usando a IA? Sim. Com ela discuto sobre conhecimentos profundos que tenho e reflexões as quais chego. Porque conheço, interajo. Não faço da IA a minha muleta.
O que me preocupa, no fim, não é a inteligência artificial. É a inteligência humana. É o risco de perdermos, por comodismo ou ignorância, a chance de exercê-la. O pensamento crítico, reflexivo, ético e criativo é uma conquista, e precisa ser cultivado como tal. Isso exige tempo, silêncio, desconforto, esforço. Exige leitura, escuta, escrita, dúvida.
Se não formos nós a fazer isso, com coragem e presença, a máquina o fará. Mas será outra coisa. E talvez, ao fim de tudo, a inteligência artificial esteja apenas revelando o que estamos dispostos a abandonar: a difícil e bela tarefa de sermos plenamente humanos.
Para ir além: leituras que inquietam e despertam
Um alerta sobre como a leitura profunda está sendo substituída por padrões digitais de velocidade e distração. Leitura essencial para quem deseja compreender o impacto da tecnologia no cérebro.
Mais do que uma defesa da alfabetização, é um manifesto pelo direito de pensar o mundo com autonomia. Educação como prática da liberdade.
Filosofia afiada sobre a cultura do desempenho e da positividade que nos esvazia de pensamento e esgota emocionalmente.
Uma crítica profunda à submissão da cultura à tecnologia. Mostra como a técnica, se não for questionada, pode colonizar a linguagem, o saber e a consciência.
Reflexões fundamentais sobre o impacto da tecnologia nas relações humanas, na identidade e no senso de intimidade. Um livro para quem quer entender o que está se perdendo na era da conexão constante.
Este texto foi escrito a partir de experiências reais, inquietações próprias e diálogos provocadores – pensados e planejados – com a inteligência artificial. A IA foi usada aqui como ferramenta crítica de reflexão, não como substituta do pensamento. Porque, mais do que nunca, pensar continua sendo um ato humano.
Quer saber mais qual a diferença entre usar a inteligência artificial como extensão da mente e usá-la como substituta do pensamento? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: Microaprendizado: Como Aprender de Forma Leve em Tempos Acelerados
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]]>O post Microaprendizado: Como Aprender de Forma Leve em Tempos Acelerados apareceu primeiro em Cloud Coaching.
]]>A vida hoje acontece em velocidade máxima e o acesso às informações estão, literalmente, na palma das mãos. De um nome a uma fórmula complexa, basta perguntar ao Google, e se ‘ele’ não responder, fornecerá caminhos para se chegar à resposta. Mas essa abundância de conteúdo pode nos sobrecarregar. Afinal, será que estamos absorvendo o que importa? Ou só acumulando informações sem retenção?
Muita gente sente que sua memória não é mais a mesma. E não é só impressão. O excesso de dados, o estresse, o sono ruim, o uso excessivo de tecnologia e a falta de treino mental afetam diretamente nossa capacidade de aprender. É aí que entra o microaprendizado, uma abordagem baseada em conteúdos curtos e objetivos, que permite absorver conhecimento de forma contínua sem sobrecarga.
Vídeos rápidos, módulos dinâmicos, podcasts curtos – o microaprendizado atende profissionais que precisam evoluir sem investir horas em estudos longos. Mas fica uma dúvida: Será que aprender aos poucos compromete a profundidade do conhecimento? Ou essa fragmentação é justamente o segredo para um aprendizado adaptável ao mundo acelerado?
A resposta vem da neurociência! Teorias como a Codificação Eficiente, do neurocientista Horace Barlow, mostram que o cérebro processa melhor informações curtas e relevantes, reduzindo a sobrecarga cognitiva. Já a Teoria da Informação Neural, inspirada em Claude Shannon, reforça que dados fragmentados são absorvidos com mais clareza.
Traduzindo: microaprendizado melhora a retenção e flexibilidade no aprendizado. Pequenos módulos tornam possível encaixar conhecimento no dia a dia.
Aprender aos poucos pode ser incrível, mas há um desafio: como escolher o que vale a pena? Com tantas opções de conteúdo, é fácil consumir tudo e não aprender nada.
A Teoria da Carga Cognitiva, do psicólogo John Sweller, explica que quando recebemos um grande volume de informações de uma só vez, nossa capacidade de retenção diminui. Ou seja, a sobrecarga cognitiva ocorre quando o cérebro recebe mais informações do que consegue processar de maneira eficiente, o que pode levar a dificuldades do aprendizado, falta de foco e até mesmo ansiedade.
O segredo do microaprendizado está no equilíbrio entre praticidade e profundidade.
“Qualquer homem poderia, se assim desejasse, ser o escultor de seu próprio cérebro.” (Santiago Ramon y Cajal, neurocientista e Prêmio Nobel)
Ao dividir o conhecimento em pequenos módulos estruturados, a microaprendizagem evita a sobrecarga, permitindo ao cérebro processar o conteúdo de forma mais natural e eficaz. Estudos sobre aprendizado espaçado indicam que estudar em intervalos curtos ao longo do tempo aumenta a retenção de informação e melhora o entendimento do assunto.
Não é só moda – o microaprendizado já é uma estratégia consolidada para empresas e instituições de ensino, no desenvolvimento profissional e na educação corporativa.
Um bom exemplo para você entender a metodologia que deve se tornar tendência, é a plataforma de ensino de idiomas, Duolingo (A Trainable Spaced Repetition Model for Language Learning) baseada na fragmentação de conteúdo: pequenas lições diárias ajudam a absorver gradualmente novas palavras e estruturas gramaticais, usando a estratégia do aprendizado espaçado, comprovadamente eficaz.
Basicamente estamos falando da economia da atenção para adquirir conhecimento sem sobrecarga.
Parece bom demais para ser verdade, não é? Praticidade, ciência do aprendizado e adaptabilidade para adquirir conhecimento e garantir o desenvolvimento contínuo. Mas como saber escolher o que realmente importa aprender e, mais ainda, absorver esse aprendizado, em um mundo repleto de ofertas de informações?
Corremos o risco de aceitar tudo e não aprender nada?
Apesar de suas vantagens, o microaprendizado tem desafios:
Pode ser superficial, dificultando o aprofundamento e a reflexão necessária em alguns temas. Debates, estudos de caso e exercícios práticos podem corrigir essa falha.
A curadoria do conteúdo é essencial, pois nem todo material disponível tem conteúdo de qualidade: muita informação online pode ser condensada demais, omitindo detalhes importantes, ou irrelevante.
Se não for bem estruturado, pode faltar conexão entre os módulos, dificultando a construção gradual do conhecimento.
A avaliação do aprendizado também precisa ser adaptada ao formato curto, com desafios e testes interativos.
A dependência da tecnologia pode limitar o acesso, tornando importante equilibrar materiais digitais com interações presenciais.
No entanto, com ajustes e complementações adequadas, o microaprendizado pode ser o equilíbrio perfeito entre profundidade e acessibilidade.
O microaprendizado não é só uma tendência passageira, mas uma forma inteligente de encarar os desafios do mundo moderno. Em um cenário de sobrecarga de informação e agendas cada vez mais apertadas, aprender de forma rápida e eficaz se tornou essencial para o desenvolvimento profissional e pessoal.
No fim das contas, aprender não precisa ser um evento isolado, mas sim um processo contínuo e envolvente. Pequenos hábitos integrados ao dia a dia podem transformar completamente a maneira como adquirimos conhecimento e nos desenvolvemos. Melhor ainda, sem estresse e cobranças.
Que tal começar hoje? Pequenas doses de aprendizado podem gerar grandes mudanças!
Quer saber mais sobre como aplicar o microaprendizado na sua rotina diária para evoluir profissionalmente sem se sobrecarregar? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: A Coragem de Se Escutar: Como Praticar o Desenvolvimento Pessoal Sem Fórmulas Mágicas
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]]>Vivemos em um tempo em que há um ‘caminho certo’ para quase tudo. “Como ser mais produtivo em 7 passos”, “Como encontrar sua paixão em 21 dias”, “Como transformar sua vida com um único hábito”, “Como enriquecer”. O algoritmo ama fórmulas. Mas a vida com suas complexidades e sutilezas, resiste.
No meu último artigo aqui, falei sobre Presença, sobre estar inteiro, sobre entregar-se à vida sem distrações insignificantes.
Desenvolvimento pessoal virou produto. Virou embalagem. Virou promessa falsa para dores profundas. Mas há um tipo de evolução que não aparece nos stories, nem se mede em checklists: é aquela que nasce do silêncio, da escuta interna, do desconforto criativo de se encarar de verdade.
“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.” (Carl Gustav Jung)
Para Jung, a escuta interna leva ao processo de individuação, de tornar-se quem se é, conhecendo e integrando os aspectos opostos da personalidade, despertando o melhor de si e do outro e encontrando, ao mesmo tempo, o equilíbrio entre o pessoal e o coletivo – seria este o caminho da autorrealização. Como disse Nietzsche, “Torna-se quem tu és”.
Evoluir – de verdade – não é sobre acelerar. É sobre aprofundar. É sobre fazer perguntas mais honestas, mesmo sem ter respostas. E é sobre reconhecer os ruídos externos, a aprender a ouvir a própria voz, aquela que muitas vezes foi silenciada, domesticada, adestrada para agradar.
Em A Sociedade da Transparência, Byung-Chul Han, filósofo e ensaísta sul-coreano, diz que escutar a si mesmo exige silêncio. Mas o silêncio, hoje, é quase um ato subversivo, já que vivemos uma era de excesso de estímulos, de transparência forçada, de ruído constante. Tudo nos empurra para fora — e pouco nos convida a mergulhar para dentro. Talvez por isso seja tão difícil se escutar: porque o mundo não quer que a gente pare.
Não, desenvolvimento pessoal não é tornar-se ‘melhor’ segundo os outros. É tornar-se mais Você, com tudo que isso implica: limites, desejos, contradições, escolhas.
Conheço, de dentro, o valor do desenvolvimento pessoal feito com verdade. Acompanhei processos belíssimos de transformação que não se deram da noite para o dia, mas no ritmo da escuta, do silêncio, do confronto com o que é real. Por isso me entristece – e por vezes fico indignada – ver o Coaching, que é uma prática tão séria, ser usado como embalagem para soluções instantâneas, para vender um tipo de “salvação” disfarçada de autoconhecimento.
Não é isso que transforma. Não é isso que cura.
Prometer atalhos é um desserviço à jornada de quem busca a si mesmo com coragem.
Sim, sou Coach. Por mais que isso fira os ouvidos de quem fala sem sequer conhecer do que se trata. Sou também Psicanalista. Sei perfeitamente a diferença entre o caminho do Coaching e a jornada da Psicanálise. O concreto e o sutil.
Em um mundo saturado de manuais de autoajuda e promessas de autossuperação, de riqueza da noite para o dia, parece que a ideia de ‘ser melhor’ foi capturada pelo mercado. Como diz Byung-Chul Han, na sociedade do desempenho o sujeito acredita que pode tudo – e se não pode, a culpa é dele. Carrega o peso do fracasso como se fosse falha moral, não consequência de um sistema adoecido. O que antes era busca por sentido, virou cobrança por performance (A Sociedade do Cansaço).
É curioso como muitas promessas de desenvolvimento pessoal hoje soam mais como slogans publicitários do que como processos de verdade. Byung-Chul Han chama isso de ‘positividade tóxica’: o excesso de luz que cega. Uma exigência de felicidade permanente, de produtividade emocional, que exclui o sofrimento como parte legítima da vida.
Mas crescer dói. E às vezes, tudo o que precisamos é poder existir sem precisar performar evolução.
E quando não respondemos a essa exigência, temos remédios, não é? Antidepressivos, ansiolíticos, bloqueadores de reabsorção de serotonina e norepinefrina, estabilizadores do humor, substâncias para síndrome do pânico, TDAH…
Vivemos em um tempo em que tudo parece ter um método, uma técnica, um remédio, um passo a passo para ‘dar certo’. Ser melhor virou meta, projeto, KPI pessoal.
Ou será que estamos apenas nos afastando de quem somos, tentando seguir receitas que não foram feitas para nossa alma?
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” (Clarice Lispector)
Ou tem. Michel Foucault fala sobre o ‘cuidado de si’ (epimeleia heautou) como um ato ético, político e filosófico, que antecede o ‘conhece-te a ti mesmo’. Para ele, cuidar de si é resistir ao governo da consciência, ao controle externo sobre a verdade individual.
Escutar de verdade não é tarefa leve, já que a voz interna nem sempre fala o que queremos ouvir. Ela questiona, confronta, inquieta. Mas é ali que mora o ponto de virada – o momento em que deixamos de seguir fórmulas para começar a criar o nosso próprio caminho.
Isso exige coragem. Coragem de não seguir o fluxo só porque é bonito. Coragem de parar quando o mundo diz para correr. E coragem de recusar fórmulas prontas e criar seu próprio ritmo.
Não tem mapa para isso. Mas tem bússola. Ela vive dentro de você, e só funciona quando você se escuta com presença e verdade.
Talvez a maior transformação não seja a que reluz, mas a que silencia. Talvez o desenvolvimento mais bonito seja aquele que permite estar em paz com quem você já é – e crescer a partir daí.
Sem pressa. Sem palco. Com Presença e Verdade.
Você quer saber mais como praticar o desenvolvimento pessoal de verdade, sem fórmulas mágicas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: O Silêncio Interior em um Mundo Agitado: Como Cultivar Atenção Plena no Dia a Dia
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]]>Você já se pegou, por exemplo, guardando um copo vazio na geladeira? Ou olhando no espelho de manhã, sem saber exatamente o que foi fazer no banheiro? Ou ainda dirigindo e, de repente, esquecer-se para onde ia? Pode parecer assustador, mas na maioria das vezes é apenas sua mente vagando no passado ou no futuro, ausente do momento atual.
Muito mais que simplesmente estar fisicamente em um lugar, a Presença é o estado plenamente consciente e conectado ao momento presente. Não só consigo mesmo, mas com os outros, com o ambiente, inteiro nas ações. É, por exemplo, o estado de atenção plena da meditação Mindfulness.
Nosso mundo é acelerado. Tudo é rápido e estamos sempre correndo de um compromisso a outro, de um pensamento a outro, sempre buscando, sempre tentando alcançar alguma coisa que nem sempre sabemos o que é – às vezes parece que a vida é uma sequência de momentos apenas, nem sempre ao nosso alcance.
Como se não bastasse, estamos conectados com o mundo todo, o tempo todo. Não só com as notícias, mas com fofocas, curiosidades, piadas, reflexões de outros – não as nossas. O que está em nós nos passa despercebido.
“Atenção plena significa prestar atenção de uma maneira particular: intencionalmente, no momento presente e sem julgamentos.” ( Jon Kabat-Zinn – pioneiro mindfulness)
A maioria dos meus clientes e pacientes se queixa da falta de memória, falta de foco, dificuldade de organizar as ideias, falta de concentração. Com a prática, entendi que não se trata de aprender ferramentas nem processos – quase sempre basta aprender a Estar Presente, com a atenção plena no que está fazendo ou vivendo.
Pare e pense: quando foi a última vez que realmente esteve Presente? Em que momento você parou e ficou atento apenas ao que estava vendo, fazendo ou ouvindo?
O passado já foi e nada muda isso. O futuro é uma possibilidade – e vai depender das suas ações. Ações do agora, aliás, pois o AGORA é a única realidade sobre a qual temos algum controle através de nossas escolhas.
Mas em um minuto ele também vira passado. No entanto, nossa mente, inquieta como é, vive revisitando o passado ou projetando o futuro. Projetando, veja bem. Não planejando, já que planejamento você faz e cumpre.
Por outro lado, a cultura da produtividade diminui nossa capacidade de estarmos totalmente Presentes. O excesso de pressão e expectativa pelos resultados gera ansiedade e entramos em um círculo vicioso onde conectar-se, consigo ou com os outros, demanda muito esforço.
“Estar presente é habitar totalmente o momento, sem ser arrastado pelo passado ou pelo futuro.” (Richard Moss, autor de Mandala of Being).
Impossível deixar de falar aqui da hiperconectividade. O celular, por exemplo, já virou uma extensão das mãos. Quando pergunto aos meus clientes quais os momentos do dia/noite em que se afastam do celular, a resposta é uma só: no banho, já que celular não sobrevive embaixo da água. Ainda. Mesmo assim a maioria deles aproveita para ouvir podcasts enquanto está no chuveiro. Nada mais de cantar no banho!
Nem o sono é mais o mesmo, pois deitar-se com o celular virou vício: só mais um minuto; só mais um minuto; mais um… mais um….Um intervalo de sono, e o celular é o primeiro contato do dia. E estudos mostram que a luz emitida pelo celular inibe a produção de melatonina (o hormônio que ajuda a dormir) e o conteúdo mantem a mente excitada retardando o sono.
Esse é o paradoxo da vida atual: hiperconectados e desconectados ao mesmo tempo.
A vida nos oferece imensos prazeres, simplesmente como ela é. Apenas deixamos de ver, sentir, ouvir, apreciar. Nos ausentamos.
Apenas pense: como você sabe que seu corpo está vivo? Bem, imagino que, como eu, seja principalmente através da respiração e do ritmo do coração. Você já parou para ouvir o coração bater e respirar conscientemente? Sua mente relaxa, seu corpo fica leve e o mundo para quando você faz isso por 2 ou 3 minutos que parecem eternos.
E como você apreende a vida sem ser pelo pensamento? Não tenho dúvidas de que é através dos cinco sentidos: ver, ouvir, sentir, cheirar, saborear.
Quando você se sentar para tomar um café, apenas tome o café: sinta o odor, a temperatura, o sabor, a acidez, sorvendo aos goles, apenas estando inteiro ali. Ou quando caminhar a pé (ou de carro), apenas observe o céu, as plantas, as pessoas, a luz que se reflete no espaço, inteiro ali. Ou ainda quando tomar um banho, entregue-se ao prazer da água caindo em seu corpo, sinta a temperatura, a textura, o perfume, o relaxamento. Use todos os seus sentidos para “sentir” realmente a vida.
“A verdadeira felicidade é encontrada apenas no agora. Aceite o momento presente e encontre a perfeição dentro dele.” (Eckhart Tolle, autor de O Poder do Agora)
Mas não é só. Além do seu mundo interno em contato com o mundo externo, há O Outro. É preciso pensar nas nossas interações, na importância que elas têm e no poder de uma conexão autêntica, onde haja compreensão sem julgamento, escuta para além das palavras, e acolhimento.
As interações sociais e profissionais, desprovidas de conexão, não criam um espaço seguro onde há confiança, acolhimento. E conexão se cria com o estado da Presença: simplesmente ouvir o outro com todos os sentidos, sem distrações nem julgamentos.
O maior desafio na prática da Presença são as distrações do pensamento que nos tiram do aqui-agora.
Lembro-me de um antigo cliente meu que morava nos Estados Unidos dizer-me que não conseguia “calar os pensamentos”. “Sim”, eu lhe disse, “você não cala os pensamentos; você apenas os deixa ir como se fossem nuvens ao vento. Não os alimente”.
Mas o que significa alimentar os pensamentos? Imagine que está buscando o silêncio e um pensamento como “preciso fazer o relatório” vem à sua mente. Alimentá-lo significa pensar sobre ele, sobre o que tem que fazer, como fazer, do que precisa, data da entrega, quem pode ajudar etc., etc. Deixar passar significa apenas aceitar e consentir: “sim, tenho que fazer o relatório”. E silenciar a mente. Até o próximo pensamento, pois é quase impossível deixar a mente em branco por mais de 30 ou 40 segundos. Com prática.
Acolha a dispersão. Reconheça que a mente vaga. Volte ao instante presente quantas vezes for necessário. São nesses momentos que percebemos o quanto estamos acostumados a não estar aqui, agora.
Tenho trabalhado a Presença com alguns clientes e juntos descobrimos que algumas estratégias funcionam muito bem:
Enfim, a Presença não exige práticas complexas ou aprendizados formais. Faz parte do autodesenvolvimento e se ancora nas pequenas escolhas do cotidiano.
Cultivar a Presença não é apenas um conceito bonito. É uma prática que transforma vidas: a ansiedade perde espaço pois não sobra lugar para o que passou nem para o que está por vir; o mundo fica mais colorido, cheio de sentido e sabores; as relações se tornam mais profundas e verdadeiras, porque a escuta plena permite enxergar o outro com clareza e empatia. E, claro, faz diferença no seu trabalho e na sua saúde mental.
Você respira em meio ao caos da vida moderna.
No fim das contas, Estar Presente é um ato íntimo e silencioso de cuidado consigo e com os outros, que permite perceber o que realmente importa.
Então, feche os olhos por um instante. Respire fundo. Sinta o ar entrar e sair, observando cada detalhe dessa experiência. Ouça os inúmeros sons que vem de fora, do mais longe ao mais próximo, até sentir o som de seu coração batendo no ritmo da vida.
Quer saber mais quais são os principais desafios que impedem as pessoas de estarem plenamente presentes no momento atual? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: Treinamentos não são suficientes para resolver os problemas nas empresas
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]]>Empresas investem milhões em treinamentos, workshops, cafés filosóficos e palestras buscando melhorar a performance dos colaboradores, a produtividade e o engajamento. No entanto, apesar dos esforços, os problemas persistem e interferem, não só nos resultados da empresa, mas na vida de todos. Por que isso acontece?
Basicamente os problemas reportados pelos meus clientes são os mesmos: só muda o endereço. A lista é grande e inclui, há anos, a falta de comunicação, insegurança da liderança, relações interpessoais conflituosas, dificuldade na execução das estratégias, processos ineficientes ou inexistentes, acúmulo de tarefas, excesso de reuniões online após a pandemia… Enfim, nada parece funcionar a contento.
Grande parte dos treinamentos corporativos foca na transmissão de conhecimentos. No entanto, o verdadeiro desafio não é aprender algo novo e sim mudar comportamentos e aplicar o aprendizado na prática. Se não há um ambiente que favoreça essa mudança, além de um líder, ou um profissional externo que a conduza, a maioria das pessoas rapidamente volta aos antigos hábitos e padrões.
“A maioria dos programas de treinamento falha porque não há estrutura para reforçar o aprendizado e garantir sua aplicação no ambiente corporativo.” (Rob Brinkerhoff em The Success Case Method)
Além disso, muitos treinamentos são eventos pontuais, desconectados da realidade do dia a dia dos colaboradores. Os participantes absorvem conceitos, sim, mas sem suporte para aplicá-los, o impacto se dilui com o tempo.
Você já ouviu falar da “síndrome do caderno cheio e da prática vazia”? O participante sai do treinamento motivado, com muitas ideias, mas volta para a rotina e encontra obstáculos como falta de apoio da liderança, resistência à mudança, pressão por resultados imediatos.
Outro problema que temos visto é que muitos treinamentos usam uma abordagem genérica, sem considerar o contexto específico da empresa e dos indivíduos. As organizações possuem uma cultura própria, desafios particulares e perfis diversos: modelos prontos nem sempre conseguem atender a complexidade da realidade corporativa.
Há mais de 30 anos Peter Senge vem trabalhando a construção das organizações que aprendem. Seu livro, “A Quinta Disciplina”, com edição revista, discute teoria, exemplos e caminhos práticos para levar uma organização e as pessoas que nela trabalham, à excelência – pelo sucesso de todos, óbvio.
No livro, Senge explica que organizações que aprendem continuamente são as que verdadeiramente inovam e se adaptam.
“O aprendizado ocorre quando as pessoas, ao longo do tempo, mudam sua forma de pensar e agir.” (Peter Senge)
Tenho a oportunidade de colocar em prática muitos conceitos e técnicas desenvolvidas por ele, em algumas empresas que apostam na evolução através do aprendizado com um processo contínuo de desenvolvimento. Nada a ver com a Universidade Corporativa, que também é muito importante. No modelo desenvolvido, o foco são as pessoas, não as informações.
A primeira disciplina é o Domínio Pessoal – ou crescimento e aprendizado pessoais, já que a força ativa de uma organização é “pessoas”. Afinal, “as organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem”.
Modelos Mentais é a segunda disciplina – justamente porque são os “nossos modelos mentais que determinam não apenas a forma como entendemos o mundo, mas também como agimos”.
A terceira disciplina é a Visão Compartilhada – não uma ideia, mas uma força de poder, que fornece o foco e a energia para a aprendizagem, elevando as aspirações, criando o entusiasmo e a motivação.
Aprendizagem em Equipe é a quarta disciplina – “o processo de alinhamento e desenvolvimento da capacidade da equipe de criar os resultados que seus membros realmente desejam”.
A quinta disciplina, que dá nome ao livro, é a Visão Sistêmica, a principal delas para o aprendizado organizacional. Senge defende que o aprendizado organizacional só acontece quando as empresas adotam uma mentalidade de sistema e abandonam abordagens fragmentadas. Em vez de buscar soluções rápidas, devem promover mudanças profundas e sustentáveis.
“A essência da aprendizagem organizacional é a capacidade de perceber padrões e aprender a moldar o futuro, em vez de apenas reagir a ele.” (Peter Senge)
Se apenas o conhecimento fosse suficiente para transformar comportamentos, bastaria ler um livro para se tornar um grande líder. No entanto, a mudança real requer um trabalho mais profundo, que pode ser feito em grupos, com a condução de Coaches e Mentores, onde a aprendizagem se traduz em mudança real e sustentável.
No livro “O Poder Transformador do Grupo”, da Edições BesouroBox Ltda, oito autores abordam conceitos variados e inúmeras ferramentas que podem criar, de maneira efetiva, o que Senge chama de Organizações de Aprendizagem.
Como diz Sandra Maria Pereira, uma das autoras do livro,
“O coaching em grupo é um espaço privilegiado de aplicação da Andragogia e da inteligência coletiva, uma vez que permite o acolhimento das experiências e diferenças individuais que, trabalhadas de forma positiva, contribuem para a ampliação da sinergia e do potencial de soluções criativas e sustentáveis”.
Os indivíduos não existem isoladamente, mas sim como partes de sistemas mais amplos. E os espaços de aprendizagem potencializam as habilidades e competências individuais, além de promover coesão grupal, criatividade, empatia e um senso compartilhado de propósito.
O processo é sempre contínuo. Não acontece em um dia, uma semana, um mês. A mudança real requer três fatores essenciais:
1. Autoconhecimento e Reflexão: O Coaching e o Mentoring ajudam os profissionais a identificarem suas barreiras internas e a desenvolverem novas perspectivas sobre sua atuação. A transformação começa de dentro para fora.
2. Experimentação e Feedback Contínuo: O aprendizado real acontece na prática. Para que uma mudança seja consolidada, é fundamental um espaço seguro para testar novos comportamentos e receber feedback ao longo do processo – ajustes contínuos garantem que o profissional evolua de maneira consistente.
3. Cultura Organizacional: Uma empresa pode investir nos melhores treinamentos, mas se a cultura não incentiva a aplicação do aprendizado, qualquer esforço será inútil. O ambiente precisa reforçar a importância do crescimento contínuo e da experimentação.
Treinamentos são importantes, mas não suficientes. Empresas que realmente desejam transformação precisam ir além da simples capacitação e investir em um processo contínuo de desenvolvimento. Coaching e Mentoring são ferramentas poderosas para criar um ambiente onde o aprendizado se traduz em mudança real e sustentável.
Uma empresa pode ter os melhores conteúdos e materiais didáticos, mas se não houver um esforço genuíno para mudar mentalidades, incentivar novas práticas e dar suporte contínuo aos colaboradores, tudo não passará de uma ilusão de aprendizado.
O verdadeiro desafio não é ensinar algo novo, mas criar condições para que o conhecimento se torne ação e, eventualmente, cultura.
Leia também: Não Basta Treinar. Tem que desenvolver Senge, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 29ª ed. Rio de Janeiro. BestSeller, 2013 Antonio Prado... et al. O poder (transformador) do grupo: o papel do grupo no desenvolvimento pessoal e organizacional. Porto Alegre. BesouroBox, 2024
Quer saber mais por que treinamentos pontuais não são suficientes e frequentemente falham em promover mudanças comportamentais duradouras nas organizações? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: Liderança Estratégica: Como Prosperar em um Futuro Incerto?
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]]>Qual é a sua capacidade, como líder, de se adaptar e prosperar em ambientes imprevisíveis e mutáveis como este em que estamos vivendo? Já dizia o naturalista Charles Darwin que “não é o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Mas será que é suficiente se adaptar?
Um mundo acelerado pelos avanços tecnológicos, enfrentando crises econômicas, desafios ambientais, mudanças geopolíticas, transformações sociais e conflitos nunca imaginados, definitivamente pede, no mínimo, capacidade de se adaptar. Mas só isso já não é suficiente: o que o presente pede é uma mudança profunda na forma como pensamos, reagimos e nos posicionamos frente aos acontecimentos, para a construção do futuro.
“Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”
A frase acima, de Alvin Toffler, é de 1990. Mais de 30 anos depois, já no século XXI, ela faz muito sentido – as opções são aprender ou aprender. Toffler, Futurista e Autor de O Choque do Futuro desenvolve, no livro Powershift: as Mudanças de Poder, a ideia central sobre como a adaptação ao aprendizado contínuo é vital em tempos de mudanças rápidas.
Avaliar, aprender, desaprender e reaprender
Sem dúvida vivemos uma era marcada pela volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade – um cenário VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity), como definem alguns. Mais que isso, é frágil, ansioso, não linear e, não raro, incompreensível – ou cenário BANI (Brittle, Anxious, Non-linear, incomprehensible) como querem outros.
“Gerenciar a incerteza é a essência da criatividade e liderança.” (Ed Catmull, cofundador da Pixar)
Nesse cenário, o diferencial competitivo não está apenas nas estratégias das empresas, mas principalmente nas pessoas que as executam – os líderes preparados para pensar além do óbvio, capazes de antecipar tendências e agir com precisão neste cenário.
É fácil lidar com esse cenário? Não, sem dúvidas! E é exatamente por ser difícil que os líderes que conduzem pessoas para o futuro, devem não só aprender, mas também assumir uma postura diferente.
1º passo: mindset adaptativo
O que é exatamente o Mindset Adaptativo? Em linhas gerais é a capacidade de se ajustar às mudanças, buscar soluções criativas para novos desafios e adotar uma postura positiva e resiliente diante das adversidades. Em outras palavras, não se deixar paralisar quanto há incerteza. Pelo contrário, analisar o cenário, avaliar opções e consequências enxergando uma oportunidade para aprendizado, inovação e crescimento. O que você precisa ter:
• Habilidade: Resiliência – recuperar-se rapidamente de dificuldades mantendo o foco nos objetivos, mesmo nas adversidades.
• Capacidade: Flexibilidade Cognitiva – mudar de perspectiva, aprender com os erros e adaptar-se rapidamente ao novo.
• Crença: Mentalidade de Crescimento – acreditar que é possível desenvolver-se com aprendizagem contínua.
Em um cenário de mudanças rápidas líderes que tem um mindset adaptativo não só sobrevivem, mas procuram transformar desafios em oportunidades.
2º passo: Antifrágil
A primeira vez que ouvi a palavra Antifrágil foi do meu médico, mais ou menos em 2020, em plena pandemia. Ele me disse que, com todos os meus problemas de saúde, eu não era resiliente, era Antifrágil – eu ficava cada vez melhor. E me indicou o livro de Nassim Nicholas Taleb, de 2012: Antifrágil, Coisas que se beneficiam com o Caos. Desde então o assunto me interessa e se estendeu à outra teoria de Taleb, a do Cisne Negro.
“A antifragilidade está além da resiliência ou da robustez. O resiliente resiste às colisões e permanece igual; o antifrágil fica cada vez melhor”. (Nassim Taleb)
O conceito parece complexo, mas não é. Na verdade não existe antônimo para frágil e ele criou o termo e o conceito que se aplica a várias situações (que não vamos discutir aqui).
Aplicado à liderança mostra um perfil que está surgindo na atualidade, ainda que só em algumas áreas: pessoas que reconhecem que o caos e a volatilidade são inevitáveis e, em vez de evitá-los, aprendem a utilizá-los como trampolins para o crescimento.
Em outras palavras, pessoas e líderes que não apenas resistem às adversidades, mas prosperam em meio a elas. Ao contrário do fragilista que “acha que aquilo que ele não vê não existe, ou que aquilo que ele não entende não existe. Em sua essência, tende a confundir o desconhecido com o inexistente”.
“Aquele que não está preparado para mudanças inevitáveis será destruído por elas”. (Suz Tzu, autor de A Arte da Guerra)
Mas o que diferencia um líder antifrágil?
• Mentalidade de crescimento em adversidades;
• Equilibrio entre eficiência e inovação;
• Tomada de decisão baseada em dados;
• Capacidade de engajar e inspirar.
A soma de autoconhecimento, habilidades técnicas e aprendizado constante é o caminho para o desenvolvimento de líderes antifrágeis. O que fazer?
1) Abraçar a complexidade em vez de evitar situações difíceis – compreender para encontrar soluções criativas e eficazes;
2) Investir em formação contínua, atualizando-se sobre as melhores práticas em tecnologia, dinâmicas de mercado, liderança e cenário global;
3) Aprender a lidar com o fracasso cultivando uma mentalidade positiva diante dos desafios;
4) Fortalecer a comunicação para envolver, engajar e construir confiança com todos os stackeholders.
Não há dúvidas de que o mundo precisa de líderes visionários, que se tornem mais fortes a cada desafio. Adaptar-se é extremamente importante e necessário. Mas ser um líder antifrágil significa assumir o compromisso de evoluir continuamente, transformas incertezas em oportunidades e liderar com propósito e estratégia.
Pense em reinventar-se!
“A melhor maneira de prever o futuro é cria-lo.” Peter Drucker
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Quer saber mais sobre como você pode desenvolver um mindset adaptativo e antifrágil para liderar com sucesso em cenários de incerteza e complexidade? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: A Linguagem do Silêncio: O que não dizemos nas empresas…
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]]>Há um código oculto nos ambientes organizacionais: determinadas coisas não se falam. Seja por medo, vergonha ou para não compartilhar ideias, muitas palavras deixam de ser ditas, sentimentos e opiniões não são expressos. No entanto, no silêncio organizacional existem muitas mensagens: pode expressar apoio, discordância, reflexão, ou mesmo um pedido de ajuda.
Em meu percurso de quase 18 anos trabalhando com Coaching e treinamentos, conversas sobre o silêncio são muito recorrentes. Profissionais que discutem comigo, de maneira aprofundada, assuntos de trabalho, simplesmente se calam em reuniões como se nada soubessem – não se sentem seguros, têm medo – e passam imagem de desinteresse ou ausência.
Por outro lado, não se manifestam sobre problemas que veem, calam-se diante de erros que podem comprometer o desempenho da equipe, não reclamam dos excessos solicitados, e nunca – jamais – denunciam comportamentos que refletem qualquer tipo de assédio moral. Sofrem em silêncio. E criam o hábito de adoecer.
Talvez o primeiro aspecto a se considerar no silêncio organizacional seja a Segurança Psicológica. Amy Edmondson, professora de Harvard e autora de The Fearless Organization (2018) considera que a segurança psicológica é a base para equipes eficazes.
Ela conduziu o estudo Project Aristotle com o Google sobre equipes de alta performance e concluiu que equipes com alta segurança psicológica têm 19% mais chances de serem produtivas.
“Colaboradores que se sentem seguros para compartilhar ideias, mesmo que imperfeitas, são mais inovadores e colaborativos” (Amy Edmondson)
Segundo ela, são quatro os aspectos necessários para se criar um ambiente onde haja Segurança Psicológica:
O termo Segurança Psicológica, criado em 1990 pelo psicólogo William Kahn, é sobre a liberdade que uma pessoa tem de que a equipe não vai envergonhá-la, rejeitá-la ou puni-la por algo que ela diga, mesmo se for uma bobagem, ou se estiver errado. Ninguém quer parecer ignorante, incompetente ou intruso e, para se auto protegerem, as pessoas não oferecem ideias nem admitem seus erros.
Antropólogo conhecido pela teoria da comunicação intercultural, Edward T. Hall, em seu livro The Silent Language (1959) destaca que grande parte da comunicação humana ocorre de forma não verbal, incluindo o silêncio. Aliás, para a PNL (Programação Neuro Linguística), a comunicação é feita 55% através da linguagem corporal; 38% através dos tons e modalidades da voz, e apenas 7% através das palavras.
“O silêncio é tão expressivo quanto as palavras, dependendo do contexto em que é usado” (Edward T. Hall)
Há diferenças culturais também no silêncio. Ele pode ser, em algumas culturas asiáticas, sinal de respeito e consideração. Já em culturas ocidentais pode ser interpretado como desconforto ou desinteresse. Entender essas nuances, no mundo globalizado em que vivemos, é essencial para garantir uma boa comunicação.
“As normas culturais moldam a maneira como percebemos e utilizamos o silêncio, tornando essencial o entendimento de seu papel no contexto global.” (Geert Hofstede)
Um bom exemplo que já foi muito conhecido, são as pausas silenciosas incorporadas em reuniões de empresas como a Toyota, permitindo a reflexão antes de tomar decisões: seria a aplicação do conceito japonês do Ma, que valoriza o espaço entre os eventos como essencial para a harmonia.
O silêncio pode ser uma ferramenta poderosa em ambientes que na maioria das vezes favorecem as pessoas mais extrovertidas – essa é a opinião da psicóloga Susan Cain, autora do livro O Poder dos Quietos, para quem as pausas reflexivas podem levar a insights profundos.
O papel do líder ao interpretar o silêncio requer empatia e inteligência emocional. Diferenciar suas raízes é essencial para agir em busca de um ambiente corporativo mais harmonioso, onde a criatividade e a resolução de problemas tornam-se a regra e não a exceção.
Desinteresse? Desacordo? Falta de Segurança Psicológica? Reflexão? Ressentimento? Não necessariamente! Empresas podem usar o silêncio como um mecanismo para promover introspecção e criatividade.
Neurocientista, a Dra. Barbara Fredrickson (Broaden-and-Build) sugere que estados de calma e reflexão – muitas vezes associados ao silêncio – expandem a capacidade cognitiva e ajudam na construção de soluções de longo prazo. Já Daniel Goleman, autor de Inteligência Emocional (1995) diz que pausas podem melhorar a tomada de decisão e estimular a criatividade.
“O silêncio permite ao cérebro processar informações de forma mais profunda, ligando ideias aparentemente desconexas e promovendo insights inovadores.” (Daniel Goleman)
Pesquisas da Universidade de Duke mostram que 15 minutos de silêncio diário aumentam a criatividade em 23%.
De acordo com Paul Hersey e Ken Blanchard, criadores da teoria da Liderança Situacional, um líder eficaz adapta sua abordagem ao contexto. Em vez de deixar que o silêncio construa muros inescaláveis, ele pode criar pontes.
Ao fazer uso do silêncio estratégico, o líder pode usar pausas para que os outros se expressem. Ou usar o silêncio estratégico optando por não responder imediatamente a uma crise, mantendo assim calma e controle.
“O silêncio pode ser o maior aliado de um líder que entende o momento de ouvir e refletir antes de agir.” (Blanchard)
Um líder pode, por exemplo, notar que um colaborador excelente se cala em reuniões e descobre, em uma conversa, que ele teme expor ideias novas. Uma boa opção, por exemplo, é solicitar que todos enviem ideias previamente para promover mais confiança na exposição.
Por outro lado, como já dito, o silêncio pode ser uma fonte de criatividade e insights poderosos, além de ser uma ponte para criar relacionamentos mais sólidos e processos mais eficazes ao fortalecer a comunicação.
Alguns dados interessantes mostram o valor do silêncio organizacional. Um estudo de 2016 publicado no Journal of Business Communication revelou que reuniões em que os líderes permitem pausas silenciosas têm 30% mais ideias geradas. Segundo a Harvard Business Review, 48% dos profissionais consideram o silêncio desconfortável em ambientes de trabalho, mas 72% afirmam que ele é necessário para reflexão e criatividade.
Silêncio não é o vazio.
Pelo contrário, ele é sempre preenchido, seja com sentimentos e emoções – boas ou ruins – seja com ideias, contemplação ou apenas com o encontro interior. Saber interpretar o silêncio para dar um novo sentido, criando mais confiança, participação, paz e alegria, sem dúvida, pode melhorar, e muito, a sensação de pertencimento no ambiente organizacional.
Quer saber mais sobre como o silêncio pode ser utilizado de forma estratégica para promover segurança psicológica, criatividade e introspecção no ambiente organizacional? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.
Isabel C Franchon
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Confira também: Burnon, Quiet Vacation, Quiet Quitting, Quiet Ambition… Afinal, o que está acontecendo?
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]]>As palavras acima são apenas algumas das novas expressões que têm aparecido para tentar retratar estados de ânimo e atitudes que têm sido tomadas no trabalho. Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, burnout já não dão conta da realidade de um mundo complexo, em constante mudança. A pandemia de Covid-19 apenas acelerou o processo.
Historicamente o vocabulário da humanidade aumentou gradativamente ao longo dos séculos, à medida que surgiam novas necessidades, conceitos e invenções. Da mesma forma que palavras estrangeiras foram sendo incorporadas com o contato entre culturas e línguas diferentes, enriquecendo a comunicação. Natural, por suposto.
Os avanços tecnológicos e a globalização, o uso de tecnologias digitais e da Internet, intensificaram a troca cultural e linguística, criando palavras para descrever novas realidades – como é o caso de home office, fake news, por exemplo. Isso aconteceu, e segue acontecendo, em todas as áreas de conhecimento: reflexo da complexidade e da dinâmica crescente da sociedade contemporânea que apenas mostra como a linguagem molda a cultura e a sociedade, e é moldada por ela.
