fbpx

A liderança radical no mundo VUCA!

A decadência dos princípios tradicionais de liderança, em que há comando e controle, trazendo para seu lugar um ambiente diferente, a exigir novas e mais abrangentes competências.

Amigos, dando continuidade na nossa abordagem sobre a realidade VUCA com que convivemos, tanto no âmbito das organizações públicas como privadas, um dos impactos mais nítidos está na decadência dos princípios tradicionais de liderança, em que há comando e controle, trazendo para seu lugar um ambiente diferente, a exigir novas e mais abrangentes competências. Sunnie Giles, uma pesquisadora americana especialista na aplicação de conceitos da neurociência, sistemas complexos e mecânica quântica, desenvolve um trabalho que pretende ajudar os líderes a produzirem inovações radicais no ambiente VUCA.

Em seu recente livro chamado The Science of Radical Innovation, lançado em Agosto de 2018 (ISBN 978-1-94688-502-9), ela afirma que as empresas precisam lutar por inovações radicais e uma nova dinâmica. Os líderes de organizações bem-sucedidas precisam aproveitar as complexidades que existem para conquistar um conceito inovador, o qual moldará teorias e práticas futuras. As empresas que não se adaptarem ao ambiente VUCA podem se tornar irrelevantes, rapidamente. Os líderes devem dominar o autogerenciamento, o que possibilitará segurança aos liderados, a partir de uma forma de conexão ágil e objetiva.

A arena de negócios de hoje está passando por uma transformação revolucionária, equivalente em impacto à Revolução Industrial (voltaremos a este assunto ao tratar de empresas 4.0). Enquanto a maioria das empresas tradicionais ainda é construída para a economia do velho mundo, onde as variáveis ​​podem ser medidas, previstas e controladas, as empresas que entendem o mundo VUCA entram no mercado com nova abordagem. Elas lutam por práticas revolucionárias que tragam avanços e ganhos financeiros, ampliando presença no mercado e reputação junto aos stakeholders.

Na mesma linha, Ron Holiefield desenvolve uma abordagem interessante sobre o que ele chamou de 4ª Dimensão na Cultura da Liderança, associando-a ao mundo VUCA. No livro 4th Dimension Leadership: a Radical Strategy for Creating an Authentic Servant Leadership Culture, lançado em 2017 (ISBN 978-1-63492-037-7), ele comenta que essa 4ª Dimensão de Liderança cria uma cultura que reconhece sua importância em todos os níveis da organização. Intencionalmente, essa cultura desenvolverá futuros líderes em todos os níveis, desde o momento em que entram nessa organização. Todo colaborador é um potencial líder a ser desenvolvido, ainda que em contexto empresarial (e de responsabilidades) diferente.

Para o autor, prosperar em um mundo VUCA exige um estilo radical de liderança que, constantemente, inova enquanto dirige com agilidade e tem rápida adaptação a mudanças. Tudo precisa ocorrer dentro de um ambiente colaborativo de confiança, que valoriza e alimenta relacionamentos saudáveis para que toda a equipe possa acompanhar o ritmo. Descrever isso como “radical” captura a tensão construtiva da palavra “radical” em si, pois em latim radicalis significa raízes (no sentido de pensamentos fundamentais). E com bastante inspiração, Holiefield avança nessa concepção de liderança radical e o mundo VUCA.

Em um ambiente onde é natural haver alta ansiedade pelos resultados, a liderança radical oferece um sistema diferente de valores, em que o principal estará em recrutar, avaliar e desenvolver novos líderes inovadores, colaborativos e autênticos. Holiefield também descreve o “ponto de foco” para haver uma liderança radical, que está na construção de relacionamentos saudáveis. Porém, o mundo VUCA também requer que todos andem na vanguarda da dinâmica de mudanças gerando assim um paradoxo, pois esses dois valores competem entre si.

Holiefield usa a metáfora das cordas de um violão, em que a música só pode ser tocada quando há tensão construtiva entre dois pontos (cavalete e a tarracha), ou seja, a liderança radical reside na tensão construtiva entre os dois polos: relacionamentos saudáveis ​​e mudança dinâmica. Continuando, doze são as principais características da liderança radical no mundo VUCA, as quais fornecem uma equação interessante para manter em bom nível a tensão construtiva (relacionamentos saudáveis ​​e mudanças dinâmicas), quais sejam:

  1. Escuta ativa: saber entender o que está por detrás das palavras e dos sentimentos das pessoas;
  2. Empatia: envolver-se abertamente para entender melhor as perspectivas dos demais do grupo;
  3. Conciliação: promover integridade e transformação para ajudar as pessoas a se tornarem melhores, sabendo reconhecer que palavras apoiam ou destroem, mas raramente são neutras;
  4. Consciência: construir a consciência coletiva para todos agirem de acordo com o que assumem ser a coisa certa a fazer, quando a oportunidade cobrar uma ação;
  5. Persuasão: criar nos outros o compromisso com a causa, ao invés de forçar o mero cumprimento de responsabilidades por meio da autoridade posicional;
  6. Conceitualização: projetar e comunicar a visão de futuro da organização em linguagem clara, para que os outros possam entender, abraçar a causa e trabalhar para tornar essa visão uma realidade;
  7. Previsão: saber reconhecer a realidade do passado e, avaliando a realidade do presente, conseguir projetar cenários de futuro, respeitando volatilidade, incertezas, complexidade e ambiguidades;
  8. Gestão: saber compreender as implicações das decisões que são tomadas, bem como o impacto que elas têm no objetivo maior da organização, tanto no curto como no médio prazos;
  9. Crescimento: desenvolver a equipe em todos os níveis, ajudando-a a atingir seu potencial máximo;
  10. Comunidade: promover forte senso de envolvimento e comprometimento compartilhado com a equipe como um todo, ao tempo em que consolida a cultura dessa chamada liderança radical;
  11. Chamamento: reconhecer que sempre se trabalha em direção a algo que é maior e mais importante do que o grupo ou qualquer indivíduo, gerando a disposição de um sacrifício individual pelo bem maior;
  12. Feedback: usar de elogios como reconhecimento, ao encorajar o espírito daqueles que trabalham para tornar realidade a visão futura, e ajudá-los a entender o seu papel para o bem maior da empresa.

Finalizando, você que é coach ou mentor, como se vê em seu cotidiano antes e depois de conhecer o mundo VUCA? Continua na mesma ou já está se aprimorando a essa nova demanda? Holiefield acrescenta um comentário, em seu livro, com frase atribuída a Max Lucado (escritor americano recordista de vendas e conhecido por suas frases de efeito): Tudo isso não é sobre mim, nem é sobre agora… Essa é a forma certa de pensar em um mundo VUCA. E a você leitor, deixo a sugestão de refletir sobre o “seu” mundo VUCA.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa