Certificação em Saúde Mental: O Guia para Empresas segundo a Lei 14.831
Que saúde mental já se tornou um dos maiores desafios e prioridades das empresas todos nós já sabemos. Mas o que muitos ainda não sabem é como levar para a prática corporativa esse tema, de forma consistente, estratégica, sustentável e alinhada com as novas demandas do mercado.
A Lei 14.831 pode ser considerada uma bússola para guiar as empresas, mostrando um caminho a seguir para se tornarem referências no mercado como promotoras de saúde mental.
A lei irá reconhecer e certificar as organizações que desenvolvem ações estruturadas e políticas de saúde mental, fundamentadas em algumas diretrizes. Neste artigo, compartilho com você uma espécie de sumário, com um resumo dos principais tópicos contemplados na lei, com alguns insights da minha experiência teórica e prática dentro de grandes empresas.
DIRETRIZ 1 – Promoção de saúde mental:
Para atender esse ponto, é essencial que a empresa implemente um programa estruturado de saúde mental, abrangendo temas-chave, como: saúde mental da mulher, combate à discriminação e ao assédio, riscos psicossociais (NR01), saúde e segurança no trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, atividades físicas, alimentação saudável, gestão emocional, controle do stress e outras necessidades, que devem ser identificadas através de pesquisas, diagnósticos e canais de escuta aos colaboradores.
Esses temas devem ser transformados em ações de conscientização e sensibilização. Por exemplo: palestras, letramento, treinamentos, comitês, rodas de conversa e outras estratégias que tragam informações de qualidade e ajudem a desmistificar a saúde mental e a reduzir preconceitos, vieses e fatores estressores.
Campanhas como Janeiro Branco, Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul costumam ser ótimas “portas de entrada” para levar o tema da saúde mental para dentro das empresas. Elas podem ser os “primeiros passos” neste processo educativo, mas não devem ser apenas ações pontuais. É necessário que elas estejam dentro de um programa maior.
Além disso, como parte do programa, a empresa também deve ofertar aos colaboradores o acesso a recursos de apoio psicológico/psiquiátrico com foco na prevenção e na intervenção.
Ponto-chave:
Não dá para falar de promoção de saúde mental sem capacitação das lideranças. Não dá para cuidar das pessoas sem construir relações de confiança, sem diálogo, sem feedback, reconhecimento, respeito e sem garantir a segurança psicológica.
Ou seja, essa primeira diretriz traz um pilar básico de sustentação. Ela instiga as empresas a prepararem suas lideranças para serem agentes de proteção e não de risco à saúde mental dos colaboradores.
DIRETRIZ 2 – Bem-estar dos trabalhadores:
Aqui vem uma grande pergunta: Como a empresa está promovendo um ambiente de trabalho seguro e saudável?
Essa segunda diretriz da lei reforça a importância de que a empresa olhe para os seus programas e ações de diversidade e inclusão. Olhe também para a qualidade dos relacionamentos internos, para as medidas de ergonomia, para os ambientes e espaços de descanso e descontração. Avalie também a comunicação integrativa, as políticas de trabalho flexíveis, as ações que incentivam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a sobrecarga de trabalho e o envolvimento dos familiares, além de outros temas que impactam o ambiente e as relações de trabalho.
Não basta a empresa dizer que cuida das pessoas, é preciso implementar ações concretas e mensuráveis que assegurem a saúde física e emocional dos colaboradores.
DIRETRIZ 3 – Transparência e prestação de contas:
Essa é uma exigência extremamente importante: a lei pede que as empresas divulguem, regularmente, em seus meios de comunicação, suas ações e políticas de promoção de saúde mental e bem-estar. Além disso, exige-se que criem e mantenham canais para recebimento de sugestões e avaliações, estabelecendo metas e métricas de gestão e de acompanhamento das ações desenvolvidas e seus impactos.
É preciso comunicar o que se faz e por que se faz!
As empresas buscam incessantemente aumentar o engajamento dos colaboradores, mas muitas vezes esquecem que engajar é consequência de conectar.
E para gerar conexão é preciso agir e comunicar. É preciso cultivar o orgulho, ouvir e prestar contas!
Por fim, como consultora de saúde mental corporativa preciso te dizer que tudo isso ainda está apenas “saindo do forno”. Em outras palavras, tudo é muito novo e ainda tem muitas interpretações diferentes, pontos em aberto e ajustes e debates a serem feitos.
Como toda lei, essa certificação representa um importante movimento de mudança no mercado. Seu objetivo é educar e cobrar das empresas um posicionamento sobre um problema que é, de fato, de todos. Não existe empresa sustentável com pessoas adoecendo. Como recorte da sociedade, a empresa pode e precisa agir e, de uma vez por todas, entender que cuidar das pessoas é cuidar dos negócios!
Eu sou Ellen Ravaglio e a minha coluna “Alta Performance & Saúde Mental” tem como objetivo instigar a exercitar o autocuidado, o cuidar do outro e do negócio de forma consciente e sustentável.
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Quer conhecer mais sobre as três diretrizes principais da Lei 14.831 para a promoção da saúde mental nas empresas? Quer sabercomo elas contribuem para um ambiente corporativo mais saudável e sustentável? Vamos conversar, eu posso te apoiar nessa caminhada da tão sonhada Alta performance sustentável!
Ellen Ravaglio
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vikaas@vikaas.com.br
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