Palavras do século XX já não atendem à nossa necessidade de comunicar o que está acontecendo conosco, a perplexidade que nos assombra, nossas emoções e sentimentos. Não é novidade que fomos – e continuamos a ser – afetados pelos eventos extremos que vivemos.
Situações similares existiram, sim, em toda a história. Mas a Pandemia de Covid19 foi a primeira a ultrapassar todas as fronteiras e alcançar o planeta todo. Não há, na história conhecida, nada parecido. E há os sinais de uma crise climática nos deixando alertas.
Antes de tudo, vamos tentar entender algumas expressões novas. Algumas, porque não daremos conta de tudo que surge a cada dia.
Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, você conhece: é a exaustão extrema e o esgotamento que resultam do excesso de trabalho, de situações que exigem responsabilidade e competitividade além da conta. Literalmente, é como se a pessoa entrasse em combustão.
Ao invés de out (fora) – on (dentro). Criado pelos alemães Timo Schiele, psiquiatra, e Bert Wild, psicoterapeuta, em 2021, seria um estado constante de fadiga e sofrimento, mas sem entrar em combustão – ou sem colapsar. Geralmente as pessoas continuam produtivas e idealizam o trabalho, negando os problemas. O que, a médio-longo prazo, pode trazer consequências negativas para a saúde física e mental.
Já Quiet Vacation ou Hush-cations, necessariamente não seriam má ideia se não envolvessem atitudes que refletem um imenso mal-estar.
…o que muita gente fez na pandemia, viajando. Ou buscando um lugar silencioso onde seja possível relaxar a qualquer hora. O que há por trás, no entanto, é a decisão de “se dar folga” sem o conhecimento da empresa.
Pesquisa da The Harris Poll mostra que 37% dos trabalhadores, nos USA, tiram pausas aleatórias e, se a empresa tem um grau maior de vigilância, chegam a usar programas para teclar ou mexer o mouse mostrando que estão online.
Quiet Quitting começou durante a Pandemia de Covid-19. Traduzido como demissão silenciosa, vai um pouco além, pois nem sempre leva à saída voluntária, mas a trabalhar apenas o necessário: não há engajamento e o limite é não fazer mais do que é esperado.
Este pode ser um aspecto bastante positivo ao estabelecer os limites entre o trabalho e a vida pessoal para evitar sobrecarga.
Quiet Quitting pode levar à demissão voluntária, sim, e está relacionado a uma outra tendência que tem preocupado as empresas: o Great Resignation, ou grande renúncia, onde as pessoas deixam seus empregos voluntariamente, em grande volume ou grupos.
Finalmente, o intrigante movimento do Quiet Ambition, que leva os profissionais a recusarem cargos de gestão, liderança e maiores responsabilidades para terem mais qualidade de vida vivendo com menos pressão – o que muda profundamente a relação com o trabalho como a conhecemos. Trata-se, afinal, de uma questão de propósito.
Já disse Nietzsche que “sendo novos, sem nome e, difíceis de entender, nós, filhos prematuros de um futuro ainda não provado, precisamos de uma nova meta e também de um novo meio”. Não dá para negar que pensar uma nova meta e um novo meio talvez nos leve a um caminho diferente do que estamos trilhando. Principalmente nas relações com o trabalho.
Nunca me canso de citar Domenico De Masi como referência nesse assunto, mas como ignorar seus estudos de anos sobre o tema? Um assunto, aliás, que me incomoda muito, porque passamos quase dois terços de nosso tempo fazendo isso. Ou pensando nisso.
“O trabalho deve ser um meio para a realização pessoal e coletiva, e não um fim em si mesmo. Precisamos repensar nossas prioridades e valorizar o tempo livre.” (Masi)
Trabalhar há anos com desenvolvimento profissional e pessoal nos coloca na posição privilegiada de observadores – a desvantagem é que podemos educar e influenciar, mas não mudar o status quo. E o que temos visto reflete bem o pensamento do filósofo sul coreano Byung-Chul Han, autor de muitos livros, os mais conhecidos, Sociedade do Cansaço e Sociedade Paliativa.
Quando li o primeiro, por volta de 2012, meu olhar não alcançava 12 anos à frente. Han desafia a crença de que um potencial ilimitado somado à mais liberdade, levam a uma vida melhor: podem, sim, levar ao esgotamento psíquico e tipos diferentes de opressão.
“Cada um é senhor e escravo de si mesmo, e é ao mesmo tempo vítima e algoz.” (Han)
Pois é! Para ele, a pressão constante da sociedade contemporânea por produtividade e desempenho nos leva a ver a falha como culpa e não consequência de um sistema que exaure. O “eu”, diz ele, torna-se um projeto contínuo de autoaperfeiçoamento – é imperativo “poder e ser capaz de fazer tudo”.
É preciso ser o mais inteligente, o mais produtivo, culto, bonito, magro, engraçado, rico, popular nas redes, bom esportista… o mais, mais… O que leva ao que ele chama de hiperprodutividade e auto exploração.
Como diz Han:
“Na corrida incessante por mais desempenho e mais resultados, perdemos o sentido da nossa própria existência. A verdadeira felicidade não pode ser encontrada na aceleração constante, mas na capacidade de parar e refletir.”
É só parar e pensar: quantos cursos você faz por mês? Quantos assuntos se obriga a aprender para não ficar para trás? Quanto lê? Quanto entra nas redes? E os amigos? Os esportes? Compromissos? Etecetera, etecetera……
“Estamos todos exaustos, mas não sabemos realmente do quê. O cansaço que experimentamos não é mais o cansaço do corpo, mas um cansaço da alma.” (Han)
Será esse o fenômeno que está nos levando a não encontrar palavras para explicar o que sentimos? Expressar o que queremos? Preferimos fazer as coisas no modo “Quiet”? É o nosso vocabulário ou a nossa vontade que está vazia? Ou talvez estejamos apenas em busca de significados por sermos “filhos prematuros de um futuro ainda não provado” que nos assusta mas não nos deixa sequer indignados. Just quiet.
Como afirma Han, a sociedade do cansaço é caracterizada por uma hiperatividade que não nos leva a lugar nenhum. Estamos sempre ocupados, mas sem um propósito verdadeiro. Considerando que o livro é de 2010, parece mais uma previsão.
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Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br
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