fbpx

Apagão da Mão de Obra ou Descompasso de Expectativas?

O apagão da mão de obra é mesmo escassez de talentos ou resultado do descompasso entre gerações e expectativas? Entenda como empresas e profissionais podem se reinventar, criar ambientes saudáveis e transformar diversidade em vantagem competitiva.

Apagão da Mão de Obra ou Descompasso de Expectativas?

Apagão da Mão de Obra ou Descompasso de Expectativas?

Em muitos Cafés com Sassá, as conversas têm girado em torno de uma inquietação: o chamado “apagão da mão de obra”.

Enquanto tomo meu café e escuto diferentes histórias, me pego pensando:

Será que estamos diante de uma real escassez de talentos ou de um descompasso entre modelos de trabalho e novas expectativas?

E o que, de fato, pode ser feito para que empresas e profissionais encontrem novos caminhos diante desse cenário?

O que o mercado chama de “apagão da mão de obra” não é apenas a ausência de pessoas para preencher vagas. É a combinação de mudanças profundas no perfil e nas prioridades de quem trabalha, somada ao envelhecimento populacional e a uma transformação cultural que desafia a lógica tradicional das empresas.

De um lado, profissionais que ingressam agora no mercado chegam com demandas diferentes: querem propósito, flexibilidade e equilíbrio – e dificilmente repetem a disposição de sacrificar saúde e vida pessoal em nome de estabilidade.

De outro, há quem esteja no auge da carreira, carregando múltiplas responsabilidades, metas agressivas, pressão constante e, muitas vezes, sinais claros de esgotamento.

E temos também um contingente cada vez mais expressivo de profissionais experientes que, após anos de dedicação, hoje escolhem onde e como desejam contribuir – seja no mundo corporativo ou empreendendo.


A dança de expectativas

Essa dança de ritmos e prioridades cria um cenário complexo para as organizações.

Como manter operações rodando quando parte da equipe busca mais flexibilidade, outra parte está sobrecarregada e outra deseja redefinir sua relação com o trabalho?

Não há política de RH ou pacote de benefícios que, isoladamente, dê conta disso.

O envelhecimento populacional adiciona novas camadas a essa equação. A redução da taxa de natalidade, combinada ao aumento da longevidade, significa que teremos menos jovens entrando no mercado e mais profissionais experientes ativos por mais tempo.

Isso exige rever modelos de contratação, mas também repensar o próprio desenho das carreiras, integrando diferentes ritmos e estágios de vida numa mesma estrutura produtiva.


Liderança que constrói pontes

Há um detalhe que muitos líderes preferem ignorar: aquele Gen Z de quem tanto reclamam no trabalho é, muitas vezes, muito parecido com o filho que têm dentro de casa.

A mesma postura questionadora, a busca por sentido, a pressa para alcançar objetivos e a impaciência com processos que parecem lentos ou desnecessários.

Como liderar, dialogar e engajar quem, culturalmente, aprendeu a valorizar a autonomia desde cedo?

Como criar pontes em vez de muros?


O avanço do empreendedorismo

Enquanto isso, cresce o movimento de profissionais – de todas as idades – que optam por empreender.

Para alguns, é a chance de ter mais autonomia e alinhar trabalho e propósito.
Para outros, é a saída para escapar de ambientes complexos ou estruturas engessadas.

Mas é preciso lembrar: empreender não é para todos. Exige resiliência, tolerância ao risco e disposição para lidar com incertezas que nem todos estão prontos para enfrentar.

Ainda assim, esse fluxo alimenta o ecossistema de inovação, mas também amplia a sensação de escassez de talentos dentro das empresas, que veem bons profissionais migrarem para projetos próprios.


O que realmente importa

Para as organizações, lidar com esse quadro significa mais do que abrir vagas e esperar que elas se preencham.

É preciso criar ambientes que sustentem relações de trabalho saudáveis, que respeitem limites e aproveitem o melhor de cada profissional, independentemente de sua etapa de vida.

É tratar o bem-estar como parte do motor que sustenta resultados duradouros. E reconhecer que um time diverso em idade, experiência e expectativas pode ser uma vantagem competitiva, desde que bem gerido.

