
Autocompaixão e Compaixão: Por que Precisamos das Duas em um Mundo Interdependente
Hoje estava vendo uma aula e veio uma citação de Buda que me fez refletir sobre a compaixão e como as pessoas me perguntam como sentir compaixão mesmo quando estão sofrendo.
“Uma mulher perdeu seu único filho e pediu para Buda ajudá-la a trazê-lo de volta. Então Buda pediu que ela fosse até o vilarejo e pedisse uma semente de mostarda de todas as casas que não tivessem tido uma perda. A mulher voltou sem nenhuma semente, pois não existia nenhuma casa sem perdas.”
Dessa forma, a mulher compreendeu o princípio da morte.
A compaixão nos motiva a ajudar os outros a superar seus desafios e nos conecta com eles por meio da empatia.
Muitas vezes, não conseguimos resolver os problemas alheios, mas apenas estando presentes, oferecendo um abraço ou um ombro amigo, podemos proporcionar conforto ao outro.
No entanto, é essencial reconhecer que também podemos praticar a autocompaixão. Muitas vezes, nos colocamos na posição de vítimas ou nos martirizamos por erros cometidos. Quando nos sentimos vítimas, acreditamos que não temos responsabilidade pelo que ocorreu, o que pode nos trazer um benefício secundário. Por outro lado, quando nos martirizamos, assumimos o papel de culpados ou envergonhados, o que dificulta assumir uma nova perspectiva.
Vale lembrar que somos responsáveis pelas situações que vivemos, pois os meus pensamentos criam meus sentimentos, que por sua vez moldam a realidade. Muitas vezes, atraímos o que não queremos devido à nossa mentalidade.
Preste atenção nos seus pensamentos e na forma como os expressa.
Se não conseguir mudar imediatamente, tudo bem; isso é normal. Mudar não é fácil e exige disciplina, persistência e determinação.
Além disso, é importante entender que o que atraímos pode ser um sinal para refletirmos sobre o que precisamos mudar em nós mesmos. Muitas vezes, as características que não gostamos nos outros são reflexos da nossa própria sombra.
Kristin Neff, especialista em desenvolvimento humano pela Universidade de Berkeley, destaca que, para cultivarmos a autocompaixão, precisamos de autoconhecimento e do exercício da compaixão. Isso nos ajuda a nos libertar de sentimentos como frustração, culpa ou vergonha.
Por que é tão desafiador reconhecer quando agimos de maneira inadequada ou impaciente?
Muitas vezes, projetamos nossas falhas nos outros para satisfazer nosso ego. O medo de enfrentar a verdade sobre nós mesmos nos leva a nos esconder. A compaixão que oferecemos a nós mesmos deve ser igual à que damos aos outros, pois compartilhamos uma condição humana imperfeita e vulnerável.
Kristin Neff afirma que “qualquer experiência emocional, seja ela leve ou intensa, causa dor”.
Como mudar a perspectiva que tenho do sofrimento?
É quando percebo que existe sofrimento no mundo — e não só o meu único e exclusivo sofrimento. Dessa forma, sou capaz de sair do meu desespero para a compaixão e ampliar a perspectiva do que está além de mim.
Ser compassivo é poder perceber que todos nós erramos, que todos nós julgamos em qualquer instância. Nossa tendência é apontar o dedo para o outro, sem ao menos olhar para dentro de nós mesmos e em várias situações pensar: Ah! Eu não sou igual a ele ou a ela!
Essa é uma afirmação que precisa ser questionada, pois cada um de nós, de alguma forma, já cometeu erros e possui sua própria régua. Quando julgamos o outro, qualquer pessoa também terá o mesmo direito de nos julgar — seja por qualquer coisa.
O mundo de hoje está tão intolerante que só se percebe a via de ida, e não se olha a volta.
O sofrimento salta aos olhos, mas só é buscado o que é bom e legal. A tendência é pensar que o sofrimento do outro não me diz respeito, eu não fiz nada para isso acontecer ou dizer ele mereceu. Porém, tenho algo a dizer: somos seres interdependentes, nada acontece que não reflita em nós de volta, por mais que não se perceba. Somos uma unidade dentro do todo.
Este artigo é um convite à reflexão: que tipo de mundo estamos ajudando a construir, em que valorizamos apenas o que é bom e agradável, ignorando a parte que sofre em silêncio?
Gostou do artigo?
Quer saber mais como a autocompaixão e a compaixão podem transformar a forma como você lida com a dor, a culpa e os julgamentos — e te ajudar a se reconectar consigo mesmo e com os outros com mais leveza e humanidade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em compartilhar mais sobre esse tema.
Um grande abraço e até o próximo artigo!
Wania Moraes Troyano
Especialista em Resiliência Científica e Neurociências
http://www.waniamoraes.com.br/
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