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A crescente cobrança por integridade e ética

Cabe a cada profissional contribuir para que a sociedade seja cada vez melhor em todos os aspectos morais, éticos, de integridade e honestidade, em todos os níveis.

O sítio The Balance Careers é parte de um conjunto de plataformas cobrindo finanças pessoais, carreiras e abordagens do interesse de pequenas empresas. Seus mais de 24 milhões de visitantes mensais acessam diferentes serviços, produtos e postagens enviadas por especialistas qualificados e com conhecimentos em temáticas ligadas à gestão e negócios. Há três meses, o site publicou um artigo da autoria de Susan Heathfield, consultora de desenvolvimento gerencial e organizacional especializada em questões de recursos humanos. Ela também aparece com postagens em publicações como The Wall Street Journal, The Washington Post e The New York Times.

O texto tratava sobre “ética e integridade” das pessoas, ainda mais no ambiente de trabalho. Susan propôs o seguinte exercício: Assumindo que você é uma pessoa íntegra e que traz seus mais altos padrões de ética para o seu local de trabalho todos os dias, como será que, depois de ler estes comentários, você avaliará seu pensamento a respeito? Afinal, segundo Susan, apesar de centenas de páginas de políticas, códigos de ética, códigos de conduta, valores organizacionais e ambientes de trabalho e culturas cuidadosamente definidos, lapsos na ética ocorrem todos os dias.

Os lapsos na ética e na integridade, ocorridos no local de trabalho, costumam estar associados a comportamentos inapropriados dos executivos tais como: negociação com base em informações privilegiadas, fraude em prestação de conta de despesas, assédio sexual e, muito frequente, ao ocultar situações com conflitos de interesses. Porém, não é necessário se chegar a extremos para encontrar desvios éticos que impactaram o ambiente de trabalho. Por exemplo, um bem-sucedido CEO da Hewlett-Packard, chamado Mark Hurd (*), renunciou ao ser acusado de violar os padrões de conduta da empresa, em 2010. A acusação foi a de não revelar relacionamentos pessoais que, na visão dos acionistas, constituíam conflito de interesses para o cargo que ocupava.

Em seu artigo, Susan sugere que as políticas de ética e integridade existem com frequência porque há alguns empregados não confiáveis. Consequentemente, os empregadores limitaram a liberdade gerencial e a tomada de decisões sobre situações individuais e instituíram políticas para governar muitos. Ou seja, a falha de alguns poucos em praticar a tomada de decisões éticas no local de trabalho, infelizmente, acaba resultando em políticas restritivas que cobrem todos os funcionários.

No local de trabalho, as possíveis acusações de tratamento injusto, discriminação, favoritismo e ambiente hostil acabam influenciando a forma de conduzir uma ação gerencial e a tomada de decisão. Muitos sofrem pelos poucos e, às vezes, os melhores empregados ficam presos na armadilha da “igualdade injusta de tratamento”. Na melhor das hipóteses, as políticas de folga e abono de faltas, para usar apenas um exemplo, exigem tempo e energia das empresas, a partir de pessoas dedicadas a documentar créditos e débitos nas horas trabalhadas efetivamente.

Certamente, cada desvio em integridade ou em ética no local de trabalho, na perspectiva daquela pessoa que busca respeitar valores e preservar sua imagem perante o grupo, acaba tendo uma representação simbólica diferente do que ocorre em relação àqueles que pouca importância darão ao assunto. Você pode nunca ter pensado em algumas ações como problemas de comportamento ético, mas muitas podem ser e é necessário que todos assim entendam (pela visão negativa).

Quais são os sinais para uma ação ser considerada como desvio ético, falta de integridade ou mesmo respeito com os colegas? Muitos inventam desculpas e até apresentam razões para tentar iludir a sua consciência, buscando convencer que aquele lapso ético não tem problema. Selecionei dez exemplos de uma lista que a autora preparou como exemplos de ações que parecem bobas e sem impacto, mas que na realidade mostram uma total desconsideração para com os colegas:

  1. No banheiro da empresa, você usa o último rolo de papel higiênico ou o último pedaço de toalha de papel. Sem pensar nos colegas, você volta ao trabalho normalmente e não avisa a manutenção.
  2. Como está um dia bonito, você decide ir à praia ou se propõe a fazer compras. E então, ato contínuo, liga para a empresa dando uma desculpa para faltar ao trabalho.
  3. Você não esconde um caso amoroso com colega de trabalho e assume que os assuntos pessoais são da sua conta. Desleixa então para os impactos que podem ocorrer no ambiente de trabalho.
  4. Você coloca a xícara suja de café na pia do refeitório da empresa. Olha rapidamente em volta, não vê qualquer colega que tenha percebido, e sai rapidamente sem lavar a xícara.
  5. Sua empresa patrocina eventos e almoços. Você se inscreve para participar e deixa de comparecer. Para livrar a cara, afirma que a inscrição era para outra pessoa que furou a presença.
  6. Você ilude os clientes em potencial de que tem cargo maior do que é real. Quando eles procuram por você para efetivar a promessa da venda, você ignora e diz que eles entenderam errado.
  7. Você trabalha em um restaurante onde as gorjetas da equipe de atendimento são compartilhadas igualmente, mas antes de depositar no local determinado, retém uma parte das gorjetas para si.
  8. Você pega material de escritório do trabalho para usar em casa porque se dedica ao trabalho da empresa em casa (ou porque merece pelas horas extras trabalhadas na semana).
  9. Você desperdiça tempo usando seu computador de trabalho para compras, verificar resultados esportivos, fazer transações online e navegar pelas manchetes das notícias e opiniões políticas.
  10. Você assume como seu o trabalho de um subordinado ou deixa de dar crédito público à contribuição de um colega com o qual deve compartilhar resultados (assume-se dono de resultados).

Certamente, um texto originalmente voltado ao mercado americano tem bases diferentes quando aplicado ao contexto brasileiro, como faço agora. Mas os princípios éticos e de integridade não podem permitir interpretações “ao gosto do freguês”. É fundamental entender que o mundo VUCA está altamente interconectado para as pessoas físicas e jurídicas. Hoje, qualquer falha ética ou de integridade de alguém será imediatamente percebida e expandida pelas redes sociais.

Cabe a cada profissional contribuir para que a sociedade seja cada vez melhor em todos os aspectos morais, éticos, de integridade e honestidade, em todos os níveis. Converse sempre sobre isso com os clientes e mantenha o assunto em alta. A sociedade atual agradece e a geração futura também!

(*) Atualmente, Mark Hurd é o CEO da Oracle Corporation.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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