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Empatia ou hipocrisia?

É realmente uma pena que a gente não esteja conseguindo viver na prática essas palavras que tanto são ditas coletivamente. Concorda?

Alteridade, Empatia ou Hipocrisia?

Alteridade, Empatia ou Hipocrisia?

EMPATIA. Essa palavra viralizou com a ascensão do Coaching, mas ao mesmo tempo, esvaziou-se de sentido como tantas palavras e expressões da moda: gratidão, melhor versão, empoderamento, felicidade, autocuidado e cocriação. Uma lista statement infinita das palavras da humanização romantizada.

No dicionário Aurélio, empatia significa “forma de identificação intelectual ou afetiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa”. Lindo, não é mesmo?

Mas na prática não é tão simples assim.

Ser sensível a uma dor ou situação não nos torna aptos a nos colocar no lugar do outro, porque simplesmente não há como absorver a história de vida da outra pessoa e olhar as suas dores a partir da perspectiva das nossas histórias individuais.

Por isso meu incômodo com o uso da palavra empatia de forma crua.

Prefiro usar o conceito de alteridade.

Embora seja comum o pensamento de que empatia e alteridade são palavras sinônimas, elas são termos diferentes.

Enquanto a empatia refere-se à capacidade de colocar-se no lugar do outro, sentir a dor do outro de maneira imaginária ou por analogia, a alteridade é a capacidade de reconhecer que o outro é daquele jeito porque ele é, essencialmente, diferente de você. Além do reconhecimento da diferença, a alteridade propõe um respeito ético ao outro como ser singular.

É na alteridade que surge a tolerância, a compaixão e o respeito.

Veja alguns exemplos práticos:

Pensemos nos imigrantes vindos para o Brasil do Haiti e da Venezuela, que passaram a ocupar cargos de trabalho menos qualificados. Exercer a alteridade, nesse caso, é reconhecer que essas pessoas sofreram e que saíram de suas terras natais porque foram obrigadas ou porque queriam levar uma vida digna. Exercer a alteridade, nesse caso, é acolher e oferecer o apoio possível a elas.

Também neste último 08 de março, ouvi e vi muitas feministas se pronunciando sobre o quão importante foi e é a luta pelo direito ao acesso ao mercado de trabalho e que mulheres como elas não queriam mais continuar como madames bancadas pelos maridos. Uma delas usou a frase “essa é a expressão de uma das maiores conquistas da democracia”.

No mesmo dia li um relato de uma senhora, com mais de 60 anos, 7 filhos, moradora da periferia de São Paulo, onde dizia que queria ter o direito de escolher entre trabalhar e ficar em casa sendo bancada por um marido. A esta última esta escolha nunca foi dada, apenas o dever de trabalhar para sobreviver e permitir aos filhos sobreviverem.

Com isso quero enfatizar que quando impomos ou defendemos pautas gerais, sem considerar a pluralidade de vivências, a empatia não está sendo considerada. Tão pouco a alteridade. E menos ainda a sororidade – outra palavra da moda esvaziada de sentido.

É realmente uma pena que a gente não esteja conseguindo viver na prática essas palavras que estamos gostando tanto de pronunciar coletivamente. Concorda?

E para que possamos sair da hipocrisia (que na minha percepção é a real palavra da moda – não a que discursamos, mas do jeito que vivemos), te convido a observar se, eventualmente, você também não pensa ou profere frases como: “fulano não me entende”, “beltrano não se coloca no meu lugar”.

Perceba que muitas vezes somos nós que não estamos nos colocando no lugar do fulano ou beltrano, porque esse grito pela empatia do outro, pelo olhar do outro, pela consideração do outro me impede de perceber que o outro é diferente de mim, e que ele não precisa pensar, agir e sentir como eu acho que deveria fazer. Então, neste caso, a falta de alteridade não é do outro, mas minha. Porque eu não reconheço que o outro é diferente.

Ter essa consciência de que o outro é uma oportunidade de eu me observar, expandir, crescer e me desenvolver enquanto pessoa também nos apoia a enfrentar cada uma dessas situações de maneira mais sóbria emocionalmente, com mais humildade e menos hipocrisia.

E aqui chegamos a um ponto importante: a tolerância com o que é singular, único e individual. E a pergunta que não quer calar: “Quanto você reconhece e aceita do outro?” Ou continua com hipocrisia, com o discurso hipócrita da empatia rasa?

Gostou do artigo? Quer falar mais sobre alteridade? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar.

Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/

Confira também: O que não nos contaram sobre a Mulher-Maravilha

 

Liz Cunha Author
Liz Cunha é Profissional de Eneagrama, acreditada pela International Enneagram Association, dos Estados Unidos e associada da Awareness to Action, desenvolvendo o Programa Personalities@Work no Brasil. Graduada em Administração com Habilitação em Comércio Exterior. MBAs nas áreas de Gestão de Comércio Exterior, Negociação Internacional e Marketing – pela Fundação Getúlio Vargas. Master Oficial em Administração e Direção de Empresas pela Universidad Pablo de Olavide (Espanha). Possui formações em Personal & Professional Coaching, Executive Coaching e Xtreme Positive Life Coaching, Psicologia Reichiana. Certificações internacionais em Eneagrama Profissional, Liderança e Coaching. Atualmente cursa a Especialização em Biografia Humana. Há mais de uma década estudando o SER humano e em busca do próprio autoconhecimento. Hoje atua como Coach, ministra palestras e workshops voltadas ao desenvolvimento e constante evolução do ser humano.
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