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Às vezes usamos a força porque ela é inevitável!

Quanto mais agirmos como agentes de punição, mais difícil será os outros responderem compassivamente as nossas necessidades. Quantas vezes você age da forma como não quer que os outros ajam, mas na verdade só reforça que essa é a maneira de como obter o que você quer de alguém?

A intenção por trás do uso protetor da força é evitar danos ou injustiças. Imagine uma criança correndo na rua e não sabe que se atravessar ou não tomar cuidado poderá ser atropelada ou sofrer outro tipo de acidente? Nesses casos estamos aplicando a força protetora. Agora se além dessa força, utilizarmos a força punitiva física ou psicológica por ela ter tido esse ato, estaremos julgando a criança pelo ato que ela teve. Como por exemplo “Como você pode ser tão estúpida? Você deveria ter vergonha de si mesma!”.

O objetivo do uso da força protetora é que algumas pessoas podem se comportar de forma a prejudicar a si mesmas e aos outros, devido desconhecer a gravidade e essa intenção é educar para que elas saibam que existem alguns perigos. Nisso estão incluídos:

  1. Falta de consciência das consequências das ações;
  2. Incapacidade de perceber que a necessidade pode ser atendida sem prejuízo de outros;
  3. Estresse agudo antes de tomar uma ação que possa se arrepender.

Caso não veja por esse lado estará utilizando da força de forma punitiva, porque parte-se do princípio que a outra pessoa é ruim, é má e está fazendo de propósito e aí o que se quer:

  • Que ela sofra o bastante para perceber o quanto fez de errado;
  • Que ela se arrependa;
  • Que ela mude.

Porém sabe-se que essa forma de agir, na maioria das vezes, resulta em ressentimento, hostilidade e que o outro se mantém resistente o máximo que pode. Vemos isso todos os dias, em todos os lugares, sejam nas famílias, no ambiente de trabalho, com amigos, casais, colegas, professores e alunos.

Adiante alguns tipos de força punitiva que expressam julgamentos:

  1. O castigo físico, vem sendo combatido nestes últimos anos, mas mesmo assim, ainda existem pais que tem a crença que só o castigo físico resolve;
  2. Utilizar a culpa para desacreditar como forma de punição, por exemplo: rotular como errado, egoísta, imaturo, sem educação;
  3. Ameaças ou a retirada de alguns privilégios, como: corte da mesada, guarda o celular por um tempo, bloqueia as saídas, vinda de amigos a casa, etc. Esse tipo é uma das mais poderosas de retirar a afeição e o respeito.

Quando fazemos algo apenas com a intenção de não ser punidos, nos concentramos nas consequências e não em nossos valores. Valores esses que estão muito esquecidos.

Uns exemplos comuns são nas empresas, as pessoas não são levadas a fazer sua tarefa porque são importantes na cadeia de valor, porque se sentem importantes no que fazem, mas sim porque se elas não fizerem serão advertidas e, na pior das hipóteses, demitidas. E como consequência o que mais vemos dentro das empresas, é a falta de produtividade. Nos filhos a performance diminui, com isso a autoestima e a boa vontade também diminuem.

O que na maioria das vezes não é percebido, é que quanto mais agirmos como agentes de punição, mais difícil será para os outros responderem compassivamente a nossas necessidades.

Quantas vezes você age da forma como não quer que os outros ajam, mas na verdade só está reforçando que essa é a maneira de como obter o que você quer de alguém?

Por exemplo: O filho maior bate no irmão menor, aí o pai vai e agarra o maior, bate ou o coloca de castigo.

Se utilizar da CNV, recomendamos utilizar a empatia com a pessoa ou a criança que está se comportando de forma violenta. Será que o menor não a desrespeitou e por isso ele foi agressivo? Investigar e explorar até encontrar outras formas de obter respeito. Claro, isso dá trabalho, demora mais e tenho um componente que muitas vezes não quero abrir mão, do orgulho, pois posso me sentir fraco, caso não faça nada de igual para igual.

Uma das formas de se perceber a limitação da punição, segundo Marshall Rosenberger é:

  1. O que eu quero que essa pessoa faça que seja diferente do que ela está fazendo agora?
  2. Quais quero que sejam as razões dessa pessoa para fazer o que estou pedindo?

Se ficarmos somente na primeira pergunta, a punição poderá parecer eficaz, pois nesse caso poderá influenciar o comportamento, o que normalmente acontece.

Muito raramente nos preocupamos em fazer a segunda pergunta e essa segunda pergunta nos traz a consciência da importância das razões nas quais estamos pedindo e como elas devem se comportar.

Como exemplo podemos colocar: Quantos pais desejam que seus filhos limpem ou organizem seus quartos e eles não o fazem? Ou quando o fazem dizem, estou fazendo porque fui mandado, porque senão serei castigado, senão não poderei sair de casa, ficarei sem celular, sem mesada, etc. e não porque realmente se sinta autorresponsável por tal tarefa?

A CNV vem como forma de ajudar as pessoas a um nível de desenvolvimento ético, baseado na autonomia e na interdependência, para que possamos perceber a responsabilidade de nossos atos e ações e a conscientização do próprio bem-estar e dos outros.

Lembre-se, culpar ou punir não ajuda em nada para a motivação das pessoas fazerem o que pode ser feito.

Wania Moraes Troyano possui MBA em Gestão de Negócios e Coaching, Pós-Graduada em Dinâmicas dos Grupos Administradora de Empresas e Pedagoga, com mais de 30 anos com sólida carreira corporativa em empresas multinacionais e em cargos de gestão e assessoria executiva. Foco em Desenvolvimento Humano, especialista em CNV-Comunicação Não Violenta, Coach em Resiliência, Profissional, Vida e Executivo, Neurocoaching, mentora e supervisora para líderes e coaches, com mais de 1000 horas em processos de Coaching. Facilitadora de Grupos. Especialista nos assessments de Estilos de Liderança e Resiliência. Palestrante e Facilitadora de Grupos. Facilitadora em Barras de Access – Expansão da Consciência. Co-autora do livro Coaching Aceleração de Resultados, Capítulo Quantos Antes Melhor! Programa Mulheres Poderosas, na alltv.com.br, todas as terças-feiras, 15h00 às 16h00. Voluntária em programas de Jovens Aprendizes.
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