Para os profissionais, o desafio é igualmente grande. As novas dinâmicas exigem clareza de escolhas, desenvolvimento contínuo e coragem para redesenhar a própria trajetória.


Carreira é como um bom café

Talvez o grande segredo esteja em tratar a carreira como um bom café: cada fase tem seu tempo de preparo, sua temperatura ideal e seu sabor único.

Forçar o processo pode amargar o resultado; respeitar o ponto certo pode transformar a experiência.

E, como toda boa jornada, exige pausas, trocas e disposição para experimentar novos caminhos.

O apagão da mão de obra, no fundo, é um alerta. Um convite para que empresas e profissionais revisitem suas premissas sobre o que é trabalhar, produzir e viver – sem romantizar demais, mas reconhecendo que, além de propósito, todos temos contas para pagar e responsabilidades para cumprir.


E agora?

Talento não é recurso; é gente. E gente decide onde quer estar. Para ficar, precisa se sentir reconhecida, ter espaço para crescer e motivos para permanecer.

E olhando para dentro das nossas casas e empresas, fica a pergunta: estamos prontos, de fato, para lidar com diferentes demandas, ritmos e expectativas?

Talvez a resposta esteja em abandonar o modelo único e aceitar que cada jornada – assim como cada xícara – pede um preparo diferente.


Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre como lidar com o apagão da mão de obra no Brasil e alinhar expectativas no mercado de trabalho? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar você em sua jornada.

Salete Deon
Especialista em Gestão de Carreira e Desenvolvimento de Lideranças, Segurança Psicológica de Times pelo IISP, Liderança Feminina pela StartSe/SBE, Coach Executiva (PCC), Palestrante, Top Voice Linkedin, Fundadora da DeON Consulting
https://www.linkedin.com/in/salete-deon/
salete@deonconsulting.com.br

Confira também: Tá passando rápido demais ou tá tudo acontecendo no tempo certo?

Palavras-chave: apagão da mão de obra, mercado de trabalho, descompasso de expectativas, diversidade geracional, liderança no trabalho, apagão da mão de obra no Brasil, como lidar com apagão da mão de obra, como lidar com o apagão de mão de obra no Brasil, descompasso de expectativas no trabalho, envelhecimento populacional e mercado de trabalho, liderança para diferentes gerações, falta de mão de obra no brasil, falta de mão de obra, escassez de mão de obra
Salete Deon Author
Salete Deon é fundadora da Deon Consulting. Especialista em Gestão de Carreira e Desenvolvimento de Liderança, Executive Coach e Mentora. Atua com executivos e profissionais que buscam apropriar-se de suas realizações e potencializar seus talentos em prol do que é importante em sua vida e carreira. Atua também no desenvolvimento e fortalecimento de lideranças e equipes. Faz uso de metodologias ágeis e colaborativas, tais como: “Action Learning” e ACP. Executiva com mais de 25 anos de experiência nas áreas de Supply Chain, Procurement e Recursos Humanos em empresas multinacionais. Experiente na liderança de equipes multifuncionais e culturais no Brasil e no Exterior. Foi Diretora de Supply Chain em uma joint venture na Colômbia. Foi sócia da Unblur Consultoria. Faz parte do Programa Mentoria Colaborativa Nós Por Elas, Delas Pra Elas e Carreira 50+ do IVG – Instituto Vasselo Goldoni e do Programa Elas na Indústria da FIESP. Coautora do Livro “Mentores e suas Histórias Inspiradoras”, lançado pela Editora Leader. Top Voice Linkedin onde escreve a Newsletter “Café com Sassá”. É Bacharel em Serviço Social, pós-graduada em Administração de Empresas pela UNIVILLE, com MBA em Administração Global SOCIESC/Universidade de Lisboa e MBA Executivo pela FGV-SP. Professional Certified Coach (PCC) pelo International Coaching Federation (ICF) e Action Learning Coach pelo World Institute for Action Learning (WIAL). É Certificada para Assessments de Inteligência Emocional EQ-I e EQ 360, MBTI II, Pontos Fortes Clifton Strengths, Segurança Psicológica de Times, Hogan, TKI e DISC.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa