O Brasil não está sendo um bom exemplo a ser seguido na condução do combate ao novo coronavírus (COVID-19). Basta acessar as principais bases de dados sobre os números de infectados e de óbitos para verificar esta constatação. É muito triste observar este cenário, onde diversas famílias estão perdendo seus entes queridos e todo o sofrimento causado pela perda de uma vida humana. Além das mortes, o aumento substancial no índice de desemprego nos traz desesperança e o surgimento de uma potencial crise socioeconômica na sociedade brasileira.

Apesar deste panorama pessimista e desolador, assim mesmo consegui enxergar uma ‘’Luz” no combate à COVID-19 com o surgimento de lideranças atuantes nas mais diversas áreas. Inicialmente, gostaria de destacar a atuação dos médicos, enfermeiros e todos profissionais que atuam na área da saúde. Esses profissionais estão demonstrando coragem, superação e toda humanização que uma profissão pode trazer. Fora o pessoal da área médica, fiquei surpresa ao tomar conhecimento por meio de notícias, de redes sociais e de artigos, do grande número de pessoas que estão liderando movimentos e ações neste momento desafiador que estamos vivendo.

Líderes comunitários que realizam diversos trabalhos em prol da comunidade, apresentaram um grande engajamento no bem-estar coletivo, demostrando total conhecimento das necessidades específicas de cada família dentro destas comunidades carentes. Os líderes comunitários orientam e ensinam sobre todos os procedimentos fundamentais para evitar o contágio e a disseminação do vírus. Eles também coordenam e auxiliam enviando cestas básicas para atender as pessoas que estão passando por grande dificuldade. E, ao mesmo tempo, dão total suporte para os cidadãos e às famílias que estão contaminados pelo vírus. São de fato verdadeiros guerreiros do bem!

Percebo também que algumas pessoas despertaram a liderança que já estava presente no seu interior e então passaram a apoiar ações de forma solidária no ambiente que convivem.

Podemos citar os casos dos grupos de apoio que se formaram dentro dos prédios e condomínios. Voluntários passaram a se disponibilizar na ida aos supermercados, farmácias e outras tarefas no lugar das pessoas consideradas dentro do grupo de risco.

Outra atitude que enxerguei como fazendo parte do que entendo por liderança espiritualizada foi ver amigos e conhecidos saindo às ruas. Como gesto de caridade, distribuindo marmitas e kits de proteção (máscaras e álcool em gel) para a população em situação de rua.

Quando fui convidada a escrever uma coluna para a Cloud Coaching minha intenção era falar sobre a “Gestão Espiritualizada” nas organizações e continuarei buscando seguir este caminho. Entretanto, neste artigo gostaria de deixar a reflexão que a liderança espiritualizada pode ser exercida em diversas esferas não sendo vinculada a um cargo dentro de determinada empresa. Dessa forma, o verdadeiro líder é aquele que influencia e ajuda pessoas em todas as áreas de sua vida.

Samira Villano
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Confira também: A importância da liderança no tempo de isolamento da COVID-19

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Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o novo coronavírus está aumentando o sofrimento psicológico da população. O isolamento social, novo ambiente de convívio familiar, incerteza que o futuro traz e a ameaça com a perda de emprego estão agravando os problemas de saúde mental como a depressão e a ansiedade.

Pais e mães em home office sem suas bases de apoio, como a escola e ajudante do lar, casais tentando organizar suas rotinas, autocobrança com relação à produtividade, somado ao bombardeio de lives e cursos on-line gratuitos estão elevando ainda mais a angústia das pessoas. Então como um líder pode ajudar os colaboradores a passar por este momento desafiador?

A tecnologia possibilitou a comunicação remota entre os membros das organizações, auxiliando na gestão das tarefas do trabalho. Essas ferramentas também podem ser utilizadas pelos líderes para manter a qualidade da saúde mental e emocional dos colaboradores.

Penso ser fundamental promover reuniões de acolhimento, onde não serão tratados assuntos relacionados ao trabalho. O principal objetivo deste tipo de encontro é compartilhar sentimentos e preocupações, o que está vivo dentro de cada um no momento. É uma grande oportunidade de troca, inclusive para o líder, que assim como todos está passando por esta situação de stress.

Ao expor as vulnerabilidades permitimos uma maior identificação, conexão e empatia entre o grupo. Vejo que este momento pode ser a “cura” de muitas dores e sofrimentos que estamos passando. Outra contribuição do líder, caso perceba que um de seus colaboradores esteja apresentando um quadro fora da normalidade, envolvendo uma tristeza aguda, pode ser a indicação das diversas redes de apoio que surgiram e que estão prestando um serviço que considero humanitário e salvador.

Sempre acreditei que a missão de um líder vai além de gerar resultados para as empresas, suas atitudes influenciam e impactam diretamente a vida dos colaboradores podendo ser um dos pilares de grandes transformações na sociedade.

Sinto que o contexto da COVID-19 e o isolamento estão despertando assim uma liderança mais espiritualizada em muitas organizações.

Que o tal do “novo normal” traga mais humanização ao invés do processo de robotização que vínhamos acompanhando.

Samira Villano
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Confira também: As decisões Espiritualizadas em tempo de pandemia

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O cenário atual com lojas e restaurantes fechados, fábricas com a produção interrompida, enfim todo comércio e indústria praticamente inoperantes me faz refletir como nossas ações irão trazer impactos na vida dos colaboradores e na saúde financeira da empresa. Tenho para mim que toda e qualquer decisão precisa ser analisada de uma maneira mais ampla.

Para alguns líderes, de imediato, a primeira decisão foi reduzir ao máximo o quadro de colaboradores, não levando em consideração as consequências que essa atitude acarretará à vida da massa de trabalhadores demitidos.

Em contrapartida fiquei surpresa, positivamente, com a grande adesão das empresas ao movimento #naodemita (manifesto que busca preservar os empregos, ao menos por dois meses, durante a crise). Cabe aqui então fazer uma observação. Verificar se todas organizações engajadas neste movimento, realmente tomaram a decisão da adesão por terem seus valores e propósitos ligados à preocupação com seus colaboradores, colocando-os no centro da tomada de decisões, ou se foi algo mais ligado à ideia de “não podemos ficar de fora”,  pois poderia ser prejudicial à imagem da empresa,  isto só o tempo dirá.

O próprio governo, outra surpresa positiva, lançou programas emergenciais (por pressão ou propósito?) de suporte à preservação dos empregos e da renda.

Diante desse contexto como tomar decisões espiritualizadas?

Vamos lá! Com a circunstância atual, considerado por alguns um cenário de guerra, devemos colocar na balança:

• de um lado, os impactos econômicos para a empresa;
• do outro, as consequências que poderão chegar aos colaboradores.

A saúde financeira da empresa é imprescindível para sustentabilidade do negócio. Assim, neste ponto, vejo que o governo está atuando com medidas que ajudam os empresários, minimizando os impactos no mercado de trabalho.

Os colaboradores, por sua vez, vivem dias de angústia com tantas incertezas. Vejo que cabe aos líderes refletirem sobre o aspecto humano colocando o colaborador no centro da tomada de decisões.

No meu ponto de vista, clareza e transparência serão fundamentais para lidar com as demissões que, inevitavelmente, ocorrerão. Com a utilização de critérios justos o colaborador poderá compreender a decisão sem mágoas ou ressentimentos.

Aqui gostaria de citar um trecho do livro “Liderança e Espiritualidade – humanizando as relações profissionais”, de Adilson Souza que diz:

“O ponto chave para sermos justos é termos critérios muito claros na tomada de decisões. Dessa maneira não cometeremos injustiças, e compartilhamos nossa visão com o todo”.

O momento atual, além de desafiador, está ocasionando uma verdadeira transformação dentro das empresas. Temos que reconhecer que até pouco tempo era inimaginável ver CEOs priorizarem as pessoas em detrimento aos resultados financeiros. Algo que levaria muitos anos para acontecer, na minha opinião. Parece que esta pandemia, se é que podemos dizer que tem um lado positivo, devido às inúmeras mortes, está levando a espiritualidade e humanização para as empresas.

Samira Villano
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Confira também: Startups e a Espiritualidade dentro das Empresas

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Algumas características do universo “startupeiro” são: flexibilidade de horário, maior liberdade para home office, utilizar seu próprio estilo de roupa, acesso facilitado aos líderes, salas com jogos, geladeira e alimentos à disposição, sala de meditação; paredes coloridas com sofás, puffs, redes etc. Todo este ambiente, observado nas empresas inovadoras, traz maior engajamento dos colaboradores e faz com que as startups sejam admiradas. Agora pergunto: podemos considerar que todas as startups são empresas espiritualizadas?

Se por um lado consigo enxergar o ambiente espiritualizado das startups, com os elementos descritos no parágrafo anterior, somado aos propósitos, da maioria destas empresas inovadoras, de facilitar e melhorar a vida das pessoas, questiono sobre alguns modelos de negócios onde as startups atuam, em especial aplicativos de entregas (de tudo) e de mobilidade urbana, que estão desconectados do que entendo e estudo sobre empresas espiritualizadas.

Como pode uma mesma empresa encantar os colaboradores internos com todos os agrados e benefícios possíveis e ao mesmo tempo não dar um suporte adequado aos entregadores e motoristas que atuam e são peças fundamentais dentro da operação de seus negócios?

Essas pessoas deveriam ter melhores condições de trabalho, reconhecimento e maior participação no ambiente das empresas. Alguns podem apontar que outros tipos de empresas, não startups, também agem da mesma forma. Eu concordo, mas para mim a contradição fica mais evidente nas empresas inovadoras.

Empresas espiritualizadas valorizam todo ambiente em que atuam. Independentemente de ser um colaborador interno ou externo, fornecedor, prestador de serviço, o fator humano sempre estará presente dentro das relações. E quando falo de todo ambiente estendo aos aspectos de sustentabilidade, social, ético e profissional.

Portanto, na minha visão, não existe empresa “meia espiritualizada”. Sua atuação deve ser completa no meio em que atua ou então não pode ser considerada espiritualizada.

Samira Villano
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Confira também: A liderança espiritualizada com o avanço da tecnologia

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Hoje em dia há uma grande preocupação quando o assunto é quais serão as profissões que tendem a deixar de existir. O avanço da tecnologia, o uso da inteligência artificial e a automação de processos são fatores que acelerarão esse movimento. E como fica o papel do líder neste contexto?

Acredito que o líder terá um papel fundamental no movimento de transformações das profissões. O líder do futuro precisa estar preparado para atuar a partir de uma nova consciência. Como lidar com pessoas que poderão perder o emprego simplesmente por não ter mais função dentro do processo?

Para o líder espiritualizado, que valoriza o ser humano como um todo, será mais fácil encarar este desafio, pois ele conhece o seu colaborador com profundidade. Desse modo é possível evitar uma demissão imediata, optando por uma realocação em outro setor dentro da empresa.

Vamos imaginar um caso: o supermercado vai substituir alguns operadores de caixa por uma nova tecnologia onde o próprio consumidor consegue realizar o seu pagamento, situação que já está acontecendo.

Neste supermercado existem operadores de caixa que têm uma boa relação com os clientes. Eles são prestativos, comunicativos e, quando ocorre qualquer tipo de problema, buscam resolver com prontidão.

O líder espiritualizado ao mapear e buscar uma solução para o cenário apresentado, sugere uma realocação de área para estes operadores que passariam a atuar, como, por exemplo, em SAC (serviço de atendimento ao consumidor) ou mesmo em atendimento envolvendo ouvidoria, onde há necessidade de boa interação e suporte para eventuais conflitos.

Nem sempre será possível aproveitar os funcionários, como no caso citado acima, por serem inexoráveis as mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho.

Contudo, o líder espiritualizado poderá minimizar os impactos que toda a transformação tecnológica irá causar, pois ao colocar o colaborador no centro das tomadas de decisões, acabará beneficiando o ambiente organizacional gerando mais engajamento e sentido de pertencimento.

Neste sentido, consigo enxergar na postura do líder espiritualizado um propósito altruísta ao lidar com resoluções envolvendo o ser humano.

Samira Villano
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Confira também: O relacionamento espiritualizado dentro das organizações

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Olá

 

É com Gratidão que recebo a oportunidade de colaborar com a Cloud Coaching, onde poderei compartilhar com o maior número de pessoas algumas reflexões, estudos e casos sobre gestão e liderança espiritualizada, tema que venho estudando e vivenciando no meu dia a dia. A espiritualidade que irei abordar não está relacionada à alguma religião, credo ou crenças.

 

Comentários, sugestões e opiniões, sempre serão muito bem-vindas. Afinal estamos aqui para uma troca simultânea de aprendizado e conhecimentos. Vamos juntos?

 

Samira Villano 

O relacionamento espiritualizado dentro das organizações

Nos dias de hoje como está sendo o processo de evolução das empresas? Será que a missão, visão e valores, estão sendo atualizados e discutidos ou são os mesmos estabelecidos desde a fundação?

Questões como preocupação com o meio ambiente e a gestão dos colaboradores, diferente de como eram tratadas em meados do século passado, são pontos que algumas empresas já identificaram a necessidade e passaram a reformular alguns processos e enxergando a importância de valorizar os relacionamentos humanos dentro da organização.

Neste primeiro artigo, destaco como uma empresa que valoriza e se importa com os seus colaboradores têm ganhos que vão além do resultado financeiro. Dessa forma, gostaria de apresentar algumas ideias sobre as empresas espiritualizadas. Ao colocar os indivíduos como peça-chave no desenvolvimento e crescimento da organização, o fator humano passa a ser considerado um dos principais aspectos na tomada de decisões. Empresas consideradas espiritualizadas já passaram por um processo de maturidade onde a ética e a empatia estão presentes nas relações.

Cada membro da organização não é tratado como um mero número que realiza uma determinada tarefa em troca de salário, mas sim um ser humano que carrega todas as suas angústias e alegrias, que não podem ser “desligadas” durante a rotina de trabalho. A expressão: “você está em horário de trabalho, deixe seus problemas da porta pra fora”, exemplifica perfeitamente esta inapropriada abordagem. Em uma empresa espiritualizada esta frase nunca será escutada, pois o colaborador é tratado como um todo e acolhido em momentos difíceis que esteja passando.

A liberdade e a transparência que o ambiente proporciona, permite que os colaboradores não se sintam com medo de assumir um erro que caso não declarado poderia comprometer ainda mais a instituição.

Veja bem, não estamos falando aqui em passar a mão na cabeça quando há uma falha ou um objetivo que não foi atingido, Neste caso, o tratamento leva em consideração o processo de aprendizado nas mais variadas situações.

Pelo lado do trabalhador ficam evidentes os ganhos que a gestão espiritualizada traz. E quais são os benefícios para a empresa? Com o ambiente de trabalho saudável, levando em consideração os aspectos que foram apontados nos parágrafos anteriores, os funcionários passam a ter orgulho em pertencer ao quadro da empresa, proporcionando maior engajamento e motivação, além de reduzir os índices de absenteísmo e auxiliar também na retenção dos talentos.

Enfim, é possível observar que se trata de uma relação de ganha-ganha a adoção da gestão espiritualizada dentro das organizações. A meu ver é imensurável o ganho quando a marca de uma empresa passa a ser identificada com os valores de respeito ao ser humano.

Samira Villano
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Não deixe de acompanhar a coluna: Gestão Espiritualizada nas Organizações

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